Capítulo III

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Fazia três semanas que Inuyasha não via Kagome.

Fazia também três semanas que ele havia tido com ela o sexo mais selvagem que fez em anos.

E o melhor em décadas.

Dito isso, apesar da vontade persistente de voltar na casa dela e fodê-la de novo, quando ele pensava com a cabeça correta, concluía que provavelmente fosse melhor que as coisas permanecessem assim.

Porque ainda que a tarde que passaram juntos tivesse sido alucinante, quando o brilho do sexo desvaneceu, eles se viram em meio a intenso constrangimento.

Não era difícil compreender.

Totalmente por acaso, Inuyasha havia descoberto um aspecto de Kagome que ela provavelmente não saia revelando por aí. Falando por si mesmo, ele sabia que inclinações e preferências sexuais é um assunto constrangedor a se debater, mesmo entre parceiros de longa data.

E eles foram parceiros de uma tarde só.

Ele mesmo havia mostrado a ela uma preferência que muitos assumem por estereótipo dos yokais. Ok, ele podia gostar das coisas mais difíceis, principalmente porque sentia prazer em seguir os próprios instintos, mas isso não implicava que qualquer um que descendesse de linhagem demoníaca fosse da mesma maneira. E ao contrário da opinião popular, ele não saía comendo qualquer fetichista apenas em razão de sua natureza mais áspera.

Por outro lado, encontrar pessoas dispostas a um relacionamento duradouro com um hanyou também não era comum, o que não lhe dava realmente conforto para discutir suas preferências sexuais, e fazia com que a maioria de seus encontros fossem mais amenos (se não fosse com uma das fetichistas mencionadas).

Então sim, Kagome havia sido uma agradável surpresa.

Ainda estava gravada em sua memória a imagem da sacerdotisa deitada de costas abaixo dele, balançando após cada impulso forte, os gemidos femininos abafados pela mão direita  que ele mantinha pressionada em sua boca (que foi como tudo começou, em primeiro lugar). Era quase impossível evitar que o sorriso presunçoso crescesse em sua face, quando ele lembrava do estado entregue que lia nos olhos castanhos enevoados de prazer, que se arregalaram quando ele elevou, com a mão livre, uma de suas pernas sobre o ombro, para conseguir um ângulo mais profundo.

Para tornar tudo ainda melhor, eles não pararam na primeira. Kagome ainda respirava pesadamente quando lhe prometera que, daquela vez, ele é que a faria sentar (pareceu sexy na hora, embora agora ele quisesse cavar um buraco para se enterrar quando a frase vinha novamente em sua mente). E por fim, quando ele a colocou de quatro, ela não fez outra coisa que não aceitar suas investidas rápidas e rudes, ocasionalmente lhe mirando por cima do ombro. Foi a sua parte preferida. Ele se sentiu livre de uma maneira diferente.

Quando Kagome desabou de bruços e ele caiu de costas ao lado dela, no entanto, os dois perceberam que era difícil se encararem, situação que não mudou enquanto recolocavam suas roupas ou se despediam.

Nenhuma notícia trocaram desde então e, novamente, Inuyasha tentou se convencer que era melhor assim, mesmo que involuntariamente se flagrasse passando outras posições que gostaria de tentar com Kagome.

O conflito interno piorou quando ele recebeu uma mensagem de Miroku — com quem ele não lembrava de ter trocado números — avisando que Kaede retornara e os encontraria em dois dias no Santuário Higurashi.

Dois dias que já haviam passado, de modo que ele estava apenas a algumas horas de rever Kagome.

Calhou ser o dia de visitar obras, o que lhe deu a oportunidade de descontar sua frustração berrando com Koga (porque, infernos, ele não podia simplesmente seguir a porra do projeto). Ele desconfiava que se tivesse que passar o dia simplesmente projetando, não se concentraria o suficiente (problema recorrente nessas três semanas, mesmo sem a perspectiva de reencontrar Kagome).

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