Inuyasha não esperaria pelo próximo dia de expediente.Não, a situação era ruim o suficiente para que fosse justificável — claro, na opinião dele — bater na porta de Sango em plena madrugada e entrar xingando em seu apartamento enquanto ela lhe encarava da entrada, os olhos embotados de sono.
Ele achava que ela tinha rido o suficiente da história das vassouradas para poder encarar a situação atual com a seriedade necessária, mas não. Teve que esperar quase dez minutos para que a mulher se recuperasse, uma vez que estava passando mal de tanto gargalhar.
— Des... Desculpe... — Sango tentou dizer, por diversas vezes, mas suas falas eram sabotadas pelo riso. — Eu... Minha nossa, eu não tenho maturidade para lidar com isso — falou rapidamente, antes que outro acesso de gargalhadas a atingisse.
— Ria! Não é a sua bunda que é esfregada no chão cada vez que uma sacerdotisa doida grita "senta" — Inuyasha esganiçou.
— Pelo que você disse, é a sua cara — Sango pontuou, antes de seguir rindo.
— Sango! — Inuyasha estava prestes a perder o pouco de decoro que ainda lhe restava.
— Ok, ok, acalme-se — falou ela, acomodando-se em uma das poltronas individuais de sua sala. — Por que você não se senta? — perguntou, indicando o sofá cor creme, e embora seu tom fosse casual a princípio, não pôde evitar que os lábios tremessem e o riso recomeçasse ao perceber o que havia dito.
Inuyasha estreitou os olhos para ela.
— Não tem graça.
— Foi sem querer, eu juro! — garantiu, tentando se recompor. — Mas veja o lado bom, agora sabemos que o feitiço só funciona se for dito pela... Como é mesmo o nome dela?
— Kagome — lembrou, enquanto se acomodava no sofá de três lugares.
— Se for dito pela Kagome — Sango continuou. — Você poderá levar uma vida completamente normal mesmo que não consiga desfazer o feitiço, desde que mantenha-se distante dela.
— Mesmo que eu não consiga desfazer? — o hanyou parecia desesperado agora.
— Não que eu ache que isso vá acontecer! — a mulher tratou de acrescentar ao ver como o outro parecia miserável —, mas é bom saber que há uma maneira de manter os danos no mínimo — argumentou. — Por falar nisso, a pessoa que conjurou não deveria ser capaz de desfazê-lo? — questionou.
— Supõe-se que sim — Inuyasha respondeu, mas claro, essa não seria a sua situação.
Depois de usar o comando sentar ao menos mais meia dúzia de vezes e se convencer que não, Inuyasha não estava brincando, Kagome o arrastou para a cozinha dos Higurashi com a promessa desesperada que tentaria resolver o ocorrido. Ainda era fresca em sua memória a hora e meia que passou sentado na pequena mesa de jantar, enquanto a sacerdotisa recitava uma série de cânticos e versos sagrados destinados a quebrar feitiços e maldições, e ele usava de toda a sua força para tentar retirar o rosário pela cabeça ou arrebentá-lo com suas garras, os dois métodos produzindo efeito nenhum.
— E o que farão então? — Sango indagou, após ouvir atentamente a narrativa do amigo em relação às tentativas frustradas de livrarem-se do rosário.
— Kagome disse que amanhã, que no caso já é hoje, chamará um monge para ajudar — respondeu. — E é aí que você entra. Eu não sei o que infernos programou para o dia, mas limpa a porra da agenda, porque de jeito nenhum eu vou me submeter a dois espiritualistas sozinho.
Sango encarou o amigo, compadecida. Ela sabia que Inuyasha tinha uma coleção de experiências desagradáveis com todas as raças — humanos, espiritualistas ou não, e yokais — para não querer enfrentar qualquer ritual necessário desacompanhado. Intimamente, agradeceu por ser sábado, mas desmarcaria seus compromissos para acompanhá-lo mesmo que não fosse.
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Sentimentos são para Construir
FanficTudo o que Inuyasha Takahashi queria, era construir um refúgio para si mesmo, onde poderia viver em paz, longe de todos e, principalmente, do ostracismo que teve que tolerar em razão de seu status de hanyou, do qual nem a condição de arquiteto renom...