Nevermore

Capítulo 11

A respiração calma se somava ao som das folhas dos livros que se abriam e fechavam, criavam mais uma história e não contavam o final, pois ele não existia, e enquanto isso, a mesma mulher a ver o sofrimento da Rainha vermelha após a perda de uma pessoa importante em sua vida, agora olhava para escrituras e ilustrações de Wandinha Addams e Mortícia Addams diante de pessoas que não deveriam estar ocupando o mesmo mundo: O Mundo dos Humanos.

Os passos seguem pelos corredores com livros que se abriam e fechavam aos montes e emitindo sons de impacto devido a força que suas folhas se uniam, mas Renata, a guardiã do único mundo a lidar com todos os outros, seguia seu caminho com calma e sem pressa, passando por lugares belos e mágicos, até chegar em um imenso salão de paredes brancas, janelas enorme e sem nada que protegesse o interior, pois o vento entrava e trazia a brisa das águas ao sentar na varanda e levar as mãos a uma xícara de chá.

- Preciso saber quando? - pergunta para alguém, mesmo ela estando completamente sozinha e levando o líquido aos lábios.

- Posso lhe deixar sair viva. 

Uma voz grave, fria e sem emoção, ecoa entre as paredes, fazendo Renata sorrir ao reconhecer e saber que as páginas nunca mentem sobre o passado, presente e futuro, independentemente de qual reino elas estejam transcrevendo a história em seus detalhados fatos.

- Como você está conseguindo tanto poder, Crackstone?

Os olhos castanho e misteriosos, encontram pela primeira vez, os olhos assustadores e as roupas velhas de um homem alto, mas que cheirava a morte e medo, e que se aproximava, demonstrando que não estava com medo de conseguir invadir o único reino intocável dos 99 outros reinos existentes no mundo.

Renata se manteve segurando sua xícara com chá, vestido longo e verde, mais seus fios estavam soltos, mostrando que eram acima dos ombros e volumosos, seus traços fortes, ganhavam ainda mais força ao ficarem de frente com a claridade trazida pelos raios de sol, enquanto o homem continuava se aproximando e exalando um forte cheiro.

- Estou seguindo o que meu irmão não conseguiu.

- Isso eu sei. - coloca a xícara sobre um criado mudo mais claro que as nuvens - Eu quero saber como você está conseguindo isso? - o olha e cruza os braços.

- Não posso contar, Rainha.

- Então o que faz aqui? - demonstra não ter medo.

- Vim matá-la.- sorri.

- Você sabe que não é algo tão fácil, não sabe?

- Mas não custa tentar!

Renata respirou fundo, levando suas mãos à mesma xícara com chá deixada de lado, e nesse momento, ela conseguia ver a passagem de sua vida diante do espelho refletido no líquido, mais parou ao erguer uma das mãos e segurar Crackstone pelo pescoço e o erguer do chão, como se ele não fosse nada.

- Você pode controlar e assustar aos 99 reinos, mais aqui, você não tem nenhum poder, Crasckstone!

O homem tentava emitir alguma magia contra a mulher à sua frente, mais, por alguma razão, ela não exalava e tão pouco se materializa em seu corpo, fazendo ele se torna um ser humano comum e indefeso, muito diferente da grande ameaça que preocupava muitas Rainhas e Reis.

Renata o lançou para o outro lado da imensa sala branca, fazendo o homem alto e forte, rosto assustador e roupas desgastadas, abrir um pequeno buraco na parede e cair de joelhos no chão, erguer o olhar e fazê-la sentir a fúria crescer dentro de seus olhos.

- Saia do meu Reino! - avisa a mulher, estufando o peito e olhando-o no fundo dos olhos - Saia por onde você entrou.

- Eu vou desarmar você, Rainha dos 100 reinos - se ergue, vendo-a sorrir - Eu vou! E quando esse dia chegar, você saberá quem é o mais poderoso de todos!

- Esperarei por esse dia, Crackstone.

Crackstone sumiu após ser envolvido por uma densa fumaça negra, transformando-se em sombra densa e atravessando uma das imensas janelas do palácio da Rainha dos 100 Reinos, deixando a mulher com um olhar preocupado e buscando entender como ele havia conseguido entrar em sua fortaleza impenetrável.

Renata ficou parada por longos segundos, mais depois voltou para o mesmo lugar de antes, começando a caminhar pelas enormes vielas tomadas por livros e mais livros, chegando em frente ao exemplar de Crackstone, mas percebendo que as folhas continuavam esbranquiçadas e vazias, como se ele não estivesse criando sua própria vida, mas vivendo como um fantasma em todos os mundos.

- Desgraçado! - fala firme enquanto fecha o livro com raiva e o lança em direção ao chão - Como??

Os milhares ou trilhares de livros, continuavam se abrindo e fechando, e isso causou a raiva da Rainha, que apenas gritou para que eles parassem de emitirem som, e como em um estalar de dedos, o silêncio reinou soberano entre ela, e todas as histórias pararam de serem escritas e ilustradas, causando uma pausa no espaço tempo e mudando a vida de todos que existiam nos 99 reinos espalhados no mundo.

Essa pausa foi sentida no exato momento em que Wandinha se viu olhando para o céu e percebendo que os flocos de neve ficaram parados em pleno ar, como se tudo parasse. O vento não soprava, as árvores não me moviam e os animais petrificados, mostravam que tudo parou.

- Mãe?

Mortícia, que estava ao lado de Larissa e as outras mulheres enquanto narrava sobre uma terceira rainha, ouviu a voz de sua primogênita ecoando de forma preocupada e ao mesmo tempo curiosa. Então virou e percebeu os pequenos e esbranquiçados flocos de neve parados no ar, as folhas que caiam das árvores paradas a centímetros do chão, sendo possível tocá-la e tirá-las de seus devidos lugares de origem.

- O que está acontecendo?

- O tempo parou - fala Wandinha ao olhar ao redor e ver as cinzas formando uma cortina densa, mais intacta e imóvel.

- Sim! - sussurra Larissa, extasiada com o que estava vendo, exatamente como Luthiafc, Norphic, Nartich e Assenav, totalmente recuperada e de pé - O tempo parou.

- Não pode ser! - sussurra Nartich.

- Isso já aconteceu antes? - pergunta Larissa a uma das duas anjos da morte.

- Não! Nunca!

Na Biblioteca dos mundos, Renata respirava ainda mais fundo e voltava a colocar o livro de Crackstone em seu devido lugar, ordenando que as histórias continuassem a ser escrita e voltando a escutar os livros se abrindo e fechando, folhas em branco começando a ganhares palavras e imagens, assim como o tempo voltar a correr diante dos olhos de Wandinha e todos que viram tudo parado por quase 1 minuto. A neve caia como chuva e as árvores se movimentavam graças ao vento que soprava novamente entre elas.