Capítulo 4

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Os fios grisalhos de Larissa voavam a cada movimento que a mulher fazia em posse de uma espada feita com ossos humanos ao partir a criatura sombria ao meio e perceber que nada acontecia, nem quando usava de sua magia contra a mesma.

A mulher de intensos olhos azuis, não conseguia entender como matar algo que, aparentemente, não morria. Então respirou fundo e no exato momento em que a sombra densa e palpável voou em sua direção. Larissa fechou os olhos e ouviu vento ser cortado e a criatura se aproxima, e foi como se algo poderoso e insaciável a possuísse, pois no momento em que seus olhos se abriram, estavam brilhantes e a espada com um intenso brilho azulado, trazido pelas chamas azuis que exalavam da mesma.

O corte preciso e veloz, fez Larissa se mover muito mais rápido do que o próprio vento, mas para ela, foi como se estivesse em câmera lenta o suficiente para que visse por baixo de toda a densidade escura, um demônio bem diferente do que imaginava ver.

Larissa ergueu a espada e viu quando a mesma partiu o monstro ao meio e sem retorno a sua formação original.

No Paraíso, Norphic batia suas asas em pleno céu e sobre os jardins, mas parou bruscamente ao ver um raio de luz azul sendo formado entre a entrada do lugar e o trono do soberano. Raio esse que havia se apagado com a morte do mesmo, então voou o mais rápido que suas asas permitiam e assim que chegou, percebeu que o trono vazio brilhava, como se alguém estivesse usando sua magia.

- O que? - olha surpresa para o enorme assento dourado e com traços em branco e azul - Não é possível!

O raio aumentava seu diâmetro a cada segundo, tornando quase impossível que os olhos conseguissem manter contato e Norphic sentia isso, e desviou com passos para trás e elevando as mãos para bloquear a imensa luz.

O anjo da morte acelerou, mas não foi rápida o suficiente e assim que virou para bater suas asas, o raio branco e azulado tocou nas pontas da mesma, e a descarga elétrica que que percorreu o corpo de Mortícia foi tão forte que a paralisou, enquanto o mesmo a tomava e tornava suas asas negras em brancas.

A dor da transformação não existiu e a única coisa que Norphic viu, foi sua alma saindo de dentro de Mortícia e a matriarca de braços abertos e flutuando.

Norphic e Mortícia estavam sendo separadas e, pela primeira vez, estavam olhando uma nos olhos da outra e a emoção era tanta, que Mortícia, mesmo com a dor de sentir uma parte de si sendo rasgada, sorriu ao ver a mulher de longos cabelos castanhos escuros, pele branca, olhos verdes, alta, magra, rosto fino e enormes asas brancas como nuvem, enquanto Norphic via uma mulher de intensos olhos castanhos, cabelo negro e longo, vestido preto, rosto com traços fortes e asas negras como a noite, que eram controladas por Mortícia e não mais por ela.

Narthic surgiu o santuário do soberano e assim que atravessou a voo o imenso portão, viu sua irmã e Mortícia olhando uma para a outra, e a emoção a tomou em saber que Norphic estava com suas asas novamente, significando que ela havia recebido o perdão do soberano e voltasse a ser um anjo da morte, assim como ela.

Norphic virou em direção a porta, vendo Narthic e voou o mais rápido que conseguia, pois, não via o momento de abraçar sua irmã novamente.

Ambas se encontraram e foi tão emocionante, que Mortícia sentiu uma lágrima escorrendo de seus olhos ao ver os dois anjos juntos. A matriarca não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que agora ela não possuía mais os poderes de Norphic em seu corpo, mas, por alguma razão, ela possuía asas e podia voar como um anjo.

Norphic e Narthic choraram a alegria de estarem juntas mais uma vez, e assim que se afastaram, olharam uma para a outra e Norphic, a ex-rainha do submundo, disse:

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