Uma Única Verdade

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Vou deixar a porta aberta.
Quero sempre te ter aqui dentro.

Nick

Muitas mentiras existem. As quais com o passar do tempo ensinam, machucam, reconstrói. Algumas parecem vir acompanhadas com um pouco de verdade, alimentando a ilusão. Talvez fosse para ter acontecido a merda de um afastamento no começo, me manter longe dela. Seria um novo tipo de droga que eu fosse experimentar. Ficaria chapado, não sou acostumado.

Foi uma merda cogitar que Bela serviria de minha namorada por uma noite. Era a coisa mais idiota que eu fiz, e a melhor que com o meu jeito bagunçado eu poderia fazer. Se a mentira é uma das coisas mais detestáveis, desprezível em tê-la como acesso para algo, eu gosto dela em partes. Se eu não tivesse gesticulado, talvez eu não adquiria uma verdade.

Fui ensinado. Provoquei sem consciência o motivo da dor. E reconstruído. De uma maneira inconsequente no início, odioso e mentiroso. Mas eu fui encaixado com as peças que Bela construiu, com as suas mãos pacientes que não desistiram. E em pouco tempo a diferença foi grande pra cacete, que eu não me reconheceria nem se eu usasse o pente que me deu.

E se hoje eu escolhesse fechar os olhos enquanto ela caía na minha frente, eu não conseguiria mais abrir os olhos para enxergar o que aconteceria comigo em diante. Eu me manteria enjaulado na prisão em que achava que era o certo, algemado no meu passado. E o seu lenço sugando todas as cores, foi a chave para todo o início. Eu a achei linda com aquilo, mas eu não podia admitir para o garoto de dentro. Eu só pude dizer do quanto era ridículo, não conhecia nada além do básico.

Talvez eu tenha pulado o limite. Mas eu não conhecia o limite. Então eu precisava de alguém para me colocar nos trilhos, era a linha idiota que eu não queria seguir. Por que eu não era alguém que servia pra ser mandado, eu era o cara que não recebia ordens. Eu mentir desde sempre, porque eu fui escolhido para ter alguém que mudaria meu pensamento sem muito esforço.

O meu velho pai alertava de que a encontraria, mas eu não fazia idéia que fosse se tornar a minha dona. É irônico pensar que uma mentira era de que precisava para o meu antigo peito voltar a bater, e renascer das cinzas que eu me queimei. E dessa farsa começou a existir muitas verdades. Elas são reais. Cada verdade me deixa inteiro, como alguém deve ser.

Uma é a mais forte, ao qual não se iguala a nenhuma outra. A tenho em mim, fincada como uma faca, que corta e não deixa dor. Ela foi a primeira a existir, enquanto eu ainda não sabia o significado. Mas era ela, eu só precisava entender, eu só precisava sentir um pouco mais da dose. Foi a sensação desconhecida para mim, e ao mesmo tempo estranha. E como seria eu para esse novo sentimento. Foi forte, e eu fraco para ele.

Bela me faz ter a visão de um futuro que eu não conseguiria só. Como a combinação de um cofre, uma administração de um cálculo mal feito. Sem auxílio, sem acerto. E eu achava a vida uma droga, no fim parecia, e hoje eu quero viver. Tudo pode mudar. Tudo pode ser diferente. Eu não sou o mesmo. A verdade é que eu não tenho forças para ser como fui. A nossa mentira foi tão convincente, que caímos direitinho nela.

Caralho, eu amo essa garota.

Viajo em meus pensamentos, enquanto ela caminha em direção e seus olhos encontram os meus. Estou como um idiota doente, nervoso com apenas seus passos pertos. Não está sendo fácil para o meu peito que recentemente se tornou o mais ocupado, cheio dela e vazio do que era. Talvez é uma merda pensar que isso acontece apenas comigo. Realmente pareço um imbecil apaixonado por Bela.

— Então... — Ela se desequilibra no palco. Seguro seus braços, a deixando firme. — Me ama?

— Essa é a minha primeira verdade.