Capítulo V

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Inuyasha estava furioso.

Não, esqueça o "furioso".

Ele estava puto.

A ironia do fato é que ele, geralmente ranzinza, havia começado o dia relativamente animado.

Porque naquela data, ele apresentaria o primeiro projeto da escola para o grupo de investidores, um trabalho que o estava empolgando ao ponto de acreditar que poderia se tornar um de seus favoritos.

Depois, ele acompanharia Kagome pela primeira vez em uma consulta pré-natal. Ela já havia alcançado a décima primeira semana de gestação e realizaria uma ultrassonografia, o que o deixava levemente ansioso, uma vez que, pelo que pesquisara, o filhote já poderia ser reconhecido como um bebê, e não apenas como uma mancha na tela.

Mas seu dia promissor foi estragado justo na primeira atividade, durante a reunião com os investidores.

Pois claro, ele não esperava que justamente aquele desgracado, estaria entre os financiadores de uma escola de ensino inclusivo para yokais, humanos e hanyous.

Inuyasha desestabilizou completamente quando o viu sentado, tão estóico quanto se lembrava, entre os figurões que deveria convencer com seu trabalho, e honestamente, não sabia dizer a qualidade da apresentação que havia entregado, embora Tsukuyomaru tenha lhe elogiado pelo desempenho e, despretensiosamente, comemorado o interesse daquele maldito em se tornar um dos investidores.

O hanyou deixou a sala de reuniões no vigésimo andar praticamente fumegando, decidindo pegar as escadas para tentar aliviar seu mau humor, ao saltar lances inteiros.

Não funcionou e ele se viu atravessar o saguão do edifício tão revoltado quanto antes, ao ponto de quase deixar algo importante passar.

— Inuyasha! — a voz feminina e irritada chamou sua atenção.

O meio-yokai piscou confuso, quando virou e deparou-se com Kagome correndo em sua direção.

— Kagome? O que você está fazendo aqui? — indagou.

— Como assim? Nós combinamos que eu o encontraria aqui.  A clínica fica perto — a mulher lembrou.

— Oh, certo — Inuyasha murmurou, percebendo que a irritação havia limpado sua mente.

— Você está bem? — a sacerdotisa perguntou, captando sua desorientação. — Algo errado na reunião? — indagou, lembrando-se que Inuyasha havia lhe contado que encontraria os investidores da escola.

Pensando bem, apenas agora a garota reparava que ele tinha uma pasta na mão junto ao casaco e um tubo nas costas, onde certamente carregava suas plantas. E embora não estivesse vestido no padrão "terno e gravata" que se esperaria para um evento do tipo, ainda parecia elegante em seu suéter, jeans negros e coturnos Dr.Martens.

— É uma forma de dizer — a resposta trouxe a atenção da garota de volta para o assunto em questão, o tom mau humorado fazendo com que ela decidisse não perguntar mais nada por enquanto. — Vamos — Inuyasha chamou, retirando o tubo das costas para vestir o casaco, antes de saírem. Ela estava prestes a segui-lo quando sentiu a presença de um youki poderoso.

A sacerdotisa buscou automaticamente pela fonte do poder, avistando ao longe  um homem alto e esguio, muito elegante em seu terno grafite, apesar de seus cabelos incrivelmente longos e prateados.

Prateados como os de Inuyasha.

O estranho parecia fitá-la, apesar de manter uma expressão apática, e certamente tinha as bochechas riscadas e olhos claros, embora pela distância não pudesse definir a cor (cuja, entretanto, tinha um palpite).

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