– O que fez você mudar de ideia?
– Sobre o quê?
– Sobre nós dois.
Ashton estava deitado na cama, o braço meio estendido para o lado e Calum usando-o como travesseiro. O moreno sabia que o braço do melhor amigo – ainda podia chamá-lo assim? – estava dormente, mas ele não pedia para que Calum se afastasse e isso talvez quisesse dizer que o cacheado realmente queria que eles ficassem próximos daquele jeito.
Uma música baixinha vinha do computador do moreno. Em algum momento durante a noite havia colocado algum CD para tocar, mas não conseguia se recordar exatamente quando. Ficar com Ashton o arrastava pelo tempo, deixando-o sem noção de nada ao redor que não Ashton e seu cheiro, seu toque, suas mãos que faziam um carinho leve em sua cintura.
– Eu nunca tive uma opinião formada sobre nós dois. – Ashton respondeu baixinho, ajeitando-se na cama e afundando o rosto no pescoço de Calum, que se contraiu quando um arrepio deixou seus pelos em pé. – Eu queria formar uma, por isso pedi um tempo, Calum. Mas então eu percebi que você talvez fosse tudo o que eu sempre quis.
– Mas a Bryana...
– Eu e Bryana éramos como melhores amigos, entende? Eu a amo, sim. Ela é uma das melhores pessoas que já conheci e talvez exatamente isso me chamasse atenção nela. Essa personalidade incrível, a inteligência e a maneira que tudo sempre parecia correto quando estava com ela. Mas entre nós dois não havia... paixão. Era tudo muito frio, muito mecânico, como se nossos corpos simplesmente não combinassem. Exatamente por isso éramos como amigos, porque eu a amava, sim, mas era como se sentisse vontades sexuais por ela.
– Mas ela sentia a mesma coisa?
– Provavelmente sim. Quer dizer, nós transamos umas quatro vezes e namoramos há anos. Ela com certeza também sentia a mesma coisa que eu, mas preferia ignorar porque de alguma maneira éramos sim felizes. Mas nossa relação sempre esteve fadada ao fracasso, porque de algum jeito a gente acabaria sentindo falta de sentir o que às pessoas diziam sentir quando tocavam outra. E foi isso que eu senti quando você me beijou naquele dia.
– Então ela não ficou brava quando você terminou? – Perguntou Calum, ignorando propositalmente a citação ao beijo. Ainda envergonhava-se daquilo.
– Não. Bryana sempre foi extremamente racional, Cal. Ela nunca fez o tipo de garota escandalosa, que joga coisas ou briga sem algum motivo. Ela provavelmente sabia que esse momento algum dia chegaria e por isso não foi uma surpresa quando pedi um tempo.
Calum assentiu de leve com a cabeça e sorriu quando sentiu os lábios de Ashton em seu pescoço, dando-lhe um beijo breve antes de voltar a apoiar a cabeça no travesseiro. O dia estava quente e algumas gotinhas de suor começavam a fazer o cabelo de Calum grudar no pescoço, mas isso não serviu para que se afastasse do corpo quente de Ashton.
Começou a pensar em por que não sabia nada sobre a relação de Ashton com Bryana e percebeu que sabia o motivo: simplesmente nunca deixava que o amigo falasse sobre ela, pois era um assunto que machucava. Talvez, se tivesse dado uma brecha e permitido que ele abrisse o coração, tivesse sabido o princípio que a relação dos dois não era assim tão perfeita quando sempre imaginara que fosse.
E Ashton sentia tesão por ele, aparentemente. Isso fez as bochechas de Calum corarem um pouco, pois não estava exatamente acostumado a ter consciência que poderia excitar alguém se quisesse. Na verdade nunca havia sido cem por cento contente com seu próprio corpo. Achava-se magro demais e sem graça demais, apesar de muitas garotas, antes de descobrirem sua orientação sexual, terem se confessado apaixonadas por ele.
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Pequenas Coisas | Cashton Version
RomanceO quanto você arriscaria para conseguir o que mais deseja? História original por @DebiKvothe.