Ciúmes

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Calum entrou em seu quarto e trancou a porta atrás de si. Jogou a mochila de qualquer jeito no chão, pegou um CD qualquer em cima da mesa do computador e ligou o aparelho de som no último volume.

Estava bufando de raiva.

Estava com tanta raiva que poderia começar a gritar se soubesse que isso ajudaria a aliviá-la. Com tanta raiva que seria capaz de pegar Ashton pelos cabelos e bater com sua cabeça contra a parede até que sua raiva evaporasse.

Ironicamente o CD que havia começado a ouvir era o que havia gravado com ele, há alguns dias. Eram músicas que ambos gostavam – apesar de Calum tê-lo deixado colocar uma ou duas dos Beatles.

Quando mais jovens, costumavam passar horas assistindo programas da MTV, e as músicas que estavam em alta naquela época acabaram se tornando como uma playlist da vida dos dois. Era impossível que algum ouvisse algumas delas e automaticamente não se lembrasse do outro. Tocava uma do Nickelback; a primeira que haviam cantado.

Na época em que Calum não sabia controlar os tons de voz direito e ele provavelmente havia cantado tudo com voz fanha, entretanto Ashton já era perfeito no violão, mesmo frisando, todas as vezes, que ainda estava aprendendo. Seus dedos dedilhavam as cordas com uma precisão de quem já estava acostumado a fazer aquilo, e o moreno gostava desses momentos por que era um motivo para olhar para as mãos grandes dele sem receio que o cacheado percebesse seu interesse fora do normal.

Calum simplesmente amava as mãos de Ashton.

Sua mão era grande, seus dedos finos e longos. Calum se masturbara algumas vezes pensando naquelas mãos passeando por seu corpo, mesmo que jamais fosse admitir para ninguém. Ter as mãos de Ashton em seu corpo, mesmo que jamais em qualquer contato sexual, era uma tortura para o moreno. Ele tinha um toque firme e forte, mas mesmo assim gentil. Era perfeito.

Pensar em Ashton fez o coração de Calum voltar a bater em um ritmo descompassado. Estava com raiva dele porque Bryana viera para casa com eles, e muito provavelmente ela estava no quarto do cacheado nesse instante. O moreno sentia ímpetos de arremessar alguma coisa na parede quando começava a imaginar o que eles poderiam estar fazendo.

Tinha vontade de espiar pela janela, mas não sabia se conseguiria aguentar se visse os dois se beijando ou, pior ainda, as janelas fechadas. E tentava convencer a si mesmo que não devia invadir a privacidade do melhor amigo, mesmo sendo difícil. E estava indo razoavelmente bem nos últimos dias, pois fazia muito tempo desde a última vez que havia ido para o telhado ou janela espiar o que ele fazia, fosse com Bryana ou com sua banda.

Sem olhar para fora, Calum andou até a janela e puxou as cortinas. A música continuava alta e era difícil ouvir até seus próprios pensamentos, ao que ele agradecia. O quarto ficou na penumbra e o moreno se jogou na cama, tentando esquecer-se da angustia e do bolo gelado que havia descido até seu estômago.

­[...]

Say it for me

Say it to me

And I'll leave this life behind me

Say it if it's worth saving me

xxx

– Mas esses assassinos realmente são idiotas! – Ashton exclamou quando o programa que estavam assistindo acabou. Era um caso de investigação criminal, no Investigação Discovery. O cacheado era realmente viciado em programas policiais e ele quase sempre exclamava aquela mesma frase ao fim de cada episódio. – Ele cometeu erros absurdos! Óbvio que seria descoberto...

Calum somente rodou os olhos enquanto pegava o controle ao lado do sofá e começava a mudar os canais distraidamente. Os dois estavam sentados no chão, um pote de pipoca e vários sacos de doces espalhados ao redor. Os pais do cacheado haviam viajado e por isso ele convidara Calum para passar a noite em sua casa.

Pequenas Coisas | Cashton VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora