Capítulo VII

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Como esperado, Kagome não soube lidar com a preocupação.

Ainda era estranho para ela, experimentar algo que corroesse sua tranquilidade mais que as dívidas e a possibilidade de perder o santuário.

Porque a hipoteca, era questão de dinheiro. Ainda que toda a sua contabilidade apontasse ser impossível conseguir o valor a tempo, a questão ainda era passível de resolução, caso o conseguisse.

Mas o que fazer com um problema que ela nem sequer sabia se possuía solução?

Por um tempo, ela ignorou, visto que seu bebê estivera bem até então e o seu reiki não era utilizado a muito tempo.

Isto é, até que o lado yokai de Inuyasha assumiu de novo.

Na verdade, ela não tinha certeza se havia usado seu reiki de fato, para impedir que Inuyasha se transformasse completamente durante o ato sexual, conforme a teoria de Totosai.

Por uma feliz coincidência, sua última a consulta pré-natal aconteceu no dia seguinte à manifestação do lado yokai do hanyou, e os dois constataram, aliviados, que o bebê estava bem, a única preocupação de Kagura tangente a alteração da pressão arterial de Kagome.

Contudo, já que era a segunda vez que passavam pelo incidente, e a sacerdotisa sentiu que não poderia mais entregar a sorte da sua filha ao acaso.

Ela precisava reunir informações, e isso a havia guiado para mais uma visita inusitada.

— O que aflige você, criança? — após sorver um longo gole de seu chá, Kaede perguntou, colocando o recipiente sobre a mesa.

Kagome fitou brevemente a velha sacerdotisa, antes de tomar um gole da própria bebida quente, mantendo impecável o seiza sobre o zabuton, apesar de seus movimentos e da barriga avantajada.

— Eu estou com algumas dúvidas, e honestamente, não há muitos lugares seguros para perguntar — respondeu e, vendo que a anciã acenou para que ela continuasse, prosseguiu: — Eu estou esperando um filho de Inuyasha.

Que ela estava grávida era óbvio, mas decidiu ser direta também em relação à paternidade da criança. A velha, no entanto, não pareceu surpresa.

— Estou no quinto mês de gestação, mas apenas há algum tempo atrás me ocorreu a possibilidade de haver riscos em um usuário de reiki engravidar de um portador de youki.

— Em outras palavras... — Kaede incentivou.

— Eu estou com medo de purificar acidentalmente o bebê — Kagome esclareceu. — Mais que isso, eu temo a maneira que o corpo do bebê reagirá ao herdar reiki e youki — acrescentou, o desespero evidente em suas íris castanhas — Isso é mesmo possível? Porque desde que eu pensei nisso, tudo que me vem à mente são duas forças incompatíveis que podem se chocar e fazer meu filho explodir — completou, um tanto fora de si.

A velha sacerdotisa suspirou.

— Depois de minha irmã Kikyou, não achei que veria outra sacerdotisa com essa preocupação — comentou, percebendo tarde demais que havia divagado e feito um comentário desnecessário.

— Sua irmã teve um filho hanyou? — Kagome indagou, esperançosa.

— Não. Ela apenas desejava ter, algum dia, mas a vida dela foi interrompida muito antes que pudesse construir uma família — explicou brevemente. — Dito isso, como a maternidade fazia parte dos planos dela, ela teve a mesma preocupação que você. Mas nunca teve a oportunidade de chegar a uma resposta — acrescentou.

— Ela... Se apaixonou por um yokai? — a sacerdotisa mais nova indagou, interessada e, sem saber exatamente o porquê, desconfiada.

— Pode-se dizer que sim — Kaede respondeu evasivamente, aumentando a desconfiança de Kagome.

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