Alexandria

136 9 0
                                    

O grandioso e resistente portão de Alexandria, depois de semanas, enfim foi aberto. Aaron, um dos moradores da comunidade, que embarcou numa busca além dos nossos muros para encontrar e resgatar possíveis novos moradores estava, agora, de volta e perante nossos olhos. Mas não estava sozinho... atrás de si havia um grupo razoavelmente populoso, com mulheres, homens, um bebê de colo e um garotinho de mais ou menos 12 anos de idade, aparentemente.

A rua atrás do grupo estava vazia, com apenas alguns carros abandonados pelas proximidades. A floresta ao redor da estrada estava preservada, como se há anos fosse intocada. O verde da vegetação era vibrante, como se não houvesse uma espécie de maldição assolando o planeta. O mundo estava mais cheio de vida do que nunca...até dos que já morreram.

Era por volta das 10:00 da manhã quando o estrondo do portão abrindo se fez presente e toda a comunidade se reuniu nas ruas para observar a possível novidade. Agora, perante todos, Aaron sorria satisfeito, enquanto o grupo atrás dele apontava armas em nossa direção. Todos na defensiva, prontos para atacar. Estávamos desarmados. Na verdade, nunca usamos armas aqui dentro. Deanna, uma senhora loira e baixinha que comanda este lugar desde sempre, diz que armas corroem a essência de lar. Por isso, nenhum morador é permitido usar armas, e se, em uma busca por suprimentos achar alguma, deve ser entregue para o arsenal que fica no porão de uma casa no final da rua.

Percorri o olhar por cada feição desconfiada do grupo. A aparência descuidada de cada um ali entregava que estavam há muito tempo lutando para sobreviver, tanto ao ponto de higiene básica ficar em último plano. Todos estavam lado a lado, formando um paredão. Os observando, notei um asiático e uma moça bonita que, ao seu lado, segurava sua mão. Ao lado do suposto casal, uma mulher negra com dreads e com uma katana empunhada olhava com o cenho franzido para todos nós. Ao lado dela, uma senhora de meia idade com os cabelos curtos e grisalhos aparentava estar calma, mas sua pistola apontava diretamente para o rosto de Deanna, que estava à nossa frente. O garotinho, que segurava o bebê, usava um chapéu de xerife em sua cabeça e, com os olhos cerrados em desconfiança, nos fitava ameaçador. O bebê estava comicamente alheio à situação pois estava ocupado demais brincando com o queixo do garoto que o carregava. Tinha muita gente. Havia um homem que aparentava ser o líder, pois todos pareciam esperar por alguma atitude ou comando do mesmo. Haviam várias outras pessoas junto a eles, mas não pude deixar de reparar em um homem que portava uma besta, assim que meus olhos passaram por ele. Tendo em vista que estava em posição de mira, seu rosto estava um pouco escondido atrás da arma, além do seu cabelo ser um pouco longo e a franja dificultar a visão plena de sua feição. Parecia ser o mais carrancudo entre todos, mas era de uma beleza facilmente atrativa. A calça jeans surrada e uma jaqueta de couro por baixo de uma camisa preta qualquer o deixavam, de alguma forma, estiloso. Parecia ser do tipo durão.

Antes de Aaron dar o primeiro passo para enfim estar entre os muros de Alexandria e, assim, o grupo acompanhá-lo, o homem alto que estava com a barba por fazer e aparentemente era o líder do grupo tomou as rédeas da situação e se pronunciou.

— Olá — com uma voz grossa e durante passos cautelosos que não atravessaram portão à dentro, o homem falou — eu sou Rick Grimes.

A nossa líder estava calada, mas seus olhos se estreitaram com o indício de um sorriso. Com sua usual tranquilidade, Deanna se prontificou a caminhar alguns passos à frente. Toda a comunidade assistia a pequena interação com ansiedade e cochichos.

— Olá, Rick Grimes. Eu sou Deanna, a líder desse lugar — com a mesma elegância e educação de sempre, a mais velha falou.

— Receio que seja necessário entregarem as armas — Aiden, o detestável filho da líder Deanna falou com desdém. Seu ar convencido e condicionado a maldade me enjoava. Não conseguia ficar muito tempo perto dele, principalmente quando era importunada.

Entre Mundos | Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora