Pesadelo!

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Soltei a bomba e saí correndo. BJS

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— Como assim um feiticeiro nascido?! — Exclamei por cima dos outros e acabei anulando aquelas chamas na mão.

— É melhor você sentar, Stiles. — Sua expressão não dava brecha para tréplica, então sentei.

A partir daí foi a conversa mais louca que eu já tive em toda minha vida. Descobrir que minha mãe era uma sobrenatural, uma feiticeira, foi a última coisa que eu imaginei quando levantei essa manhã. Aparentemente ela se afastou do mundo sobrenatural por causa do casamento, o qual segundo o Peter era bem conturbado no início, chegando até se separar por um tempo, depois que voltaram ela não demorou a aparecer grávida. O que me deixou com uma interrogação enorme. Não poderia ser. Ou podia?

— Você sabe se... hum... Se nesse tempo que ficaram separados... Ela... Ela teve... — Deus não consigo nem proferir.

— Se ela teve alguém? — Assenti enquanto olhava minhas mãos, a própria ideia era insana demais. — A resposta é sim. — Respirei fundo fechando os olhos.

— Você acha que...

— Sim.

— Quem? — Não sei se eu vou gostar de ouvir a resposta.

— Vocês podem nos dar licença, por favor. — Levantei o olhar ao ouvir isso. Peter pedindo por favor? E por que ele está tão sério? São umas das minhas perguntas mentais enquanto os outros saiam da sala. Um silêncio se instalou ali, parecia que ele discutia mentalmente o que dizer.

— Peter...

— Minha irmã... Talia, não apagou minha memória uma vez, ela fez isso duas vezes. — Por que ele está me dizendo isso? — Só que na primeira vez fui eu que pedi... Queria... Queria esquecer uma pessoa, aquela que foi a mais importante para mim desde os meus onze anos, Claudia Gajos, mas tarde, Stilinski. — Comecei a juntar as peças e passei a negar com a cabeça. — O que eu não sabia, era que a noite que passamos juntos deu frutos. Mas eu já não lembrava de nada e ela estava com o marido. — Ele fez uma pausa. — Só minha irmã e ela sabiam da verdade, que você é meu...

— Não, não, não. Não! Isso é mentira! Nós nem nos parecemos! — Me neguei a acreditar enquanto balançava a cabeça e removia as lágrimas. Isso é pesadelo!

— Por que ela lançou um feitiço sobre você. — Ele argumentou com voz falha.

— Isso não pode ser verdade... É um pesadelo! Só pode ser! Eu não... Eu não posso ter... — Comecei a vomitar. — Eu não transei com minha irmã...

— O que... Você... Você e a Malia... Meu Deus!

— Isso não é real! Por favor, diz que não é verdade.

— Stiles... Eu sinto muito... — Ele se aproximou aos poucos e me abraçou. O que mais na minha vida tinha de ser assim, tão complicado. Meu pai não era meu pai, minha mãe era uma feiticeira, um homem que considerei psicopata é o meu pai biológico, tive relação sexual com minha irmã. Diante isso comecei a hiperventilar. — Stiles... Ei olha para mim. STILES! — Ele rugiu e me trazendo de volta. — Respira fundo e solta devagar. Isso continua assim. Você consegue filhote. — Então era por isso que ele me chamou assim.

— Há quanto... tempo... você sabe? — Questionei ainda me recuperando.

— Há uns meses, pouco antes de sair de BH. Depois que lembrei da Malia... — Meu estomago embrulhou. — Me desculpe. Enfim, depois disso lembrei que havia pedido a minha irmã ajuda. Então fui atrás de uma bruxa e ela me ajudou com a recuperar minhas memórias.

— Minha vida nunca foi feita para ser normal, não é. — Enxuguei as lagrimas e voltei ao sofá. — Por que eu não sou um lobo?

