Capítulo 6: O perigo tem gosto azedo

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Elain





Por algum motivo, seu corpo a havia acordado mais cedo. E, consequentemente, seu estômago já estava de pé também.

Elain fez questão de colocar um vestidinho fino e um pouco mais casual, andando pela casa de pantufas. Estava tão cedo que nem os pássaros tinham acordado, ainda empoleirados em seus ninhos quentinhos.

Quem sabe tivesse tempo para beliscar alguma coisinha antes do café da manhã.

Ela desceu rapidamente a escadaria e virou em um corredor que dava acesso direto à cozinha.

Talvez houvessem pãezinhos de mel e açúcar. Bolinhos de baunilha. Morangos frescos.

O estômago começou a roncar.

Elain pressionou a própria barriga levemente com a mão e apressou-se para abrir a porta. Surpreendentemente, já haviam feéricos trabalhando ali.

Cumprimentando discretamente os servos, ela tentou abrir um armário em silêncio. Com sorte, talvez tivessem torradinhas e manteiga.

⎯  Que bom que está aqui agora, senhorita Elain ⎯  a inconfundível voz do cozinheiro-chefe a pegou desprevenida, e ela teve que segurar mentalmente cada membro do corpo para não pular de susto. ⎯  Acabei de tirar alguns bolinhos de mirtilo e baunilha do forno, e ficarei lisonjeado se puder experimentar a fornada para checar se está realmente boa.

⎯  Oh ⎯  ela olhou para a assadeira prateada de metal em cima da mesa de trabalho. Bolinhos de massa branca e com manchinhas azuis encontraram seus olhos. Bolinhos de mirtilo fresco. Perfeito. Que bom. ⎯  Claro, senhor, experimento, sim.

É óbvio que experimentaria. Céus, nunca foi tão grata à própria sorte.

O estômago borbulhava na barriga enquanto ela se aproximava e analisava os bolinhos perfeitamente encaixados nos moldes.

⎯  Parecem deliciosos. Estão realmente lindos. Encantadores.

Ela sentiu o olhar do feérico em si.

⎯  Não tanto quanto a senhorita.

Ah.

Ok.

Tudo bem, então.

Ela fingia que não tinha ouvido? Dava um sorrisinho meio capenga de agradecimento? Ou só simplesmente enchia a boca de bolo logo?

A última opção lhe pareceu a melhor. Ou a menos constrangedora. Ou talvez a mais absurdamente constrangedora possível.

Elain não percebeu que tinha pego um bolinho até que o levou até à boca e mordeu. De imediato sua língua identificou o gosto docinho de baunilha e o azedo delicioso do mirtilo. A massa estava amanteigada e extremamente macia. Ela fechou os olhos de satisfação. Aqueles bolinhos eram dignos de um aplauso.

⎯  Gostou?

Eram tão gostosos que ela tinha até esquecido que o macho ainda estava ali.

⎯  Muito. ⎯  Ela deu outra mordida, levando metade do bolinho com os dentes. ⎯  Estão magníficos.

Um sorriso satisfeito brotou no rosto meio rechonchudo do cozinheiro-chefe.

⎯  Ótimo. ⎯  Ele pigarreou, percebendo que atraía alguns olhares perplexos por parte dos outros servos. Direcionou-se para ela:⎯  Coma quantos quiser, senhorita Elain. ⎯  E para os servos: ⎯  Irei até a dispensa procurar ingredientes. Não quero bagunça nenhuma. Já volto.

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⏰ Última atualização: Apr 26, 2023 ⏰

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