Capítulo 8

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Acabo de deitar na cama e finalmente me sinto relaxada. Ao menos o colchão é macio!

O culto hoje foi maravilhoso, veio um pregador de outra cidade chamado Rogério-alguma-coisa, que pregou sobre as provações de Jó em vários trechos do livro, os quais me lembro bem: a primeira foi a perda dos bens materiais e dos filhos (Jó 1.13-18); depois a saúde comprometida e a contração de enfermidade maligna (Jó 2.7); a terceira foi o abalo do casamento e a apostasia da esposa dele (Jó 2.9); a quarta foi a perda da reputação (Jó 19.9); depois a perda dos amigos (Jó 19.19); a sexta, a provação espiritual (Jó 34.11-12); e a última foi quando Deus lhe concedeu em dobro tudo o que havia perdido (Jó 42).

Ele disse que a maioria das pessoas que conhece a história de Jó acredita que sua última provação foi, na verdade, uma bênção, mas depois de tudo o que Jó sofreu ele poderia muito bem se revoltar contra Deus e não aceitar mais nada vindo dEle. Entretanto não foi isso que ele fez.

Às vezes nós reclamamos de tanta coisa que não percebemos que já temos tudo o que precisamos: família, vida, amigos, saúde, moradia... Jó, por exemplo, era um homem rico, famoso, saudável e feliz, e provavelmente tinha muitas preocupações em mente, talvez ele até reclamasse por causa da desobediência dos filhos ou por conta do pagamento dos funcionários, ou até mesmo uma preocupação excessiva com sua reputação, mas coisas de uma pessoa normal. Mesmo assim ele era feliz simplesmente por ter um Deus tão grande e bondoso com ele.

Um dia sua fé foi provada: ele chegou a perder tudo o que tinha — filhos, animais, saúde —, mas mesmo assim continuou fiel a Deus, pois, acima de tudo, Deus foi justo, como ele mesmo falou: "O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor" (Jó 1.21).

Afinal, se tudo que temos foi Deus quem proporcionou, ele não tem também o direito de tirar?! Quando um pai dá um presente ao filho e este não faz bom uso, ele tem o total direito de castigar o filho por isso. Ou talvez o pai tire do filho o presente que deu apenas para saber se o filho está interessado nele ou apenas nos presentes que recebe. E foi isso que Deus fez com Jó. Porque Deus é um pai sábio, e Jó se mostrou um filho exemplar durante esse teste.

Outra coisa muito interessante que Jó falou foi: "Aceitaremos o bem dado por Deus, e não o mal?" (Jó 2.10). São nos momentos ruins que aprendemos as maiores lições de vida.

Isso sempre me faz refletir bastante. Por que nós só queremos as coisas do nosso jeito? Por que só queremos o que nos parece bom e agrada aos nossos olhos? Por que não aceitamos de bom agrado tudo o que Deus nos dá? Aliás, nem o corpo que temos é nosso, tudo é dEle, pois foi Ele quem fez. Por que então ele não poderia tomar o que é de autoria dele? Nós somos dele, e se ele quiser tirar nossa vida, tem todo o direito; não foi ele quem nos criou? Por que só agradecemos pelas coisas boas? E as coisas ruins que sempre servem como lição, como edificação?! Por acaso o doce seria melhor se não existisse o azedo? Claro que não! O doce só nos é bom porque sabemos que o azedo é ruim, e é exatamente isso que o torna bom.

Uma criança, por exemplo, quando brinca com massa de modelar: ela usa a massa para fazer várias formas e objetos, porém, se quiser, pode muito bem destruir o objeto que ela mesma criou. Deus nos fez como uma criança faz um boneco de massinha, e assim como a criança tem o direito de destruí-la, Deus tem o direito de destruir-nos, entretanto não é isso que ele faz. Ele apenas nos testa, para saber se realmente o amamos e somos capazes de obedecê-lo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza. Pois que tipo de amor é esse que nós temos que só é capaz de amar nos melhores momentos? Que eu saiba o amor não tem lugar e nem instante exato, e é isso que Deus quer de nós: que sejamos capazes de fazer como Jó e adorá-lo mesmo em meio às circunstâncias.

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