Prisão e liberdade

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Mal posso acreditar que finalmente é sexta feira,acordar cedo e perceber que que finalmente vou ter tempo para fazer os sete trabalhos que preciso entregar semana que vem é libertador.

Eu fiquei focado nas aulas o dia todo mas agora que escureceu eu finalmente posso me estressar e ansiar pelo carro que me levará até minha casa.

O uber que chamei já deve estar cruzando esquina da faculdade.Hoje eu estou decido a contar oque escondi durante esses vinte anos,e também oque escondi por quatro.

Eu entro no carro e abro a janela,meus cabelos estão arrepiados,meu corpo todo parece tremer como nunca.Eu obviamente não vou deixar que esse medo me faça voltar atrás.Minha mãe é calma,se ela não me aceitar provavelmente o máximo que vai fazer é pedir que eu me distancie.

Passo todo o caminho tentando me convencer disso" Ela é minha mãe.Ela não vai fazer isso comigo ". Quando finalmente chego e pago o motorista minha ficha cai.

Minha mãe abre a porta e me recebe com um sorriso acolhedor.

Os cabelos pretos se estendem até pouco acima da cintura,ela é fisicamente muito parecida comigo,traços pontiagudos,sorriso meigo e calmo,e uma estatura baixa.

Eu vou até ela e a abraço. Meu nervosismo me faz querer chorar agora,meu coração parece estar contraindo cada vez mais.

Eu me separo de minha mãe enquanto ouço ela perguntando sobre como Mina está,se ainda fuma,entre outras perguntas.

Minha mãe nunca gostou de ver Mina fumando,por isso a garota sempre sai de perto dela pra fazer isso.

Eu me sento na mesa de jantar e olho nos olhos negros de minha mãe enquanto engulo seco .O nervosismo toma conta de mim,meus cabelos levantam e minhas pernas tremem demais.Tomo coragem e finalmente assumo:

-Mãe,eu sou gay.

Fechei os olhos,não quero ver a reação dela.

Um sussurro preenche o cômodo:

-O que?

Eu respiro fundo e repito:

  -Mãe,eu sou gay.

Ela se afasta de mim,dá para perceber por conta dos sons de seus sapatos.Ela para por um instante e diz:

-Por favor,pare de piadas ou saia daqui e não volte.

Meu mundo cai.

Eu vou até meu quarto e pego o restante de coisas que ainda ficam aqui,por conta de morar na faculdade muitas roupas já estão comigo.

Eu pego minhas coisas,documentos antigos,fotos,desenhos,livros,tudo que é meu vai ir comigo.

Eu coloco tudo na mala que usava para viagens em família  e vou embora,passo direto pela cozinha.

Posso ouvir ela chorar.

Sempre achei que ela ia me apoiar mas essa visão mudou nos últimos anos.

Sinto que minha mãe estava mentindo.

Eu aperto a campainha da casa mais próxima e,não surpreendendo ninguém,quem abre a porta não é o dono da casa e sim o Shoto.

Eu apenas perguntei:

-Tá namorando o Izu agora?

Ele nega com a cabeça e chamou o Izuko.

Quando ele vê minha mala me olha confuso então me apresso para explicar:

-Minha mãe me colocou pra fora.Posso esperar um carro aqui?

Izuko abre e fecha a boca antes de dizer:

-Ah,eu.. Sinto muito,você parece gostar muito dela.Pode ficar aqui,sim,não tem problema.

Eu agradeço enquanto pego o celular e chamo um motorista.

Pouco depois a mensagem chega,eu me despeço do casal e vou rumo ao carro.

Enquanto atravesso a cidade novamente passando pelas esquinas recheadas de marcadinhos e casas antigas.

Eu deixo algumas lágrimas caírem.

Assim que o carro para e percebo que já cheguei ao meu inevitável destino.

Eu pego a mala e pago o motorista.Vou em direção à porta e bato decididamente.

O garoto de cabelos loiros e face cansada sorri ao me ver e deposita diversos beijos em meu rosto.

Katsuki Bakugo não faz ideia.

Eu passo meus braços por sua cintura e apoio minha cabeça em seus ombros.

Lágrimas caem por minhas bochechas.

Eu junto forças para pedir:

-Amor,posso morar com você?

Katsuki me beija e olho em meus olhos:

-Você,praticamente,já mora comigo,cabelo de menstruação.Entre,eu levo suas coisas.

Eu pego minha mochila e entro na casa de meu namorado.

Sempre pensei em morar com Katsuki,mas não achei que fosse ser assim.

Eu deito na cama e abraço o travesseiro de Katsuki.

Tem cheiro de caramelo.

O rastro de seu cheiro no travesseiro é o suficiente para me aliviar. É melhor vir aqui logo ao invés de viver no armário.

Agora eu posso começar meu trabalho e ajudar o suki com as contas,assim vamos viver bem.

Eu descanso meus olhos e deixo o restante das lágrimas percorrerem por meu rosto e caírem no travesseiro.

Sinto Katsuki se deitar ao meu lado.Ele começa a fazer carinho em meu cabelo enquanto assobia uma música calma.

Eu solto o travesseiro e vou em missão de sentir o cheiro de caramelo diretamente.

Eu tiro a blusa de Katsuki e me deito em seu peito.Sinto sua respiração calma se acelerar aos poucos e logo escuto ele questionar:

-Por que veio aqui agora??

Eu deixo um sorriso brotar em minha face :

-Minha mãe me colocou pra fora,pelo menos ela não jogou um prato em mim.

Eu começo a rir enquanto, aos poucos,lagrimas voltam a escorrer por meu rosto.

-Sinto muito.

Eu me aconchego em seu peitoral e digo:

-Eu também sinto muito,sinto muita alegria,finalmente sai de uma prisão que não podia ser vista ou tocada.Agora vou morar com você,meu namorado, e isso é uma enorme conquista.Sou feliz agora.

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⏰ Última atualização: Jun 18, 2023 ⏰

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