Capítulo 3

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Alerta de gatilhos:

· ataque de pânico
· ansiedade
· medo e desejo de morrer

Se você é sensível a qualquer dos tópicos acima, por favor, pule os 6 primeiros parágrafos do capítulo.

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Emma não sabia dizer exatamente como havia chegado até aquele banheiro, assim como não se lembrava do momento em que aquela mulher tinha surgido na sua frente e começado a ajudá-la. 

A última coisa de que se lembrava era da sensação aterrorizante do medo mesclada ao seu habitual anseio para que tudo aquilo tivesse um fim. Seu coração batia descompassado e sua respiração se tornou rápida e superficial. Sua visão ficou turva e suas mãos começaram a tremer. 

Tudo parecia fora do lugar e a sensação de perigo iminente era avassaladora. Tentou se acalmar, mas os pensamentos se atropelavam em sua mente, como se estivessem competindo para ver qual deles seria mais apavorante. 

Emma tentou lutar contra o desespero que ameaçava consumi-la, tentou encontrar uma saída para aquela situação, mas era como se estivesse presa em uma jaula imaginária, sem saber como escapar. 

O pânico se espalhava pelo seu corpo e se acumulava em sua garganta, impedindo-a de respirar. Sua visão escurecia, seu peito doía, assim como a cabeça e os braços. De repente, sentiu alguém segurá-la com força e seu medo cresceu ainda mais, fazendo-a pensar que aquele era o seu fim.

Por um momento, Emma pensou em se entregar. Talvez devesse permitir que o medo a consumisse. Talvez devesse deixar que aqueles braços a machucassem e dessem um fim ao seu sofrimento. Estava cansada de lutar. Já vinha lutando contra os próprios demônios há um tempo longo demais. Quem sabe não tivesse finalmente chegado a sua hora de deixar esse mundo cruel e aterrorizante para trás… Talvez tivesse chegado sua vez de descansar, de finalmente se libertar do próprio corpo, que parecia estar sempre lutando contra ela. 

Mas, então, de repente, sentiu algo macio e delicioso tocar sua boca, fazendo-a se agarrar a isso com tudo o que tinha. E, pela primeira vez depois de muito tempo, Emma acreditou que havia salvação para ela. Era como se, de alguma forma, a esperança retornasse ao seu corpo, deixando-a saber que não precisava deixar esta vida para se sentir aliviada. Porque estar ali era como alcançar o paraíso. 

Aos poucos, a luz voltava aos seus olhos e, então, pôde ver o lindo anjo que a encarava com uma expressão preocupada e aparentemente surpresa. Ruby também estava lá e, conforme as ouvia conversar, percebeu o que havia feito e sentiu a vergonha tomar conta de si, apesar de não se sentir capaz de controlar os próprios impulsos ainda. Por mais vergonhosa e ridícula que aquela situação parecesse, precisava daquilo para sentir como ela mesma novamente. 

E Regina — esse era o nome do seu anjo —, apesar de seu semblante perplexo, parecia estar disposta a ajudar. 

Emma quase entrou em pânico novamente quando precisou soltá-la enquanto andavam até o estacionamento do shopping e, novamente, quando chegaram ao prédio em que morava. 

Não tinha muita consciência do que estava acontecendo ao redor, mas entendia quando seu anjo falava olhando-a nos olhos. E, no momento em que Ruby começou a contar para ela sobre seu "defeito", sentiu um medo irracional de que a mulher se levantasse dali e fosse embora imediatamente, ultrajada com o que tinha acabado de descobrir. 

O que Regina fez, no entanto, foi sugerir que fossem para a casa dela em vez de ficar no seu apartamento. E, mais uma vez, Emma sentiu medo. Nunca tinha confiado em uma estranha daquela maneira antes. Mas também nunca havia sido tratada com tanta gentileza e cuidado como ela a estava tratando naquele momento. 

Boa Noite, EmmaOnde histórias criam vida. Descubra agora