Ibrahimovic - Socorro pt2

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Personagem Principal: Kalina Ibrahimovic - 18 anos
Pai: Zlatan Ibrahimovic
Mãe: Hana Bozic (fisioterapeuta)

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-A partir deste capítulo eu vou mostrar a Kalina lidando com alguns dos efeitos do abuso narcista-


-Kalina, já faz uma semana que você chegou, não quer sair um pouco de casa? 

-Não, eu acho que ainda é melhor eu ficar em casa - falei me ajeitando no sofá 

-Desde quando isso vem acontecendo entre você e a sua mãe? - ele perguntou se sentando ao meu lado

-Eu acho que desde sempre - falei o olhando - Mas  eu sinto como se esse problema fosse invisível, porque... - suspirei antes de falar - Parece que quando a mulher se torna mãe ela vira automaticamente uma santa e não é bem assim, pelo menos não com a minha.

-A Hana nunca me aparentou ser agressiva, eu ainda estou chocado com tudo isso.

-Pai, por dezoito anos ela me fez acreditar que eu tinha problema, que eu era louca, ela sempre me fez duvidar da minha versão da realidade, isso gerou em mim uma desconfiança de mim mesma enorme, ou seja, eu ainda estou me questionando para saber se vir aqui foi a coisa certa a se fazer. 

-Filha, é claro que você fez certo! - meu pai disse pegando na minha mão - Você jamais deve ficar em um ambiente onde você é agredida de qualquer forma. Você é maravilhosa, Kalina! Não pense o contrario nunca.

-Eu me sinto tão errada, tão nociva... Eu cresci ouvindo que a minha mãe era maravilhosa, bondosa e quando esse tipo de coisa acontecia em casa, eu só podia acreditar que o grande problema era eu. Por mais que escondido eu venha estudando sobre o narcisismo e suas características eu ainda sinto que bem dentro de mim há alguma coisa profundamente errada.

-Talvez tenhamos que procurar um terapeuta, o  que acha? - meu pai perguntou 

-Não precisa - falei assustada - Eu cuido disso sozinha, eu dou conta!  

-Kalina - ele chamou pegando a minha mão - Pelo menos fala pra mim, o que você tá sentindo? 

-Eu to sentindo... - pensei e não encontrei muito bem o que dizer - É algo tão estranho, é como se ficasse algo preso na minha garganta, me da um princípio de dor de cabeça, meu coração acelera, eu não sei explicar.

-Tristeza? Raiva? - ele tentou me ajudar

-Eu não sei dizer - falei honesta - É totalmente estranho! Eu reconheço o sentimento de culpa e vergonha, mas esse que estou sentindo, eu  não sei explicar. Eu tenho a sensação de que tem como se fosse uma parede de vidro entre eu e qualquer coisa aqui, até mesmo você, eu vejo mundo, vejo você mas... - pensei em como poderia explicar sem parecer louca - Parece que o mundo não é real ou que eu não estou aqui, quase como se eu fosse um fantasma vivendo em um corpo que não me pertence. Você também tem essa sensação? 

-Não filha, eu  não me sinto assim - ele disse me olhando preocupado - Você se sente apática então? 

-Apatia pelas pessoas? - perguntei

-Não, pela vida! - ele disse rápido

Então parei para pensar naquilo com mais calma, eu nunca tinha levantado essa questão, eu não tinha qualquer emoção pela vida? Então nesse momento percorri um pouco a minha memória e percebi que eu tinha algumas emoções sobre algumas situações da vida, mas também percebi que elas vinham com um certo atraso como um ou dois dias depois do acontecido. Era quase como se meu próprio eu tivesse sido retirado de mim, eu me sentia uma casca vazia, sem rumo, sem sonho, sem perspectiva e sem futuro. Quando digo sem futuro é porque eu não consigo me imaginar velha, com uns 70 ou 80 anos é como se eu chegasse ao dia de amanhã já era lucro e ao perceber isso, olhei para o meu pai assustada e respondi a sua pergunta.

-Eu acho que é isso mesmo, tenho apatia pela vida! Um vazio, uma sensação que me roubaram de mim.

-Filha, vem! - ele disse levantando do sofá - O que gosta de fazer? 

-Não sei, eu gosto de qualquer coisa - falei 

-Mas deve ter algo que você goste mais, fala para mim e vamos fazer juntos.

Eu pensei, pensei e vi que não tinha algo em especial que eu gostasse.

-Eu realmente gosto de tudo - falei o olhando

-Já que gosta de tudo, o que acha de passarmos o dia vendo a natureza? 

-Parece uma boa ideia - o olhei e sorri - Podemos ir!

Fomos nos arrumar para o passeio ao ar livre e saímos junto a uma bolsa termica cheia de comidas, meu pai me levou até o Parco Nord Milano. Estava calmo, o vento batia nas árvores e fazia um barulho relaxante o Sol estava deliciosamente perfeito e confortável, nos sentamos no chão em cima da toalha que meu pai levou e então começamos  a comer algumas coisas ali, os passaros cantavam e faziam uma melodia casada perfeita com o vento e as árvores.

-Esse lugar me deixa bem - falei o olhando 

-A mim também - ele sorriu - Sempre venho aqui quando sinto que estou desconectado de mim, da minha essência.

Nos encostamos em uma árvore e olhamos o céu e então meu pai falou.

-O que acha daquele nuvem? - ele disse apontando

-Parece um carro - falei

-Jura? - ele disse olhando para a mesma com mais atenção - Eu jurava que era um cavalo.

Eu ri 

-Não, tenho certeza de que é um carro, olha ali as rodas.

Ele ficou um tempo olhando e depois disse 

-É... Pode ser, agora só consigo ver um carro - ele riu

-Aquele lá parece um martelo - falei indicando outra

-Verdade, a gente pode pensar que aquela outra é um prego - ele falou indicando outra

-Nossa, não! Nada a ver - ri alto 

-O que? Olha direito - ele disse rindo junto comigo 

E ficamos ali o dia todo, me senti tão bem, tão em paz como nunca na minha vida eu havia me sentido antes e por um dia eu acreditei pela primeira vez que eu poderia superar.

Esse capítulo possui conteúdo de abuso narcisista. O efeito citado nesse capítulo foi Dificuldade de sentir as próprias emoções, onde a Kalina não sabia o que era raiva e por isso sentia um vazio dentro de si, porque a raiva também faz parte do nosso funcionamento normal. 

MAIS UM PEDIDO CONCLUÍDO COM SUCESSO

Imagine - Filha de JogadorOnde histórias criam vida. Descubra agora