Através do Olhar

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Após deixar o Coronel, S/n foi para o quarto da pequena Sarah. A criança já estava deitada e de olhos fechados, mas não dormia. S/n tirou o vestido e colocou seu babydoll antes de deitar ao lado de Sarah. Sentindo o movimento da doutora, Sarah se virou e a abraçou colocando a cabeça no peito dela, ato este que fez Lowove sorrir e esfregar a costa da menor.

-Pensei que já estivesse dormindo.

Disse S/n baixinho ainda esfregando a costa da criança

-Estava esperando você. _disse Sarah de olhos fechados_-O Coronel está bem?

-Sim. Está tendo uma ótima recuperação.

-Que boa notícia!

-Sim._S/n concordou olhando para o teto do quarto _-Posso perguntar o que tanto conversavam de manhã?

Sarah abafou uma risada

-Hey, mocinha, vocês por um acaso falavam de mim?

-Então...sabe o que é?..._Sarah começou sem jeito_-Eu meio que fiz um juramento com ele.

-Como assim, Sarah? _S/n se endireitou para encostar a costa na cabeceira da cama e Sarah se sentou olhando para a tutora.

-Não brigue comigo._pediu inocente _- Ele queria mudar e estava encontrando dificuldades nisso, então eu o fiz prometer que se ele se esforçasse a mudar, que eu o contaria tudo sobre você. Pela reação dele, ficou bastante interessado. Acho que o Coronel quer te conhecer melhor, S/n. Me arrisco a dizer que ele te admira, dá pra perceber pela forma que ele te olha.

S/n encarou a entrada do quarto e ficou atordoada com o que Sarah lhe disse, enquanto recordava da conversa que tivera com o homem a alguns minutos atrás.

-S/n?... S/n?_Sarah chamou balançando a mão em frente ao rosto da mais velha que volta a si e olhou para ela. _-Você ficou pensativa de repente. Está se sentindo bem?

-Estou bem, Sarah. O que exatamente você contou sobre mim?

-Bom, eu resumi tudo que sei sobre você. Contei sobre seus pais, sobre sua vida em Londres e a decisão de exercer sua profissão em um lugar como este. Contei também sobre o seu noivado, mas não entrei em detalhes, porque não era algo que eu deveria contar. Me desculpa se fui longe demais.

A menina arrependida, abaixou a cabeça e S/n respirou fundo levando uma mão até os cabelos castanhos da menor e os acariciando

-Tudo bem. Não estou com brava com você, querida. Você  estava apenas  cumprindo a promessa, já que o Coronel Joll também está cumprindo com o que prometeu.

Sarah ergueu a cabeça e olhou para a mulher.

-Obrigado. _S/n lhe sorriu_-Algum dia você contará a ele sobre seu noivado e sobre...bem, você sabe.

A pequena falou sem jeito.

-Não sei se confio totalmente nele pra contar essa parte delicada da minha vida. _S/n suspirou _-Mas enfim, você precisa dormir agora. Vamos. _A doutora voltou a deitar e Sarah fez o mesmo voltando a posição que estava antes de terem aquela conversa.

Querendo ou não, Sarah acabou trazendo um gatilho do passado que S/n a muito jurou esquecer para não sofrer, e aquilo lhe tirou o sono, mas ela não culpava Sarah por isso, pois a menina não havia feito por mal.

Na manhã seguinte, S/n voltou a seus afazeres, cuidou das feridas do homem e após o almoço, ela foi chamada para realizar quatro atendimentos.

Sarah havia saido para casa de Mai, pois ela estava ensinando a senhora a ler. Então antes de ir atender os pacientes, S/n foi até o quarto avisar o Coronel.

-Tenho que atender alguns pacientes. Teria problema deixa-lo sozinho por algumas horas?

Joll olhou para ela e negou com a cabeça e com um sorriso ladino.

-Não. Tudo bem. _Confirmou

-Ok. Se alguém bater a porta não abra, pois as pessoas não sabem que está aqui, exceto o Magistrado e Sarah voltará apenas ao pôr do sol. Farei o possível para não demorar, mas caso aconteça, você sabe onde fica o banheiro e tem comida e água na cozinha.

-Entendi. _disse Joll_-Não se preocupe comigo. Pode ir.

-Tá bem. Então até mais tarde.

-Até mais doutora.

S/n acenou e saiu do quarto, pegou sua maleta e deixou a casa indo para a casa de seu primeiro paciente.

Ela trabalhou a tarde toda, podendo voltar pra casa ao por do sol assim como Sarah, porém, quando estava voltando, elas acabaram se deparando com uma briga no centro do vilarejo. O público foi assistir e S/n protegeu Sarah em um canto até que a confusão terminasse. Levou alguns minutos até os guardas interromper a briga e separar os homens que disputavam uma mercadoria. Com isso, as pessoas foram dispensadas e S/n e Sarah voltaram para casa.

Sarah foi direto para o banho assim que chegou em casa, já S/n seguiu para o quarto onde encontrou Joll de pé em frente a janela enquanto olhava para o movimento do centro.
A casa da doutora era de dois andares, mas embaixo era simplesmente um armazem de tecidos, então ninguém saberia que Joll estava na janela se não olhassem para cima.

-Oi. _ele tinha um semblante fechado, mas suavizou assim que ouviu a voz da doutora.

-Uh. Olá. _Respondeu ele seguindo-a com os olhos enquanto ela deixava a maleta sobre a cômoda do quarto. _-O que houve lá fora?

-Uma disputa por mercadoria. Isso tem acontecido desde..._ela olhou para ele_-Bem, você deve imaginar.

Brigas não aconteciam naquela vila antes da chegada do Coronel, e Joll entendeu o que ela quis dizer. Ele acenou e sentou-se na poltrona ainda olhando para S/n.

-Como foi sua tarde?_Joll perguntou surpreendendo-a.

-Foi boa. _ela se aproximou dele após pegar algo da maleta_-E a sua?_Ele sorriu

-Entendiante. _S/n sorriu com a resposta

-Sinto muito. _ela se agachou em frente a ele na poltrona. _Posso ver? _Lowove apontou para a direção da ferida da costela. Joll assentiu e ergueu a camisa que ele já havia trocado por ter tomado banho sozinho. _-Bom, isso está melhor a cada dia.

-Se não fosse por você não estaria. _disse ele e ela olhou para cima encontrando os olhos castanhos e por um minuto se perdeu neles. Joll fixou seu olhar ao dela e percebeu sentir uma conexão fora do comum. Internamente ele torcia para que S/n tivesse sentido o mesmo, e de fato ela sentiu, tanto que seu coração errou uma batida no momento.

-S/n!_Sarah chegou no quarto quebrando a conexão do olhar e a doutora continuou a examinar a ferida como se nada tivesse acontecido.

-Precisa de algo, querida?_S/n perguntou se virando pra olhar a criança

-Estou um pouco enjoada. _S/n rapidamente se levantou e segurou os ombros da pequena, mediu a temperatura da testa com a costa de uma das mãos e depois levou Sarah para fora do quarto. Joll franziu o cenho, ele queria saber o que estava acontecendo com a criança, mas não iria se intrometer por hora.

S/n preparou o chá que Sarah bebia todas as noites e a fez se deitar mais cedo, pois a menina precisava descasar. Quando a temperatura voltou ao normal, Sarah finalmente adormeceu e a doutora respirou aliviada voltando para o quarto de Joll.

-Ela está bem?_Ele perguntou nitidamente preocupado e S/n suspirou enquanto voltava a agachar para cuidar da ferida de Joll.

-Tem algo que precisa saber sobre Sarah. Mas não é fácil contar.

-S/n?_Joll gentilmente tocou o rosto da doutora vendo os olhos C/o brilhantes dela. _-Confie em mim.

-Sarah está doente.

Joll precisou de um tempo para absorver a informação enquanto olhava para as lágrimas que se formavam nos olhos da mulher a sua frente.

...






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