Two

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━━━ 𝐓𝐰𝐨: 𝐓𝐡𝐞 𝐫𝐞𝐚𝐩𝐞𝐫 𝐨𝐟 𝐭𝐞𝐥𝐞𝐩𝐚𝐭𝐡𝐲

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— Você poderia ficar um pouco comigo?

— Desculpa, mas... quem é você? — extremamente confuso e um tanto surpreso com o pedido repentino do então estranho, o calouro indaga perplexo, observando o outro com seu olhar desesperado, ainda segurando o tecido de seu blazer escolar.

Percebendo isso, Zhanghao rapidamente solta o tecido que segurou por impulso, arrependendo-se logo em seguida, observando a marca amassada que ficara no blazer que antes parecia perfeitamente bem cuidado e passado, sem nenhum sinal de desgaste. 

Tentando ignorar esse pequeno detalhe — e esperando que o outro não notasse — o mais velho se recompõe, já respondendo à pergunta anterior:

— Eu sou o Zhanghao, da turma quatro do terceiro ano — apresentou-se em uma breve reverência, desviando o olhar do outro que ainda permanecia confuso.

— Oh, então você é estrangeiro? — Zhanghao assentiu, encarando seus pés — eu desconfiei um pouco pelo seu sotaque — disse bem humorado, tentando quebrar o clima estranho que se estabeleceu entre os dois — enfim, meu nome é Sung Hanbin e eu sou do segundo ano, da turma cinco — com um sorriso doce e cativante, o garoto de uniforme impecável e cabelos devidamente arrumados se apresenta, exibindo uma aura radiante e encantadora — eu realmente lamento não poder te ajudar no momento... minha primeira aula será física e eu definitivamente não posso faltar — mordendo levemente seus lábios, demonstrando parte de seu nervosismo, o garoto justifica.

Hanbin era o típico aluno modelo da turma — ou, até mesmo, da escola. Querido pelos professores, notas sempre impecáveis, extremamente inteligente e, claro, exuberantemente bonito. Ele era o crush ideal de qualquer garota do ensino médio, contudo, isso era a coisa com a qual ele menos se importava dentre todas as outras. Suas prioridades eram bem claras em sua mente e, definitivamente, ele não seria do tipo de garoto que "desperdiçaria" seu tempo com esse tipo de relação, ainda mais quando se tem muitas outras coisas para se preocupar no momento.

Zhanghao não pôde deixar de se sentir derrotado, fazendo — mais uma vez — papel de idiota. De qualquer forma, ele compreendia muito bem o mais novo; se ele estivesse em seu lugar, certamente não trocaria uma aula extremamente importante para ajudar um completo estranho — que, não bastando isso, amassou seu uniforme —  e que nem sequer disse seus motivos para o repentino pedido.

— Certo, me desculpe por atrapalhar você — e com uma breve reverência, o de cabelos vermelhos caminha na direção original de seu destino, voltando a sua sala de aula, sentindo gradualmente as vozes voltarem a sua mente, porém, menos intensas.

Zhanghao não tinha muita escolha, ou ele aprenderia a conviver com a bagunça em seus pensamentos e a dor que isso lhe causava, ou ele simplesmente não conseguiria viver como um adolescente normal no mundo.

[...]

O sol escaldante repousava sobre seus braços desnudos, esquentando sua pele pálida como a neve, gradualmente aquecendo o restante de seu corpo, fazendo-o sentir calor, despertando-o de seu sono eterno. Enquanto isso, a última aula do dia era ministrada — mas ele não dava a mínima importância a isso. Em sua mente, a única coisa que o intrigava mais que a aula de filosofia chata e sem graça, era o estranho fato de um garoto totalmente aleatório, magicamente, deixar a mente de Zhanghao em completo silêncio.

Já havia se passado algum tempo desde que o efeito telepático tinha cessado — ou, pelo menos, dado uma trégua temporária —, dando espaço para o turbilhão de pensamentos envolvendo a situação com Hanbin, chegando a conclusão de que aquilo não fazia o mínimo de sentindo. Milhões de hipóteses passaram por sua mente, tentando convencer-se de que nada disso fora causado por Hanbin, mas sim, por qualquer outro fator desconhecido por si, até então.

Erguendo sua cabeça antes apoiada sobre a mesa, deixando a situação de Hanbin de lado, Zhanghao observa de longe o relógio instalado acima do quadro, constatando faltar apenas cinco minutos para que a última aula acabasse. Rapidamente, Zhanghao tomou os materiais que ainda estavam espalhados sobre a mesa, colocando-os dentro de sua mochila, apoiada sobre o lugar em que Ricky comumente sentava, mas que agora estava vazio — e ele nem ao menos sabia o porquê de o garoto não estar ali.

Assim que seus ouvidos foram preenchidos pelo toque ressoante do sino, alertando o fim das aulas, Zhanghao apoiou sua cabeça novamente sobre a mesa, fechando os olhos e tapando seus ouvidos, em uma tentativa falha de não ouvir os pensamentos dos alunos que saíam das salas de aula, refletindo sobre as diversas coisas que fizeram ou ainda fariam. Era incrível como seu poder telepático amava aparecer justo nas horas e locais mais inconvenientes e perturbadores possíveis. Ele faria qualquer coisa para que isso parasse de acontecer, mas não fazia ideia de como.

Após alguns minutos, percebendo o movimento quase nulo dos corredores, Zhanghao se preparou para ir embora, agora com o ambiente bem mais tranquilo. Assim que chegou ao corredor, observando estar vazio, permitiu-se caminhar alegremente e saltitante, notando que nenhuma voz era ouvida. Era apenas paz e tranquilidade. Era o paraíso.

— Zhanghao? — a voz tão calmante estava ali, logo atrás de si, fazendo o mais velho tomar um belo susto.

— Ah... Oi — cumprimentou em um aceno, arrependendo-se logo depois do gesto estranho que fizera.

— Você ainda precisa de ajuda com algo? — com seu típico sorriso cativante, Hanbin indaga, encarando os olhos perdidos do mais alto, percebendo-o inquieto.

— Ahm, é que... — após um longo suspiro, Zhanghao tenta buscar toda sua coragem existente para tentar explicar ao mais novo sua situação estranha — é um tanto quanto complicado, não tenho certeza se você entenderia...

— Bom, se você não sente confortável em dizer, não tem problema — disse em tom apaziguador, tentando deixar o outro menos tenso, ainda com o sorriso estampado no rosto — quando quiser minha ajuda, é só me procurar, eu geralmente fico na biblioteca nos intervalos e também na parte do contraturno, às vezes — explicou — caso não me encontre por lá, você pode tentar procurar pelo Woohyun, ele também passa na biblioteca, de vez em quando.

Ver o garoto realmente disposto a ajudar Zhanghao, mesmo sem saber do porquê, tocou seu coração gelado. Ele ainda não tinha muita certeza se deveria mesmo contar ao outro sua situação, mas também não descartaria essa possibilidade.

— Certo, muito obrigado — agradeceu em uma breve reverência, desta vez olhando em seus olhos.

— Isso não é nada... até mais, Zhanghao! — retribuindo o cumprimento, Hanbin se despede, deixando o local logo em seguida.

Alguns segundos depois, Zhanghao pôde ouvir duas vozes distintas e pensantes ecoando em sua mente, constatando que ele não estava sozinho, mas sim, que a presença de Hanbin — novamente — havia anulado o efeito da telepatia.

A hipótese de Hanbin ser um ceifador de telepatia parecia ganhar cada vez mais evidências e força, o que deixava tudo mais intrigante.

A Telepath's Diary [HAOBIN - ZB1]Onde histórias criam vida. Descubra agora