18° - Planos

316 45 3
                                    

Beatrice

Logo que desembarcamos na estação de trem, aquele inconfundível frio na espinha me atingiu, de forma dez vezes menor e então olhei para Ava que estava olhando em volta com um olhar de raiva e atenção, isso me indicava que havia espectros em volta.

-Quantos são Ava?

-Muitos, não podemos enfrenta-los sozinhas, não no meio dessa multidão, precisamos sair daqui o mais rápido possível e...

-A Madre pode estar certa afinal das contas, se aqui na estação tem tantos, imagina quantos não deviam ter no aeroporto, precisamos encontra-las, agora mesmo. – interrompi Ava continuando seu raciocínio e a preocupação com nossas irmãs aumentando.

Ela apenas acenou com a cabeça e seguimos rumo ao endereço que havíamos recebido poucas horas antes informando o local que nos encontraríamos, depois de pegarmos um taxi logo chegamos e encontramos todas bem inclusive Yasmine e Dora. Falamos sobre os espectros na estação e ao fundo da sala de estratégia montada, Lilith falou.

-No aeroporto também tinha muitos, mais de 20, estavam nas portas de desembarque, alguns eu reconheci de rosto.

-Eu e Dora também reconhecemos alguns ontem lá na igreja, estavam todos prestando grande atenção na mulher que comentei. – Yasmine relatou o seu lado também.

-Isso quer dizer que essa mulher deve estar na liderança. – falou a Madre

-E o Kristian está reunindo os antigos comparsas, precisamos ir até a igreja e...

-Ainda não Ava, precisamos estudar um pouco mais o terreno e também vamos esperar anoitecer assim podemos observar sem que nos vejam. – falei para Ava que como sempre queria ir para a luta sem qualquer estratégia. – Madre nos indique o quão longe estamos? Quais as informações que temos?

Passamos mais ou menos três horas criando um plano de tocaia, tentando prever todas as coisas erradas que poderiam acontecer e arquitetando planos de contingência para cada uma das possibilidades. Eu, Ava e Mila ficaríamos de um lado do terreno, Madre, Dora, Yasmine e Lilith ficariam com o outro lado e as irmãs Kate, Alice e Carol ficariam nos fundos assim conseguiríamos cobrir uma boa área.

Quando enfim os planos foram definidos pedimos comida e almoçamos todas juntas, o clima estava tenso, todas tentavam fazer alguma brincadeira ou comentário engraçado na falsa esperança de deixar as coisas mais leves, exceto aquela que sempre fazia isso, Ava, que estava tensa desde que chegamos a Roma, algo estava acontecendo além daquilo que estávamos todas cientes.

Ao final da refeição ela não me esperou levantou e saiu, e antes que eu pudesse acompanha-la Mila entrou na minha frente.

-Bea o que a Ava tem? Ela está quieta demais, não é normal para ela.

-Eu não sei, estava indo falar com ela, ela esta estranha desde o desembarque aqui, esta tensa, ela esta pensando em algo, isso me deixa com medo porque da ultima vez que ela ficou desse jeito sabemos o que aconteceu, prometemos não fazer nada imprudente sem falar uma com a outra de novo mas ela agir dessa forma eu...– respondi com sinceridade, o medo estava de fato começando a dar as caras.

-Calma, a gente sabe como a Ava fica impaciente com a falta de ação, ela só deve estar frustrada e pensando no que pode fazer pra ajudar.

-É você tem razão. – decidi dar ouvidos a Camila, afinal sabia como Ava era quando se sentia impotente mesmo. Acenei para Mila e lhe dei um pequeno sorriso antes de sair a procura de Ava pela casa.

Demorei um pouco para encontra-la em um canto bem reservado da casa e quando encontrei não soube bem como reagir, ela estava meditando com o halo aceso, ela tinha a mesma energia e expressão que teve quando colocou a coroa de espinhos e como com a coroa eu sabia que não podia acorda-la então apenas me sentei ao lado dela e depositei minha mão na sua na esperança de que ela sentisse e soubesse que eu estava ali do lado dela.


Ava

Toda aquela espera para agir estava me consumindo mas algo que Bea falou antes de iniciarmos os planos me voltou a mente na hora do almoço e me fez passar todo o tempo pensando, estudar o terreno, realmente precisamos fazer isso e como fazer sem saber quem é essa mulher?! O que ela quer?! O que ela pode fazer?! Terminamos de comer e eu simplesmente sai da mesa sem sequer esperar a Bea, eu tinha que fazer algo, tinha que responder essas perguntas, tais quais eu sabia exatamente quem poderia responder parte ruim de fazer isso é que eu esgotaria quase toda a energia do halo até amanhã, hoje na tocaia vou estar no nível das minhas irmãs, única diferença é que vou continuar vendo os espectros mas qualquer poder diferente não vai estar ali, mesmo assim eu preciso fazer isso e hoje é apenas para observar e estudar tudo o que podemos e o que vou fazer se enquadra nisso também.

