Ava, uma jovem entregue aos cuidados de sua tia desde os primeiros dias de vida, encontrou-se abandonada por essa figura maternal após quase quinze anos de convivência. Diante dessa traição, ela se vê obrigada a compartilhar sua vida com o irmão, Ro...
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SLOANE LOPES UMA VEZ DISSE que “Às vezes o passado bate à nossa porta, mas somos nós quem decidimos se abrimos ou não”. Ava Keene discordava piamente dessa ideia, especialmente agora. Às vezes, simplesmente não há escolha.
Shannon tentava disfarçar o desconforto enquanto observava a reação da filha. Ana, alheia à tensão no ar, continuava a falar, mas Ava estava paralisada diante da presença de David. Seus olhos castanhos, que momentos antes brilhavam após a vitória contra Terry, agora estavam opacos, sem vida.
——— É bom te ver, Ava. Como você está? ——— David perguntou, tentando se aproximar dela, a voz carregada de uma falsa suavidade, levando-a de volta para o dia que conheceu ele.
Ava deu um passo para trás, sua expressão endurecida, mantendo uma distância segura. A presença dele ainda era uma ameaça, um fantasma que ela nunca esperou enfrentar novamente. Ela não conseguia acreditar que ele estava ali, na casa dela, depois de tudo o que aconteceu. Sentia-se traída e enganada, uma ferida antiga sendo reaberta com brutalidade.
——— O que ele está fazendo aqui? ——— Ava perguntou, tentando controlar a raiva que sentia.
——— Bom ——— Ana entrelaçou os dedos com os dele, um gesto que fez Ava se encolher internamente ——— o destino nos juntou de novo. Viemos juntos, estamos em uma viagem de reconciliação.
Ava sentia a adrenalina pulsando em suas veias, uma corrente elétrica de puro instinto de fuga. Tudo o que ela queria era que David saísse dali imediatamente. Mas sabia que tinha que se controlar. Ela tinha que se controlar...
Ava olhou para David e forçou um sorriso amargo, uma máscara de cordialidade que escondia o que realmente sentia.
——— Tá... eu... estou exausta depois de hoje, então eu vou me deitar ——— disse em um tom frio e distante, antes de sair rapidamente da sala. Ouviu sua mãe a chamando, mas ignorou.
Ela foi para o quarto, sentindo seu coração bater forte no peito, cada batida um tambor de ansiedade e medo. Queria gritar, queria chorar, mas sabia que não podia deixar que a vissem assim. Jogou-se na cama, segurando as lágrimas com uma força que quase a sufocava.
Sabia que não podia deixar que David a afetasse novamente, mas era difícil esconder o medo que ainda sentia. Sabia que tinha que ser forte e manter a cabeça erguida, mas a presença de David a deixava insegura e vulnerável. Respirou fundo, tentando acalmar o tumulto dentro de si, e prometeu a si mesma que não deixaria que ele a atingisse novamente, que ele não teria esse poder sobre ela.
