Capítulo IX

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Inuyasha arregalou os olhos quando  Sango espalmou as mãos na mesa de seu escritório, interrompendo a reunião em andamento com um casal de clientes.

Ele não estava realmente surpreso com a presença da mulher de longos cabelos castanhos ali, uma vez que havia captado seu cheiro assim que ela pisou no prédio e escutado o ruído de seus passos, potencializados pelos saltos, cada vez mais próximos.

Mas ele realmente não esperava que ela irromperia porta adentro, interrompendo o que quer que fizesse, para bater em sua mesa, os olhos escuros delineados de rosa pingando fúria.

— Ou você conversa comigo, ou eu vou dizer tudo o que tenho para falar na frente dos seus clientes — ameaçou ela, lançando um olhar breve para o ventre estufado da cliente feminina, que encarava a cena estupefata. Não era difícil ver que ali se encontrava uma nova família, pronta para realizar o plano da casa dos sonhos, de modo que despejar tudo que estava entalado em sua garganta, seria péssimo para os negócios do meio-yokai.

O hanyou apertou a ponte do nariz, antes de dizer:

— Me perdoem pela interrupção. Nós já estávamos concluindo a entrevista, então vou acompanhar os senhores até a recepção e pedir que Shiori marque um novo horário — afirmou, pensando em que serviços adicionais teria que oferecer ao casal para não perder o projeto após aquela cena.

Como combinado, Inuyasha acompanhou os clientes e, após deixá-los aos cuidados de sua estagiária, retornou para o próprio escritório, os olhos dourados fulminantes.

— Você ultrapassou todos os limites — rosnou para Sango, após fechar a porta.

— Talvez eu não tivesse feito isso se você me respondesse, em vez de me ignorar nas últimas semanas — acusou ela.

— Eu não teria ignorado se você não insistisse em me forçar a falar com Kagome! — retrucou.

— É a mãe da sua filha! — exclamou, indignada. — É claro que eu quero que vocês conversem! Você foi embora sem ao menos ouvir as explicações dela! — apontou.

— Ela te contou porque brigamos? — o hanyou indagou, e quando a morena murmurou uma negativa, continuou: — Se você não sabe, não pode me criticar.

A mulher jogou os braços para cima, transtornada.

— Então me diga, para que eu possa entender! — suplicou.

— Peça para a sua amiga te explicar — desdenhou ele.

— Eu pedi! Muitas vezes! Mas Kagome-chan se recusou a me dizer porque não quer que eu te convença de nada — explanou. — Ela viu você se afastar no primeiro mal entendido, mesmo depois de ter prometido que não deixaria o bebê uma vez que se aproximasse. Ela pensa que se você está fadado a ir, é melhor que vá de uma vez, antes que Moroha-chan te conheça.

Inuyasha trabalhava em suprimir a culpa que a acusação de ter quebrado sua promessa fazia crescer em seu interior, quando o estranhamento em relação à última parte da fala da outra lhe alcançou.

— Moroha-chan? Quem é... — começou a dizer, a compreensão lhe atingindo quando Sango levou ambas as mãos à boca, percebendo o que havia deixado escapar. — Kagome nomeou o filhote sozinha — concluiu, sem conseguir evitar a nota de revolta que transpareceu em sua voz.

A fúria elevou-se exponencialmente nos olhos escuros de Sango, em tamanha intensidade que o meio-yokai se encolheu, as orelhas caindo.

— Você não tem o direito de se irritar com isso! — gritou, irada. — Você se afastou dela pelos  últimos dois meses, como poderia ajudar a escolher?

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