Independência
No andar de baixo minha mãe estava debruçada sobre a mesa, possivelmente ela já saiba o que aconteceu, hora de fingir demência.
─ Nossa você em casa há essa hora que milagre
Ela ergueu o rosto parecendo transtornada.
─ Onde você estava?
─ No meu quarto tirando um cochilo por quê?
─ Como chegou em casa?
─ Bem o velho não apareceu como eu já esperava então fui pro ponto levou uma vida, mas cheguei em segurança, obrigada por perguntar
─ Ele morreu... - ela suspira. ─ Ele morreu...
─ Ele quem?
Provavelmente eu estou brincando com fogo, mas que "foda", é mais seguro para mim.
─ Seu pai, ele saiu para ir te buscar e foi morto.
"Hora da atuação altamente verídica."
─ Oh não... Não é possível - faço uma cara de espanto. ─ Tem certeza que essa só não é só mais um daqueles perdidos que ele vive dando?
─ Por sua causa ele morreu. - ela se levanta. ─ Você é a pior maldição dessa família, pior que sua tia!
Ok agora eu fiquei irritada.
─ Eu não fiz nada. - nego.
─ Se você não tivesse saído ele não ia precisar ir te buscar.
─ Qual é ele ia sair de qualquer jeito para beber nós duas sabemos disso.
─ Você é uma praga que eu não pretendo continuar sustentando.
─ Pff diz isso porque nem você sabe como vai continuar si sustentando. - debocho de sua ameaça. ─ Mas se você quer me por para fora fique a vontade.
─ Você tem até as 14h pra arrumar sua bagagem e sair da minha casa se não vou chamar a policia.
─ E supostamente eu vou pra onde? Não sei se você se lembra, mas aquele traste não me deixava trabalhar e nem me dava um centavo, com que renda eu vou viver?
─ Isso não é problema meu.
─ Ah legal, por causa de vocês eu não tenho nenhum tipo de experiência profissional, mas agora isso não é culpa sua, legal, legal.
Ela me lançou um olhar de desprezo e se levantou.
─ E a tia Eda é uma mulher incrível ela é inteligente, poderosa e ao contrario de você tem coração!
Ela me ignorou e continuou se arrumando para sair.
"Mas que puta, "mocreia", desgraçada além de "fuder" com a minha vida agora vai me por para fora com zero de ajuda. Devia acionar a Will para descer a lenha nela, mas não é como se isso fosse melhorar algo."
─ Tudo bem eu vou dar no pé.
Voltando para o quarto, arrumei minha bagagem o mais rápido possível, mas antes de sair eu sai pela janela e me pendurei até a janela do quarto deles e fui direto no cofre secreto deles as economias da família a única verba deles, limpei tudo, considero isso um acerto de contas por tudo que eles me fizeram passar.
Sai pela porta da frente com apenas duas grandes bolsas pendurados em meus ombros, uma mochila, e um aquário para cobras. Enquanto eu caminhava para longe escutei um verdadeiro quebra pau.
Sons de metralhadora, vibro quebrando, pancadas em alguma coisa, um gato voando e então Amy Light sai pela porta da frente parecendo transtornada.
─ V-você está bem?
Pergunto cautelosa.
Ela me olha um pouco envergonhada.
─ Porque você escutou?
"Eu e o resto da cidade inteira". Antes que eu pudesse mentir, da janela de cima uma MILF apareceu e berrou:
─ Você é uma prostitutazinha feia e ingrata igual a sua mãe!
Ela anunciou e depois saiu batendo a janela.
─ Quem é ela?
Pergunto.
─ É a minha mãe
─ Olha o que aconteceu na escola naquele dia...
Tento começar a minha desculpa.
─ Você assustou todo mundo.
─ Olha é que eu estou passando por uma fase difícil.
E cada vez fica mais difícil.
─ Eu também. - ela revela. ─ Meus pais querem que eu vá para faculdade, mas eu quero ser dançarina.
Dançarina não precisa de faculdade? Não dá para conciliar os dois? Duvidas que nunca teremos a resposta.
─ Eu acredito em você
─ Acredita de verdade né?! Eu queria dizer o mesmo da Boscha. - ela se vira. ─ Sei lá será mesmo que ela é a pessoa certa? - não ela não é mesmo, tá no roteiro que vocês vão terminar, mas não antes de eu ter o prazer de fazê-la corno. ─ Ou eu só namoro ela para contrariar o meu pai? - "Opa, opa, opa meu momento tá chegando ela já está duvidando do traste." Me aproximo mais até quase tocar na cerca de ferro. ─ Que não quer nenhum garoto ou garota perto de mim e por isso instalou a cerca elétrica. - ela diz quando minhas mãos já estão tocando a cerca e eu só sinto o choque me percorrer. ─ Fazer o que não se pode fugir do destino. - sinto uma força maior me puxando para trás eu caio, mas assim que vejo que elas estava se virando me levanto tentando parecer natural. ─ Não acha?
─ A-a-acho.
Não sei nem com o que concordei.
Um carrão vermelho para na frente da casa dela buzinando.
─ Amity vem logo.
Chama Boscha.
─ Tchau Luzinha.
Ela acena antes de ir e eu fico ali com aquela cara de idiota.
"Droga no que eu estou pensando eu tenho que dá no pé antes que a velha perceba que foi roubada, pego o aquário que tinha deixado no chão e inicio minha longa caminhada para... Pra onde mesmo?"
Vai pra casa da sua tia seu animal burro!
Ou pra casa de uma amiga
Ou vai pro dormitório da escola.
"Já sei o que fazer!"
Saquei o celular: ─ Willow me encontra na concessionária vamos tirar meu carro!
Senti múltiplas batidas na minha testa, mas não liguei, segui com meu sonho de vida.
Que provavelmente vai te levar a morte prematura.