Kagome tinha a impressão que não estava apenas fodendo com Inuyasha, mas com tudo.
Afinal, ela simplesmente havia se deixado levar por seus hormônios em curto para envolver-se em um relacionamento (muito) sexual com o pai de seu filhote (oh céus, ela até mesmo estava falando como ele!).
A sacerdotisa tinha consciência, que aquilo poderia não ser saudável. Que tornaria a convivência indiferente um ao outro e focada nos interesses de sua filha, que tinha em mente inicialmente, muito difícil.
E a cada dia, ela se prometia que se controlaria e tentaria voltar com ele aos termos anteriores de seu relacionamento. O que, claro, não funcionaria se ela continuasse pulando nele a cada oportunidade em que ficavam sozinhos.
Em questão de gravidade, esse era seu terceiro maior problema (o segundo sendo as dívidas e a hipoteca do santuário e o primeiro algo que ela sequer gostava de definir em palavras, mesmo mentalmente), então ela buscava ignorá-lo sempre que não tentava se convencer a agir de maneira diferente.
Entretanto, era difícil ignorar quando se tinha alguém ao lado que insistia em trazê-lo à tona sempre que possível.
— Vocês deviam apenas namorar de uma vez — Sango opinou, ocupando sua boca em seguida do canudo que usava para sorver seu milkshake de morango. — Na verdade, vocês já estão fazendo isso, de qualquer maneira. Apenas não admitem.
Kagome revirou os olhos.
— Não é preciso namorar para ter sexo casual, Sango — contestou, aliviada por estarem em uma área suficientemente isolada da sorveteria, para que ninguém escutasse a conversa inadequada.
— É assim que se chama um relacionamento estável com o homem que te engravidou? Sexo casual? — argumentou a mulher de cabelos castanhos, mal se importando com o olhar feio que a outra lhe lançou. — Kagome, vocês literalmente pularam um monte de fases e atingiram o passo final do relacionamento da maioria dos casais. Se fosse meramente acidente e vocês apenas assumissem a responsabilidade pela criança e permanecessem indiferentes um ao outro, eu entenderia — apontou. — Mas vocês nitidamente se gostam. Pelo que vejo, poderiam muito bem pular o namoro também e ao menos começarem a morar juntos. Ah não, espera: ele já não dorme na sua casa todas as noites? — ironizou.
— Não — a sacerdotisa respondeu entredentes, se sentindo um tanto arrependida em ter aceitado o convite de Sango para um sorvete. "Temos que aproveitar que o inverno acabou", disse ela, quando na verdade a atraira para uma armadilha, onde poderia encher sua cabeça longe da curiosidade de Miroku e Souta, ou da audição aguçada de Inuyasha.
— Ah, certo. Não é porque ele transa com você todos os dias que ele necessariamente passe a noite — zombou.
— Sango! — Kagome exclamou, irritada, para em seguida enfiar uma grande colher de seu sorvete de baunilha na boca.
Porque ela não tinha argumentos contra aquilo.
Sango suspirou, tentando retomar a paciência que havia perdido. Observar os dois amigos vacilarem um ao redor do outro quando tinham tudo para construir um relacionamento sólido estava deixando-a louca.
— Olha Kagome, eu nem acho que precise pensar com tanto cuidado a respeito. É fácil ver que vocês tem "algo". Vocês tem química, o sexo é ótimo e vão criar uma filha juntos. Por que não tentar?
A sacerdotisa nem pestanejou em responder:
— Se nós nos separarmos, será difícil para ela — alegou, levando ambas as mãos ao indisfarçável ventre expandido, que abrigava seu bebê de vinte semanas.
— E crescer com ambos os pais em relacionamentos diferentes não será? — contestou. — Ou vocês pretendem permanecer solteiros em prol da criança? — seguiu argumentando. — Eu sei que muitos pais separados criam seus filhos, e está tudo bem. Mas vocês dois nitidamente se gostam e sequer estão dispostos a tentar dar uma família ao bebê — concluiu, ciente que já havia juntado argumentos o suficiente para que a outra refletisse.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sentimentos são para Construir
FanfictionTudo o que Inuyasha Takahashi queria, era construir um refúgio para si mesmo, onde poderia viver em paz, longe de todos e, principalmente, do ostracismo que teve que tolerar em razão de seu status de hanyou, do qual nem a condição de arquiteto renom...