gym coach - clarena

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CLARA

Acordei de manhã e já fui tomar meu banho, Theo como sempre já saiu, ou talvez nem chegou em casa, mas não me incomodo.

Faço ovos mexidos para mim e deixo algumas torradas para Rafa quando quiser. Pego minha garrafa de água e já vou para a academia.

Hoje acordei mais animada, talvez tenha sido a conversa com Helena ou apenas acordei de bom humor.

- Uau, bom dia - Helena diz assim que a porta da academia abre.

- Bom dia - Eu respondo.

- Que cara boa é essa? - Ela pergunta.

- Cara boa? Estou normal, talvez só tenha acordado de bom humor - Ela sorri.

- Que bom saber, pronta para começar? - Ela pergunta.

- Pronta!

Começamos com o de sempre, o alongamento, que parece me cansar mais que o próprio treino.

O treino ocorre com o planejado e vejo que já tenho mais facilidade que eu tinha antes para executar os exercícios.

- Muito bom, Clara - Helena elogia.

- Obrigada, consigo ver que esta bem mais fácil do que era antes.

- Que bom, sabia que ia se acostumar - Ela diz.

- Estou me sentindo muito mais confiante em relação a tudo - Eu digo.

- Que bom ouvir isso.

- Sabe a única coisa que eu não fiz ainda? - Eu digo, Helena está mexendo no tablet mas pergunta sobre o que estava falando - Nunca fiquei com uma mulher.

Não sei como tiro coragem para dizer isso e ela me olha surpresa. Já me arrependo de abrir minha boca.

- Clara? - Ela diz - Olha, não é só porque gosto de mulher que estou disponível - Me condeno por ter falado o que falei e quero voltar no tempo - Somos amigas mas apenas isso.

- Ai, que vergonha - Eu digo - Eu sei, não sei porque falei isso, acho que com tudo isso acontecendo eu acabei ficando confiante demais.

- Não tem problema, sei que não foi por mal - Ela diz - Só não quero ser uma experiência que talvez você nem goste.

- Duvido que eu não gostaria - Eu digo e vejo que ela fica surpresa novamente - Eu não falei isso no sentido de você só ser uma experiência, Helena.

- Helena, tudo bem? - Antes que ela consiga responder, uma outra mulher chega.

- Paula, oi - As duas se abraçam e tento esconder meu incômodo.

- Desculpa incomodar, mas podemos começar? - Ela pergunta.

- Claro! - Ela responde - Desculpa, Clara, depois continuamos.

- Tudo bem.

Sai da academia e se falar que não fiquei incomodada pela aproximação de Helena com essa mulher, estaria mentindo.

Chego em casa e agradeço por estar sozinha e Rafael estar saindo mais de casa, tomo meu banho como sempre e faço meu almoço.

Penso sobre o que falei com Helena e desde que tomei coragem para me impor para Theo, não sinto a mesma coisa por ele igual sentia antes.

Eu deixava ele fazer o que quiser comigo porque eu o amava, mas agora eu não sei se o amo como antes.

Nosso casamento foi algo forçado mas ao longo do tempo fomos gostando um do outro. Pelo menos minha parte foi assim, mas duvido hoje em dia que Theo sentia o mesmo.

Agora ele tem direito sobre minha empresa e não sei o que fazer sobre, se eu peço um divórcio, posso pedir que ele saia e tenho certeza que não seria tão simples assim.

Meus pensamentos são interrompidos quando meu celular toca, já havia comido e era 15h da tarde, nem vi isso tempo passar.

"Helena" está escrito na tela do celular, pego e penso porque está ligando esse horário, será que esqueci algo na acadêmia?

- Alô? - Eu atendo.

- Clara, oi - Ela diz - Desculpa ligar essa hora, espero não estar atrapalhando.

- Tudo bem - Mesmo não estando fazendo nada, eu respondo de uma maneira que ela não sabe se atrapalhou ou não. E obviamente não atrapalhou.

- Então... - Ela diz - Queria saber se quer sair comigo hoje a noite - Ela diz e me surpreendo pelo convite - Quer dizer, não um encontro, mas um passeio sabe, queria conversar sobre hoje - Ela continua - Mas só se quiser, talvez você falou da boca para fora mas confesso que não parei de pensar nisso - Helena começa a falar rápido - Pensei só agora, no caso, e decidi ligar, mas ta tudo bem se achar que - Antes que ela continue, eu falo.

- Helena, calma - Eu digo com uma risadinha - Eu aceito sim, não falei da boca para fora - Confesso.

- Ah, sim, legal, que bom - Ela diz - As 19h? Passo para te buscar.

- Combinado - Eu digo e desligo o celular.

Não acredito no que acabei de ouvir, Helena me chamando para sair, eu fingi de durona e confiante pelo telefone mas estou surtando por dentro.

O que será que ela vai falar? Me deu um fora na academia mas ia falar algo antes da mulher chegar.

Aproveito para dar um limpa na cozinha e quando vejo são 17h. Vou em direção ao banheiro, tomo meu banho, seco o cabelo e as 18:30 começo a escolher minha roupa.

Estou um pouco em cima da hora mas me visto rápido, não foi difícil já que comprei um vestido de mangas longas, preto, na altura dos joelhos com um decote em V. Coloco salto alto também preto.

Não sei onde vai me levar mas prefiro estar mais arrumada do que menos. Passo um corretivo, máscara de cílios, perfume, nada demais.

A campanhia toca no momento em que fecho o batom, pego minha bolsa e vou andando até a porta.

Quando abro vejo Helena do outro lado, usando uma calça de alfaiataria cinza, com um blusa básica branca e por cima um blazer da mesma cor da calça.

Na hora a única coisa que consigo pensar é em como ela está linda. Seu cabelo completamente solto e percebo que nunca víamos uma a outra fora da academia com frequência.

- Clara - Ela diz e acordo do transe - Uau, você está linda.

- Helena, obrigada - Eu digo - Você também está linda.

Ficamos alguns segundos nos olhando e quando acordo, apago a luz da sala e então nos comprimentamos com um abraço.

Seu cheiro chega ao meu nariz e nossa, que mulher cheirosa.

- Vamos? - Ela diz - Vim de carro.

- Posso saber onde vamos?

- Surpresa - O elevador chega e começamos a descer para o térreo.

- Ah, não vale - Eu digo.

- Você vai gostar, eu espero.

Andamos até o carro e como não sei qual é, deixo ela ir na frente.

- Por favor - Ela diz e abre a porta da porshe vermelha.

- Obrigada - Eu entro e espero ela entrar em seguida. Não disse nada sobre o carro, mas não sabia que educação física dava tanto dinheiro assim.

- Então bora - Ela liga o carro e partimos.

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CONTINUA