Aos Cuidados da Dra. Lowove

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Eram altas horas da noite quando Sarah e a doutora Lowove chegaram em casa trazendo o Coronel.
Ele havia desmaiado no caminho e a vinda de lá para cá, tinha sido uma prova de resistência, mas que felizmente fôra vencida.

Na casa havia apenas uma cama de casal e era onde S/n colocaria Joll, pois para cuidar dele, ela precisaria de muito espaço. Com cuidado, a doutora o depositou na cama, tirou as botas dele e olhou para Sarah que olhava fixamente para o homem desmaiado.

-Ele parece enfadado, não acha? _perguntou Sarah à doutora que olhou para o Coronel.

-Deve ser o fardo pesado das centenas de vítimas que ele torturou.

-Você não gosta nenhum pouco dele, não é?

-Não! E saiba que se fosse por mim, ele não estaria aqui.

Disse ela indo até a sala para pegar sua maleta de primeiros socorros, Sarah a seguiu.

-Eu compreendo sua indignação, S/n. Eu também não vou com a cara dele, mas devemos lembrar que agora ele é um paciente e como todo paciente, precisa ser cuidado. Mesmo que este não mereça!

-Estou de acordo. _S/n falou ao pegar sua maleta e se virou para a menor_-Me faça um favor, Sarah?

-Claro! Do que precisa?

-Coloque água na chaleira e a morne. Depois leve até o quarto com uma bacia e uma toalha limpa, tudo bem?

-Sim. Eu farei isso.

-Obrigado.

S/n viu a pequena ir à cozinha preparar o que fôra pedido e logo retornou ao quarto encontrando o homem ainda desacordado.

-Muito bem. Farei o meu trabalho agora, só espero que quando recobrar a consciência você não invente de querer me torturar também.

Enquanto Joll ainda dormia, S/n começou a trata-lo. Ela tirou o uniforme da batente e cortou a camisa branca, deixando-o apenas com a calça azul. A ferida que havia na costela esquerda, embora o sangue estivesse seco, ainda era visivelmente grande e parecia que fôra feita com faca.

Assim que Sarah trouxe a água, S/n começou a lavar a ferida e a deixou limpa antes de iniciar os cuidados médicos. O Coronel precisaria de pontos cirúrgicos tanto naquela ferida quanto no corte do supercílio.

Sarah estava auxiliando a doutora a todo momento. Ela era uma excelente ajudante e sabia muito bem realizar aquilo que era pedido.

Algumas horas depois, elas terminaram o tratamento. S/n viu que o ombro direito de Joll estava deslocado, então improvisou uma tipoia feito com um lençol. Assim que ela terminou de amarra-la no braço de Joll, S/n olhou para o homem vendo que havia um pequeno sinal de desconforto no meio da testa. Ele devia estar com dor, mas só poderia tomar algum medicamento quando acordasse.

-Precisa de mais alguma coisa? _Sarah perguntou baixinho adentrando o quarto mais uma vez após deixar a bacia na cozinha.

-Não. Você já me ajudou muito. Obrigado. Agora vá tomar o seu chá e descansar, querida. _S/n beijou a testa da menor.

-Ficará aqui com ele?

Sarah perguntou olhando para o homem inconsciente.

-É necessário. Ele está com dor e assim que acordar deverá tomar um medicamento para cicatrizar as feridas e alivia-las.

- Entendi. _ela olhou para a doutora _-Mas você promete que se precisar de mim, irá me chamar?

S/n sorriu com lábios esticados

-Eu prometo, mocinha. _ela a abraçou de lado_-Você sabe que é o meu orgulho, não sabe?

-E você sabe que também é o meu._ela retribuiu o abraço _- Não hesite em me chamar, doutora.

Sarah saiu do quarto deixando S/n com um sorriso orgulhoso nos lábios.

Passada algumas horas, S/n havia conferido se Sarah já dormira após tomar o chá de ervas que ela tomava todos os dias. Assim que confirmou que a menina dormia tranquilamente, S/n voltou ao quarto e sentou na pequena poltrona perto da janela onde passou o resto da noite.

Na manhã seguinte, S/n acordou, averiguou como estava o homem e depois foi preparar o café da manhã como fazia todo início de dia. Com tudo pronto, a mulher escreveu um pequeno bilhete e entregou a Sarah que já estava acordada.

-Leve ao Magistrado, por favor. Entregue isso na mão dele, Sarah. E se alguém perguntar, não diga nada.

-Certo. Vejo você mais tarde. E toma cuidado com ele. _a menina apontou para a direção do quarto e S/n sorriu.

-Está tudo bem. Ele ainda dorme, e naquelas condições, não há nada que ele possa fazer para me machucar.

Sarah acenou com a cabeça, abraçou a doutora e deixou a casa indo cumprir o que foi lhe pedido.

Quando S/n voltou ao quarto para ver como estava o Coronel, ela não transpareceu a surpresa ao encontra-lo acordado. O homem olhava na direção da janela e assim que percebeu a presença da mulher, ele olhou para ela, mais nada disseram.

Joll havia reconhecido a doutora e deduziu onde estava, mas apenas ficou seguindo os movimentos dela com os olhos.

S/n foi até ele e o examinou. Aparentemente estava tudo bem.

-O sr. sabe onde está?_Ela perguntou formalmente, mas sem olhar nos olhos dele.

-No vilarejo sem nome.

Disse ele com a garganta seca o que  causou rouquidão. 

-Hum. Recorda seu nome?_A doutora perguntou e Joll assentiu levemente, mas fez uma careta de dor em seguida. _-E do que aconteceu?

-Fomos atacados por nômades.

Ele respondeu virando o rosto para o lado da janela

-Não entendo porque não estou morto como os meus homens agora.

-Aproveite a chance que a vida está lhe dando para se redimir. _disse a doutora enquanto se afastava da cama e Joll olhou para ela. _-Seus homens não tiveram a mesma sorte.

Dito isso, S/n deixou o quarto e o Coronel com seus demônios, voltando apenas com os remédios e o café da manhã que ela o ajudou a tomar.

...

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