Capítulo 7

4.6K 429 235
                                    

Caminhamos por uns cinco (ou mais) minutos até chegarmos ao local, que tem por volta de sete árvores grandes dispersas, pneus empilhados, placas de compensado apoiadas entre pedras e outros materiais aleatórios que impedem a visão completa do campo.

— Muito bem, pessoal. Peço que venham até aqui os componentes das equipes Amarela e Rosa, e os demais se afastem do campo o suficiente para não serem atingidos, só peço que não exagerem na distância. — André grita, tendo em vista que aqui não há microfones e caixas de som.

Ficamos então a uns bons metros de distância e o jogo começa. Tento observar o funcionamento, perceber algumas táticas e modos de atacar. Não deve ser muito difícil, mas mesmo assim continuo nervosa, seria muito melhor jogar Super Banco Imobiliário ou Perfil 5.

Como vejo a maioria das pessoas sorrindo durante o jogo, imagino que na "hora H" o nervosismo possa ir embora e jogar se torne até divertido. Eu, particularmente, desejo mesmo que seja assim comigo.

Alguns são mais medrosos, ficam apenas se escondendo por trás de pneus e placas; outros já são tão audaciosos que nem pensam em se esconder, andam normalmente só no ponto de atirar no oponente; e outros já não estão nem ligando, conversando como se nem estivessem no meio de uma batalha. Ao me comparar com esses três tipos de jogadores, acho que pertencerei ao primeiro. Rio pra mim mesma.

A competição continua e a cada jogo que finaliza o meu nervosismo aumenta, principalmente depois de ver algumas meninas fazendo um escândalo depois de levar um tiro. E pior: os próprios meninos ficaram se reclamando da dor, claro que não reagiram como as garotas, mas deu para perceber que doeu bastante. Posso afirmar que estou com muito nervosa mesmo.

O placar final acaba ficando assim:

Amarelo x Rosa = Amarelo; Marrom x Roxo = Marrom; e Verde x Laranja = Laranja.

Ainda enquanto a equipe laranja comemora, o André chama a atenção de todos.

— Ei meu povo! Como vocês estão vendo, o céu está começando a escurecer e precisamos nos arrumar para o culto. Sorte das equipes que não guerrearam hoje porque vão ter mais tempo para se preparar, e meus parabéns para as vencedoras! — Quando fala vencedoras ele grita, e então as equipes que venceram voltam a ficar totalmente histéricas. Obviamente ele volta a pedir silêncio depois de uns segundos. — Agora nós vamos voltar e jantar. Logo após isso já podem se arrumar para o culto. Vamos lá, galerinha!

Quem estava sentado, levanta e todos começamos a trilhar o caminho de volta, mas não passam cinco segundos até que a barulheira volte. Umas pessoas ainda comemoram a vitória (a equipe mais eufórica é a laranja, que por coincidência é justamente a do Samuel, e ele está para ficar louco de tanto pular e gritar com o restante do grupo. Não os culpo, foi uma vitória merecida), outras, com raiva, ficam tentando achar um culpado por terem perdido e outras ficam falando das altas expectativas para as batalhas de amanhã.

— Viu?! Você não morreu! — Me assusto com a voz do Hugo ao meu lado.

Ainda... — Fala Jasmin aparecendo do nada.

— Exatamente. E eu só não morri porque ainda não joguei. — Brinco.

Ela ri. — Estou brincando. Mas você viu, não é? Os tiros doem pra caramba!

— Vi e ouvi as reclamações. Eu vou morrer mesmo!

Hugo começa a rir. — Você não é dramática assim o tempo inteiro, é?!

— Não exatamente... — Respondo rindo.

— Amanhã de manhã a gente pode treinar algumas táticas. Podemos até voltar ao campo e treinar aqui. Eu te ajudo. — Hugo fala.

Acampamento de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora