Macho estúpido!

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Enquanto Alis e eu já estávamos na terceira cesta de mirtilos e amoras, também encontramos algumas framboesas e morangos que por alguma razão pareceu que não durariam muito se fossem colocados na cesta de Tamlin, essa razão sendo que ele não conseguia segurar as frutas de forma delicada ou gentil, sempre que as colhia elas explodiam.
- Por que essas coisas são tão frágeis!
- Porque você põe muita força na hora de pegar as frutas, se não consegue controlar sua força pare de pegar fruta por fruta e quebre os galhos, ao menos você controla esse tanto de força não é?  — O grão-senhor me encara como se aquilo fosse o milagre do século.
- Nunca em 4 séculos eu achei que veria você colhendo frutas Tam!
- Lucien!
- Menino você realmente está aqui, que coisa boa ande vamos segure as cestas a garota já fez o bastante!
- Alis eu acho melhor você me segurar agora!  — Digo quase sem fôlego pela visão do macho lindo na entrada do que logo será um labirinto, se um dia eu achei homens bonitos então toda beleza perdeu o significado hoje. Deus do céu se eu sentar nem guindaste tira de cima....
- Porque querida?
- Pela mãe, humana pare de fazer essa cara, parece que vai chorar.
- E eu vou Tamlin, você por acaso tem ideia de tudo que se passa na minha cabeça agora! Tudo, eu sei de tudo! Literalmente tudo sobre vocês, sobre esse mundo e agora eu entendi o que aquela maga quis dizer com raposa vermelha!
- Por que está gritando?  — Eu simplesmente o encaro enquanto as lágrimas começam a rolar pelo meu rosto, Lucien me olha assustado, sinto um desejo de pular nos braços dele e dizer toda a verdade tudo que eu sei mais me controlo, pego a cesta e coloco nas mãos de Tamlin.
- Olá raposinha, esperei 8 anos pra te conhecer sabia... Você com certeza é mais belo do que eu poderia ter imaginado.
— Deixo as lágrimas saírem, não me importo se verem esse estado, não daria explicações do por que era tão difícil olhar pra ele sem chorar.
- Você me conhece humana?
- Meu nome é Zaira raposinha, sim conheço você, mas você não me conhece contudo pode conhecer se quiser, temos uma história parecida quando se trata de péssimas figuras paternas... E ambos perdemos os nossos primeiros amores não.
- Onde ouviu minha história?  — O macho pergunta sem demostrar incomodo com minha afronta ou o apelido.
- No mundo de onde vim, você particularmente é alguém muito querido, suas admiradoras são bastante devotas e fervorosas...
- Onde séria esse mundo?  — Questiona despreocupado, mais juro que vi um lampejo de sorriso no canto de seus lábios.
- Outras terras humanas, onde mágia quase não existe, exceto pelos livros, folhas de papel que nos dão sonhos e esperanças através da fantasia, um escritor disse uma vez: "humanos precisam da fantasia para se tornarem pessoas, já pessoas precisam da mágia que a fantasia tem para se tornarem humanos." No meu caso eu caí literalmente num mundo que eu acreditava não passar de fantasias... Esse mundo é uma saga de livros no meu mundo, humanos são a espécie que domina o resto é puramente animal.
- Interessante como você falou tanto do seu mundo com ele mais não disse absolutamente nada para mim...
- Devo te lembrar eu gosto dele, você eu suporto lobo bravinho. Vamos você tem uma torta para aprender a fazer.
- Como é, eu acabei de escutar que você vai aprender a fazer torta Tamlin!?
- Ela acha que eu posso aprender a controlar minha raiva por meio de como você falou?
- Arte culinária... Quer participar?  — Se ele realmente for o que eu penso não vou perder oportunidade porra nenhuma, não sou aquela erva daninha. Eu faço esse macho brilhar de felicidade ou não me chamo Zaira.
- Se não se importarem... Senhorita luz do sol.
- Pelo visto Eris continua sendo incapaz de resolver os próprios assuntos, Tamlin você não tem algo a tratar com seu único amigo?
- Vai mesmo me obrigar a isso?
- Sim vou! Faz parte da terapia, tem sorte que não vou te obrigar a pedir perdão de joelhos, poderia mandar você deixá-lo retribuir as chicotadas sabia?
- Você faria isso?
- Seja sincero Tamlin o que você acha que merece por tudo que fez?  — Ele observa a mansão e suspira pesado.
- Ser morto, uma morte humilhante e solitária... Como o macho desgraçado que eu sou.
- Aí pelo amor de Deus, chega de se odiar seu macho estúpido! Você é a porra de um grão-senhor tenha a postura de um! Você errou de forma gigantesca e isso é óbvio, mas você pode concertar, já faz 40 anos Tamlin chega de achar que é um monstro só porque você foi criado pra ser um... Ele já morreu garotinho, você não tem que viver nas correntes dele hoje em dia se lembra.
- Você também leu nos livros?
- A sua história é uma das poucas que não foi contada, mas eu consegui descobrir após limpar e analisar seu comportamento, fora que eu vaguei a casa inteira, você deveria ter fechaduras melhores... Eu conheço bem aquele tipo de correntes, por isso que eu não odeio você, mas eu ainda não gosto de você Tamlin porque jamais deve-se fazer o que você fez a alguém que se diz amar.
- O que ela sabe, que eu não sei Tam?
- O passado dele, acredite o pai dele ganha do meu e do seu no quesito desgraçados malucos... Enfim vamos.  — Caminho na frente em direção a mansão, percebo um pequeno redemoinho de sombras se movendo perto de Lucien, solto uma risadinha baixa e me apresso até chegar na cozinha.
- Então querida como você costuma fazer a sua massa?
- As receitas que eu uso são da minha mãe, então eu faço como ela costuma fazer Alis...
- Lembra uma que seja fácil para o senhor não controlo minha própria força nem na colheita de frutas.
- Alis, controle sua língua por favor.
- Hahaha tenho sim Alis. Um segundo só me deixa pegar papel e caneta...  — Começo a anotar a receita mais pra mim do que pra Tamlin:
1 ½ xícara (chá) de farinha de trigo
100 g de manteiga gelada em cubos
⅓ de xícara (chá) de açúcar
1 ovo
1 gema
½ colher (chá) de fermento em pó.
MODO DE PREPARO
Numa tigela, misture a farinha, o açúcar e o fermento em pó. Acrescente a manteiga em cubos e misture com as pontas dos dedos até formar uma farofa grossa.
Numa tigela pequena, quebre o ovo e transfira para a mistura de farinha com açúcar e manteiga - se ele estiver estragado você não perde a receita. Junte a gema e amasse com as mãos até formar uma massa lisa - ela é bem macia, não se assuste.
Modele uma bola e envolva com filme. Leve para a geladeira e deixe por no mínimo 30 minutos para firmar antes de usar. Essa receita rende uma torta (base e cobertura) de 25 cm de diâmetro e dura até 3 dias na geladeira. Você também pode assar apenas a base da torta e armazenar por até 5 dias embalada com filme, na hora de servir basta cobrir com o recheio desejado.
Dica: essa massa é um pouco quebradiça e requer um pouco mais de cuidado na hora de abrir. Se você não tem muita prática com massas ou está começando a cozinhar agora, abra a massa entre dois sacos plásticos (próprio para alimento) - além de facilitar, os plásticos evitam que a massa rache ou grude na bancada.
- Que língua é essa humana?
- Esqueci completamente que vocês não falam ou entendem a língua do meu mundo. Enfim eu vou te ensinar de qualquer jeito, então só presta bastante atenção e tome cuidado absoluto, mais antes vamos prender seu cabelo, não queremos fios de cabelo na comida não é?
- Sério isso?  — O encaro sem expressão e de forma cansada. - Já entendi pare de me olhar desse jeito, você fica parecendo um cadáver assim.
- Obrigada pelo elogio, primeiro passo separar os ingredientes. 1 xícara mais meia xícara de farinha.  — Tamlin me interrompe.
- 1 xícara e o quê?
- Alis me ajuda? — Peço praticamente implorando.
- Hahahahah, é desse jeito Tam.  — Lucien toma o lugar de Tamlin e mostra como separar os instrumentos de medição, a forma de medir por xícaras e as diferentes medidas de colheres além de explicar como isso afeta na receita, já disse como esse macho é lindo.
- Por que você não me explicou isso?
- Porque eu assumi que por você ser imortal, grão-feérico e grão-senhor algo tão simples como medidas de porções e comida seria algo que você sabia... Mais pelo visto eu errei feio.  — Dou de ombros. - Acontece.
- Eu já disse o quanto gosto de você Zaira?
- Não Alis não disse.
- Pois eu gosto muito de você querida, mais deixando isso de lado qual o próximo passo, quero saber as coisas que você gosta para eu preparar pra você.
- Eu faço minha própria comida desde os 11 anos Alis, não precisa fazer nada eu sei me virar...  — Sinto 4 pares de olhos me encarando. - Tudo bem, eu conto seus curiosos. Meus pais eram muito ocupados, minha mãe teve eu e o meu irmão pouco depois que se casou com o meu pai, somos gêmeos ele se casou com uma garotinha mimada insuportável, eu falei pra ele se precaver mais aquele cabeça de vento nunca me escuta... Enfim ela ficou grávida dele quando nós dois tínhamos 20 anos eu faço 24 anos daqui 2 meses e o meu sobrinho faz 4 anos daqui a 6 meses. E eu sempre fui a responsável de nós dois, aprendi a cozinhar por que as babás não cuidavam da gente de verdade, só deixavam a comida quase fria pra gente, a gente que se virasse pra tomar banho, caso um dos dois ficasse doente tínhamos que fingir estar bem porque elas não se importavam, arrumar o cabelo, machucados e tudo que uma criança precisa de assistência nós aprendemos a fazer um pelo outro, até que quando eu fiz 13 anos eu falei prós nossos pais que eles não precisavam mais contratar ninguém eu sempre fui independente, com 14 eu já trabalhava em salões de beleza fazendo as unhas das mulheres, com 16 eu trabalhava vendendo artes que eu pintava e desenhava.  — Respiro fundo, termino de separar todos os ingredientes na mesa e volto a continuar a história. - De todo modo eu entrei em uma escola especializada em artes e estava no último ano e poderia me tornar uma profissional, mais então eu caí aqui.
- Quando você diz que já lidou com tudo na vida, o que quer dizer exatamente? 
— Tamlin pergunta receoso.
- Fome, frio, tortura, estupro, incompetência, ser prisoneira, depressão, ansiedade, traição, culpa, perda e se reconstruir eu passei por diversas fases ruins, mais soube sobreviver e então começar a viver. Você também pode conseguir superar Tamlin.

Continua...

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