Pequenas Coisas | Cashton Version

Feito pra Você

Era 4 de Julho de 2009 e Calum estava sentado na cadeira da mesinha do computador, virado para Ashton que estava sentado na cama, as pernas ligeiramente separadas e o tronco abaixado enquanto minuciosamente examinava a câmera fotográfica que tinha entre as mãos. Ele havia ganhado de presente dos pais quando lhes disse que queria fazer um curso de fotografia, e ele estava particularmente animado naquele dia.

Três meses depois do curso, entretanto, ele desistiu.

Mas naquele momento ele ainda não sabia que não completaria o curso, e por isso estava tentando decifrar todos os códigos secretos e facetas daquela câmera digital.

Calum havia brigado com os pais, e como sempre quando àquilo acontecia, estava na casa de Ashton, tentando se distrair, fazer o tempo passar até que pudesse chegar em casa somente quando seus pais já estivessem dormindo. Os cabelos de Ashton, naquela época, ainda eram loiros e extremamente lisos, caindo meio displicentemente nos olhos avelãs.

"Você sabe o que é um pau verde?" Ashton perguntou de repente, erguendo a cabeça de supetão e encarando Calum diretamente nos olhos. O moreno piscou e balançou negativamente a cabeça, sem entender a pergunta. "E isso é uma charada" Explicou por fim.

"Eu não sei o que é." Calum murmurou com calma, dando de ombros. "O que é?"

"O pau do Hulk."

Não era uma piada engraçada, mas antes que Calum pudesse perceber seus lábios erguiam-se para cima e um som rouco parecia sair de dentro de sua garganta seca, algo que lembrava uma risada, o corpo pendendo de leve para o lado. E então, bem nesse instante, sentiu o flash da câmera.

"Ashton!" Murmurou Calum, perplexo. "Não acredito que você tirou uma foto minha desse jeito! Eu provavelmente pisquei ou sai com algum tipo de careta esquisita e não é legal."

"Você não saiu com nenhuma careta, Cal." Disse Ashton, examinando a tela da câmera, e então sorriu. "Na verdade você está lindo."

Calum sentiu as bochechas corarem, mesmo não sabendo exatamente por quê. Deixou que os olhos vagassem pela figura de Ashton e mordeu o lábio inferior, controlando a vontade de sorrir a ponto de sentir pontadinhas agudas nas bochechas.

Mas o sorriso acabou sendo impossível de evitar quando Ashton ajeitou-se melhor na cama e começou a cantarolar uma música dos Beatles.

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Calum abriu os olhos.

Fazia algum tempo que havia acordado, mas permanecera deitado no escuro, os lençóis meio amontoados em seu corpo suado. Durante a noite ele havia arrancado à camiseta e a calça e o calor que sentia parecia não diminuir nenhum pouco. Seu ar-condicionado estava quebrado e nem havia se dado ao trabalho de reclamar com seus pais, afinal não era como se eles fossem fazer alguma coisa a respeito.

Ashton, entretanto, havia dito que em noites de muito calor o moreno poderia ir dormir na casa dele, se quisesse. Calum até consideraria a opção se não tivesse o beijado e se declarado apaixonado – e Calum soltou um gemido lastimoso quando pensou naquilo novamente. Ele simplesmente... Dissera para Ashton que o amava e agora estava totalmente despido diante o melhor amigo.

O que mais preocupava Calum era o medo que a amizade deles nunca mais voltasse a ser a mesma coisa, porém na manhã seguinte, enquanto saia de casa, camiseta meio aberta e mochila pendurada displicente em um dos ombros, Ashton o estava esperando no lugar de sempre. O cacheado ergueu uma das mãos e acenou de leve.

– Você está meio atrasado. – Disse somente, como se entre eles não houvesse acontecido nada. O coração de Calum estava batendo com força contra as costelas desde que vira Ashton parado ali, o cabelo cacheado bagunçado e as alças da camiseta do uniforme na altura dos cotovelos. Ele não sabia o que falar e por isso somente murmurou um pedido baixo de desculpas e olhou para o chão, distraindo-se em não pisar nas linhas da calçada.