Achei um canto bem isolado da casa, me sentei no chão ficando em postura de meditação, fechei os olhos e ativei o halo, me concentrei nas batidas do meu coração fazendo com que diminuíssem até quase pararem e em poucos minutos lá estava eu de volta (mentalmente) ao lugar que me senti presa por 5 anos.

Reya estava de costas, parecia tensa e não percebeu minha presença, o que era bem estranho já que ela sentia tudo.

-Reya. – chamei suavemente.

- Criança, você voltou tão cedo, está tudo bem? – ela parecia feliz ao me ver mas a preocupação e a tensão eram palpáveis.

-Não muito na verdade, eu estou bem por hora, mas tenho algumas perguntas pra fazer, existe mais alguém parecido com você e Adriel? Uma mulher com o mesmo tipo de energia de vocês? – perguntei direto, não estava com tempo para ficar de rodeios e não queria passar mais tempo do que o necessário naquele lugar, não queria preocupar a Bea que estava agora do meu lado e segurando a minha mão.

-Como assim? Do que você está falando? ‐ ela perguntou tensa, ela sabia exatamente do que, ou melhor, de quem eu estava falando mas decidiu fazer a sonsa e esconder.

-Pela sua cara você sabe exatamente de quem eu estou falando então acho melhor falar logo, seja quem for, esta no meu mundo e preparando uma guerra. Preciso saber mais, agora mesmo.

-Criança, não é tão simples assim...

-Reya, desculpa falar assim com você, mas foda-se a complexidade, eu preciso saber quem ela é, o que ela é capaz de fazer e se possível saber um motivo pra ela querer uma guerra no meu mundo, pelo menos um motivo provável.

-O nome dela é Nuriel, ela é a irmã mais nova de Adriel e uma excepcional estrategista de guerra, na guerra que teve entre eu e ele, ela estava do lado dele, mesmo que fossemos amigas ela escolheu ele, não a julgo, ele era a família dela, a única família e eu só ganhei essa guerra porque ela não contou que ele acabaria fugindo o que permitiu que ela fosse capturada, então a deixei presa por mais ou menos 92 mil anos, de tempos em tempos eu ia até a prisão dela mas ela estava sempre obcecada em achar o irmão e se vingar de mim por tê-la prendido, com o passar do anos deixei de me importar em ir até lá, sequer me lembro a ultima vez, mas pouco depois que você partiu eu fui até o lugar em que Nuriel ficava presa e descobri que ela havia fugido, não sei bem a quanto tempo mas foi tempo o suficiente pra ela criar um portal fixo, um portal que eu não consegui sentir quando foi aberto e não consegui fechar ainda, a energia emitida por esse portal não é minha e também não é mais desse mundo. – ela falava com calma, mesmo tensa sua voz saía suave.

-Como assim não é mais desse mundo? – perguntei confusa, apenas algo desse lado era capaz de abrir um portal.

-O halo Ava, toda a energia do portal da Nuriel veio do halo e ele não pertence mais a esse mundo, ele escolheu você e portanto pertence ao seu mundo agora.

-Mas como ela usou a energia do halo?! Por que ela esta no meu mundo?!

-Infelizmente eu não sei  te responder a isso.

-E do que ela é capaz? Quais poderes ela tem?

-O mais forte é a hipótese, um olhar bem concentrado e você se sente atraído na direção dela, você será imune a isso por causa do halo. De resto os poderes dela se equilibram com os de Adriel.

-Certo e se for necessário, como é que eu mato essa doida ai?

-Existem alguns cristais no seu mundo, cristais como esses...- ela falou se afastando e saindo do ambiente mas logo retornou com um cristal hexagonal de uns 10cm, era igual aos cristais que estavam no quarto secreto. – Se vocês acharem cristais assim podem conseguir não só mata-la como também se tornar imune a hipótese dela mas pra isso acontecer o cristal tem que estar em contato direto com a pele da pessoa a ser protegida. Esses cristais eles...

-Eles reagem ao halo, imitemem em uma luz branca azulada.

-Vocês possuem eles?

-Sim, temos alguns, não sei se o suficiente para fazer armas e proteção para todas mas temos alguns.

-Ótimo, agora você precisa ir, seu nariz começou a sangrar, se não for...

-Meu cérebro vai derreter...é eu sei, obrigada pelas informações. 

-Se cuida criança, tome muito cuidado com a Nuriel, ela é perigosa e está com sede de vingança o que a torna mais perigosa do que o Adriel.

Ela terminou de falar e eu acordei não estava mais sentada e sim deitada no chão com uma Bea super preocupada em cima de mim.

-Ava?! Ava, você está bem? O que aconteceu? – ela perguntava mas eu estava longe ainda para conseguir responder, tentei me concentrar mas foi em vão pois desmaiei logo em seguida.

Live your Life - in the nextOnde histórias criam vida. Descubra agora