Recomeço

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Presente de boa noite. Bjs

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— Se continuar com a boca aberta vai engolir moscas. — Meio que pulei no meu acento ao ouvir aquela voz tão familiar e irritante ao mesmo tempo.

— Apenas admita, o esporte favorito dos Hale é assustar os outros, não é? — Sai do carro e ele sorriu sacana para mim. — Bom te ver lobo psicopata. — Provoquei ao que ele fez uma reverência.

— Digo mesmo, burro falante. Se bem que pele e osso e essas pequenas olheiras não combinem tanto com você. — Falou se aproximando. Havia uma nota de preocupação na voz dele.

— Eu sei que não, mas estou melhorando. — Dei de ombros. — Então, como você vai resolver o assunto do meu jipe. Por que eu honestamente não vou deixa-lo aqui.

— Eu imaginei que não. Por isso solicitei o envio dele, deve demorar para chegar, mas não mais que três dias. — Assenti enquanto retirava minhas malas do carro. — Jogue esses lençóis fora e tranque o carro. Vou entregar a chave ao responsável do transporte. — Concordei enquanto tirava tecidos e outras tralhas que havia usado para encobrir as malas. Joguei em uma lixeira ali perto, espero que ninguém veja isso nas câmeras e ache estranho. Quer dizer, estranho é, mas não que seja a ponto de me pararem para interrogar.

Com a chave entregue ao um funcionário com uma carranca digna de Snape, nós seguimos para o interior do prédio. Eu tentava ao máximo não parecer desnorteado com tudo, mas pelas risadinhas do Peter, eu estava falhando miseravelmente. Retirar a passagem foi rápido, o mais surpreendente era que o lobo também iria comigo.

— Se você estar partindo também, onde estão suas malas?

— Na minha casa. Eu nem saí desse aeroporto. — Explicou indiferente e algo clicou em mim.

— Você está morando lá? Digo...

— Sim. Eu moro na Cambridge britânica, agora fale baixo. — Ele resmungou e notei que algumas pessoas nos olhavam, o que fez minhas bochechas esquentarem.

— Por isso você sumiu todos esses meses. — Não era uma pergunta. Mas tratei de falar mais baixo, não querendo receber mais atenção indesejada.

— Sim. Demorei a entender que não tinha lugar para mim naquela cidade. — Ele parecia triste, mas eu sentia que não era só por isso. Não ser da pack não o impedia de estar por perto ou participar das reuniões. — Então quando a alcateia de alfas apareceu me aproximei deles. Eu queria um bando e...

— Você matou algum alfa?

— Não! Eu já conhecia Deucalion, da época que minha irmã ainda era a Alfa Hale, foi fácil me aproximar. Ele me aceitou como beta, não foi uma decisão difícil, seu bando foi reduzido, os gêmeos ficaram em BH, Enis morto, Marin deixou de ser emissária do bando e Kali. Bem, ela ainda está furiosa com ele pela morte do Enis, com a minha adição somos apenas três. Quatro se você se juntar ao bando.

— Eu? Um humano? Num bando de alfas?

— Sim, você. Um humano com sede de conhecimento e conhecedor de mundo sobrenatural. Seria um bom emissário.

— Ei, ei, ei, espere aí, isso é demais okay. Eu ainda não aceitei isso e você já fala em eu ser emissário do bando. Deucalion sabe sobre isso? Digo, você avisou a ele que viajaria inesperadamente apenas para me buscar? — O olhei inquisitorialmente.

— Claro que sabe. Apesar de ser orgulhoso e gostar de ser independente, eu não sou idiota, Stiles, preciso avisar meu alfa sobre meus passos. E sim ele sabe sobre você, como você acha que cheguei tão rápido aqui? Aliás foi ele quem passou por cima de alguns protocolos para puxar suas notas para lá. — Paralisei com isso.

— Er... Uau. Isso sim é uma surpresa.

— Ah, meu caro. Você não faz ideia do quanto sua vida vai mudar.

— Para melhor eu espero. — Murmurei quase torcendo os dedos em expectativa. Era muita coisa para assimilar. Minha vida deu um giro de 360 graus em pouquíssimo tempo e isso me assusta. Parece que a qualquer momento vou acordar de um sonho e dar de cara com o pesadelo da vida real.

Ficamos em silêncio na sala de espera, aproveitei para mexer no celular e pesquisar algumas imobiliárias que poderiam cuidar da venda da casa. Vez ou outra o Peter olhava por cima do seu próprio celular.

— Você sabe que ficará morando comigo certo? — Perguntou ainda olhando para a tela do aparelho.

— Hum... Mas o Campus...

— Stiles, não atravessei o oceano para te buscar e te fazer dormir num cubículo. Além disso, privacidade nunca é demais, coisa que não que você terá em um Campus.

— Mas...

— Stilinski, deixa de ser cabeça dura e aceita a ajuda. — Retrucou duro. — Se não por você, por Claudia.

— Golpe baixo. Okay, eu aceito. — Resmunguei ainda não achando certo isso, mas agradecido de ser forma.

— É isso aí filhote. — Ele murmurou casualmente.

Filhote? Ele bateu com a cabeça? Bem, se tratando do Peter qualquer ato é estranho. Até mesmo esse.

Não vimos o tempo passar depois disso e quando percebi já estávamos embarcando. Seria um voo sem escala, não seria bom demorar muito com um licantropo longe de terra firme, por mais controlado que ele fosse. Mas ainda assim seriam mais de dez horas de voo até chegar em Heathrow e de lá mais três horas de carro até o destino final.

Parecia que ele já estava preparado para isso pois assim que achamos nossos acentos, na primeira classe, tratou de se preparar para dormir. Não demorou para ele adormecer depois que colocou cinto. Me contentei em procurar algum filme disponível que fosse interessante. Não sei quanto tempo demorei assistindo, só sei que acordei com a comissária perguntando se eu queria jantar. Aceitei e olhei para o lado.

— Não acho que ele irá acordar tão cedo, mas eu chamo se necessário. — Avisei olhando o Peter que nem mexia. Ele tomou algum remédio? A mulher assentiu e se afastou para pegar meu jantar no carrinho. Enquanto eu jantava olhava o trajeto do voo. Estávamos sobre o oceano e só cinco de horas de voo haviam passado.

Depois que terminei embalei tudo e esperei alguém buscar. Era cerca de oito horas e eu não iria dormir tão cedo. Fui no banheiro fiz minha higiene, retirei a jaqueta e voltei ao acento. Se o Peter estivesse acordado ao menos eu teria com quem conversar, mas conhecendo ele, sei que o mesmo mandaria eu calar a boca depois de dois minutos.

A boa e velha paciência Hale. Juro, não sei como eles se aguentam no mesmo ambiente. A impaciência, agressividade, o jeito rude, as sobrancelhas com vida própria. Me pergunto que cara ele fara quando notar que não estou mais lá.

— Com certeza vai revirar os olhos. — Pensei alto. O sherife nem deve ter notado ainda, não que faça alguma diferença ele mal me olhava. O bando então, soltará fogos, pois não tem mais que respirar o mesmo ar do assassino. Suspirei pesado e tentei pensar em qualquer coisa que não me deixasse deprimido. Voltei a mexer na lista de filmes do voo e logo estava entretido novamente.

Faltando pouco mais de duas horas para o fim do voo o Peter acordou. Ele logo tratou de pedir um lanche a aeromoça enquanto ia ao banheiro. Acordei quando ele se mexia para sair do acento e não voltei a dormir depois disso. Ficamos assistindo esperando o voo acabar.

— Eu detesto essa parte. — Resmungou com o solavanco da nave que se preparava para pousar. Entendi o que ele quis dizer e fiz meu possível para reprimir o medo do chacoalhar irritante. 

It's too late to apologizeOnde histórias criam vida. Descubra agora