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Tenho medo de perdê-la, mesmo não sendo minha.

Nick

Eu acho que não saberei suportar me controlar perto dela. Mesmo que um dia isso se torne normal, voltarei para o momento em que ela me deixou cheio dela. De novo me sentindo um idiota descontrolado por ela. Bela me olha confusa, e eu confuso por ela.

— Am, o que faz aqui a essa hora? — Ela se remexe devagar, apoiando as costas na cabeceira da cama. Guarda um livro em uma gaveta.

— Você não me deu outra saída. — Deixo a sacola na poltrona. — Como está sua barriga? — Enfio as mãos nos bolsos.

Observo com cuidado como fala comigo, como está tentando prender o cabelo e até como seus olhos acompanham me ver mexer em uma caixinha da sua escrivaninha.

— É, está... tudo bem. Papai me levou para o hospital. Ele é exagerado.

— Está com dor?

— Não, eu estou bem.

Ela não me olha sentando ao seu lado, com a sacola. Abro, pego o que preciso. Bela não sabe que é estritamente importante pra mim, e vê-la ferida me deixa preocupado. Minha idiotice infiltra mais rápido agora na mina cabeça, vendo o tamanho do corte e os pontos. Lavo as mãos com álcool. Seus olhos escuros observam meus dedos passando a pomada. Tiro a mão quando ela fecha os olhos e emite um som fraco falho.

— Dói?

— Não. — Ela ri, ainda de olhos fechados. — Está fazendo cócegas. — Seus olhos se abrem, bem lentos. — Sua mão é leve.

Sua barriga parece travar com meus dedos circulando com a pomada, seus pêlos estão todos rígidos. Inclino a cabeça para olhar ela, que me encara e sorrir mexendo em meu cabelo.

— Você devia respirar — sugiro e ela revira os olhos.

Lavo as mãos e volto para o meu lugar. Meu ombro encosta na cabeceira, ao seu lado. Fico confortável nessa posição, mesmo com o corpo desigual na cama.

— Eu tive que tentar parar de pensar em você, só para conseguir encontrar a direção da sua casa — falo sem pausa. Os seus olhos pretos e bem abertos, familiar como me olha, me deixa parado, só a olhando sem pensar por um tempo.

— Demorou?

— Muito.

Dois minutos se passaram desde o início do lance de olhar diretamente nos olhos se iniciou, as vezes vacilo em seus lábios, mas volto quase que instantâneo para seus olhos pretos. Estamos levando mais tempo agora, quase cinco minutos em silêncio, só com o barulho dos seus suspiros saindo do seu nariz. A parte boa de ficarmos calados, é que ela tortura inutilmente seus dedos no meu cabelo, querendo deixá-los para trás, mas toda vez rosna por não conseguir.

Estou começando a ficar melhor nessa de proximidade, tentando ser um cara menos babaca pra ela, sem chateá-la ou falar coisas desnecessárias. Quanto mais afundo no seu mundo, menos idiota eu me sinto. Mesmo com alguns pensamentos que tenho sobre ela, alguns desejos loucos que eu tenho perto dela, me controlo na minha jaula de ferro pra não ser estúpido e dizer o que penso. Sempre mantendo o controle, até quando for suportável.

— Como foi a reunião? — Ela pisca algumas vezes, se afasta de mim.

Não posso importar por ela ter se afastado. Pelo canto dos meus olhos, vejo ela tremer as mãos e suspirar uma quantidade grande de ar. Penso em olhá-la e perguntar porque se afastou assim, de mim, mas não quero que treme mais as suas mãos.

Uma Única VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora