Snape tinha sido surpreendentemente decente ao cuidar de Harry naquela noite. Seu toque tinha sido gentil, mas ele ainda assim ele o limpara o máximo possível, por causa da perna machucada de Harry. Ele não tinha demorado ou zombado dele, nem tinha respondido a nenhuma raiva de Harry com insultos. Em vez disso, ele aceitou cada farpa venenosa que Harry cuspiu como uma verdade.
Harry não entendeu. Onde estava o bastardo cruel que fez de sua vida um inferno por seis anos e que o machucou tanto há uma ou duas horas?
Quando Snape terminou de limpar Harry, ele tirou um pote de pomada azul familiar. "Eu acredito que você reconheça isso, Potter?"
"Sim, eu sei que é pasta de hematomas. O que eu não entendo é por que você está usando isso em mim quando foi você quem me machucou em primeiro lugar."
Snape não disse nada por um longo momento. Em vez disso, ele se ocupou cuidando dos hematomas ao redor da tala de Harry.
"Potter, como está sua Oclumência?"
"Uma merda, como você sabe, já que você nunca me ensinou corretamente e ninguém mais se deu ao trabalho de tentar."
Snape não encontrou seus olhos. "Então eu suponho que você tem que trabalhar nisso."
Harry esfregou a testa. "Você quer dizer que vai me treinar entre as sessões de tortura, senhor? Oh, muito obrigado."
"Sim, Potter, é exatamente isso que eu devo fazer." Snape segurou seu olhar. "Você é o prisioneiro do Lorde das Trevas, não importa o que queira pensar no momento. O que você acha que ele fará se acreditar que eu sou simpático à sua situação?"
Harry estremeceu e se apertou contra os lençóis, longe daqueles olhos proibitivos. "Você vai me machucar de novo, não vai?"
Snape baixou a cabeça em sua mão. "Poderia ser pior."
Harry engoliu através de lágrimas repentinas. "P-pior?"
"Eu tive o luxo de fingir desta vez. Da próxima vez, talvez nenhum de nós tenha tanta sorte."
Harry choramingou. "Você quer dizer, você realmente...?"
Snape estremeceu, e lágrimas prateadas brilharam em seus cílios. Por quê? Por que ele tinha que chorar? Era a bunda do Harry em risco, não era?
"Eu vou... terminar com seus hematomas agora, Potter", disse Snape em um tom baixo e quebrado. "Você prefere um feitiço dessa vez?"
O tremor de Harry fez Snape vacilar, mas o homem simplesmente lançou uma série de feitiços de cura, cobriu Harry com o cobertor, colocou um pouco de água na mesa ao lado da cama para ele e se enrolou na poltrona por perto.
Harry franziu a testa para o espião. Dado o que Snape havia feito anteriormente, Harry esperava que ele forçasse sua presença ao seu prisioneiro. Por que Snape não foi para a cama com ele? Não que Harry o quisesse lá, mas não fazia sentido.
Snape conjurou um cobertor e o colocou sobre as pernas de Harry, depois envolveu uma colcha conjurada em torno de si mesmo.
"Tente dormir se puder, Potter."
"Se eu conseguisse seria uma coisa boa", Harry retrucou.
"Eu sei."
Snape levantou as pernas e deixou a cabeça cair em seus joelhos. A visão do poderoso espião com as pernas dobradas no peito e balançando-se como uma criança assustada—Merlim, foi terrível.
Algo dentro do Harry quebrou. Ele nunca tinha pensado em Snape como um ser humano antes, mas ver seu professor sarcástico enrolado em uma bola e tremendo por toda parte o forçou a reconhecer a vulnerabilidade do homem.
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Come What May (Tradução)
Teen FictionQuando Vernon quebra as barreiras da Rua dos Alfeneiros mais cedo, Harry se vê prisioneiro involuntário de seu pior inimigo. Snape o assusta, mas neste inferno de morte e destruição, ele pode ser a única esperança de sobrevivência de Harry. Créditos...