— Eu não sei. Meu melhor palpite é que sua mãe ao lançar feitiços em você, não apenas mudou sua aparência, mas selou sua magia e lobo juntos. Por isso seu lobo não surgiu no tempo certo, aos treze anos, e pode não surgir agora, pois além de sua idade avançada para o despertar de um lobo nascido, você também é uma raposa.

— Raposa... Talvez o Nogitsune tenha feito mais que apenas me possuir. Como quebrar o selo que minha mãe colocou.

— É possível. Vamos pensar nisso amanhã, com mais calma. Tivemos emoções demais por hoje.

— Nem me fale. Não sei o que mais é assustador, você ser meu pai, eu ter poderes ou...

— Você não sabia, Stiles. Nem você nem ela. — Engoli seco. Pensar nisso me remete a pensar no bando.

Fui para meu quarto e Peter para o dele. Decidi tomar um banho, os fatos de minutos atrás esquecidos enquanto pensava no bando. É verdade que não me importo mais, mas gostaria de saber como reagiram, como ficaram. O que meu p... o xerife fez quando viu o bilhete? Foi com esses pensamentos que eu adormeci.

Na manhã seguinte acordei um pouco tarde, era sábado. Vasculhei a casa e não achei ninguém, quando cheguei na geladeira achei um bilhete dizendo que foram no mercado. Dei de ombros e fui procurar algo para comer, era quase dez, então preparei um lanche mais leve, porém reforçado. O almoço no fim de semana é depois das duas da tarde, geralmente servido na área da piscina. Foi pensando nisso e olhando o dia claro lá fora que optei por sair da casa. É bem raro ter sol quente por aqui então decidi aproveitar. Nada contra, mas eu estou parecendo um vampiro de tão pálido.

— Será que vampiros realmente brilham no sol? — Pensei alto enquanto organizava minhas coisas na mesinha que o Peter tomou para si. Acho que nunca vou conseguir chamar ele de pai.

— Brilhar não, mas sem proteção eles viram churrasco. — Pulei da cadeira com a voz que surgiu atrás de mim.

— Quem é você? — Perguntei tentando sondar o local e saber se ele estava sozinho.

— Alguém que está em busca de respostas, love. — Love? Quem é esse cara? Okay, o sotaque dele é britânico, mas pelo tom não é dessa região, de Londres talvez. Pele clara, cabelo loiro levemente avermelhado, muito bonito e, sem dúvida, sobrenatural.

— Você invadiu o território de uma alcateia e acha que tem direito a respostas. — Enquanto falava tentava me concentrar em meus poderes, posso ter descoberto ontem, mas deve ser de alguma ajuda. Foi assim que senti o cheiro dele. — Você cheira a sangue e cachorro molhado. — Murmurei assustado. — Outro híbrido.

— Outro? Então é isso, por isso seu cheiro mudou, agora cheira a ervas frescas, fogo e... a lobisomem. — Seu rosto em choque logo dar lugar a um sorriso ladino. — Posso saber sua graça, love?

— Oi? Que graça? — Afinal de onde saiu esse maluco? — Escuta, cara, eu não quero problema, só vim tomar café na piscina e aproveitar o sol. Será que dá para você, sei lá, ir embora. — Ele me olhou atento e depois riu.

— Eu vou, mas com duas condições, primeiro que me diga seu nome? Segundo que me explique o que uma alcateia faz na cidade?

— A segunda não é da sua conta, mas se serve de consolo não viemos arrumar confusão e meu nome você já deve saber, vive rondando a casa desde que chegamos. — Retruquei quando reconheci o cheiro, era o mesmo de dias atrás no jardim da frente. — Até na cidade você nos seguiu. — Cruzei os braços desafiando-o a negar, mas ele apenas rir mais.

— Rondei mesmo, mas só observei a rotina, não cheguei a ouvir nada. Já estava sendo invasivo demais.

— Mais do que invadir a residência dos outros? Sério?

— Por que não diz logo o seu nome.

— Huf ... É Stiles, Stiles Stilinski. 

It's too late to apologizeOnde histórias criam vida. Descubra agora