Havia sido um voo longo e cansativo. Rony que estivera apreensivo nas primeiras horas, logo relaxou e tirou uma merecida soneca. Hermione, ao contrário do ruivo, tinha um caderno em suas mãos e tomava notas durante a viagem. Quase como uma detetive. Hugo por sua vez, não sabia o que esperar. As confusões costumavam perseguir ele e ele tentava de tudo se livrar delas sem que afetasse a vida de outras pessoas. E ele gostava realmente de Rony e Hermione. Não queria trazer nenhuma confusão extra na vida dos dois. Respirou fundo ao perceber que o avião logo, logo iria pousar.
Sem problemas maiores, desembarcaram no aeroporto internacional de Sydney, tomaram um breve café da manhã em uma das lanchonetes e saíram à procura de uma hospedagem.
Ao contrário da Bulgária, fazia muito calor nas ruas e o vento era quente. Muito quente.
_ Puxa vida, a última vez que suei tanto assim foi porque me atrasei para a aula. E mesmo assim, esse calor é de outro mundo. - Rony reclamava. - Hermione, por que meus braços estão vermelhos?
_ Precisamos de protetor solar, antes que fiquemos com uma insolação. - Hermione comentou também percebendo que estava começando a ficar com os braços vermelhos.
_ O que é protetor solar? Algum tipo de feitiço? - Rony perguntou.
Hugo caiu na risada e deixou Rony ainda mais confuso e se sentindo idiota. Hermione o empurrou para que prosseguissem por mais alguns metros antes de pararem numa lojinha e comprar o protetor solar. Era verão na Austrália e isso explicava não só as altas temperaturas como também a quantidade de turistas na cidade. Eles estavam em toda a parte tirando fotos e comprando lembrancinhas. Provavelmente Rony, Hermione e Hugo se passavam por bons turistas pela quantidade de protetor solar que cada um tinha passado.
Hermione conseguiu trocar seu dinheiro bruxo por dinheiro trouxa em um repartimento do banco central. Rony e Hugo ficaram abismados em como Hermione sempre sabia algo sobre o local que estavam sem nem mesmo ter pisado lá antes.
O banco tinha uma repartição para bruxos no subsolo. Era um dia agitado até mesmo para os bruxos. Muitos haviam saído de férias para Austrália afim de comemorar a queda de Voldemort.
_ Os duendes daqui têm sotaque australiano. _ Rony comentou achando graça fazendo com que a cara nada amigáveis de dois duendes o encarasse ferozmente sem que o ruivo percebesse. Hermione logo o repreendeu.
_ Estamos na Austrália, Ronald. Você queria o quê? Que eles tivessem sotaque britânico?
_ Não é isso. - Ele ainda soltava pequenas risadas abafadas. - É que aqui se parece tanto com o banco de Gringots e ver duendes com sotaque é algo novo para mim. Desculpe.
A menina lançou um último olhar sério e ameaçador para Rony e ele decidiu que seria hora de ficar quieto afim de arrumar menos problemas.
Logo após a retirada de dinheiro do banco, o trio se instalou em um albergue simples e econômico no centro da cidade. Todos estavam cansados e um tanto queimados do sol. Rony se enfiou no chuveiro logo que teve a oportunidade enquanto Hugo se jogou na imensa cama King Size. Hermione espalhou todas as informações que coletara durante a viagem em cima de uma mesinha de centro. Sabia que o mistério de Hugo ajudaria a trazer à memória de seus pais de volta; só não sabia como.
_ Hugo, como era sua vida em Ilvermorny? Como era o castelo? As aulas...?
Hugo levantou suas costas do colchão e permaneceu sentado olhando o vazio. Provavelmente lembrando de sua antiga escola.
_Ilvermorny era uma escola muito calma, diga-se por passagem. Nada comparado a Hogwarts pelo que pude ouvir. - O menino soltou pequenas risadas. - Embora a encrenca que eu me meti virou a escola ponta a cabeça.
O castelo? Bem, o castelo ele é todo de granito e quando chovia o chão ficava bastante escorregadio. Os alunos do primeiro ano sempre caíam quando por um acaso estavam atrasados para uma aula em dia de chuva. Eu mesmo perdi as contas de quantas vezes isso aconteceu comigo. O Sr. Brown, o professor de Herbologia, era um cara legal e sempre deixava passar quando eu chegava tarde. Ele até me ensinou como criar um elixir básico para venenos brandos à partir de plantas da América do Sul. Já o Sr. Smith, o professor de introdução a história da magia, ele fazia questão de arrumar problema com qualquer aluno. Qualquer desculpa para sermos mandados para detenção era válida. Aposto que ele era mal amado.
Hermione achava engraçada a narrativa de Hugo sobre seus dias em sua escola - o que a fazia lembrar sobre seus dias em Hogwarts com Harry e Rony. Esse tal professor Smith a lembrou de um certo professor Snape e suas implicâncias com os alunos. Ela contudo, já havia o perdoado.
Hugo também contou que suas notas eram excelentes e que sempre ajudava Dan com os deveres pendentes. Falou sobre a localização de Ilvermorny e como era difícil a trajetória. A escola se encontrava no pico mais alto do monte Greylock em Massachusetts. Obviamente Hermione já sabia dessa informação. Mas o que ela não sabia era que Ilvermorny tinha o maior registro de nascidos trouxas entre as escolas de magia mais famosas do mundo, o que incluía-se Hogwarts. Hugo dizia que mesmo as famílias de mais tradição apoiavam a ida dos nascidos trouxas a escola.
_ Puxa, isso é mesmo algo muito esperançoso de se ouvir. - Hermione comentou.
_ Uma vez, um aluno do segundo ano foi implicar com um aluno do primeiro ano por ele ser nascido trouxa e isso acabou resultando em uma semana de detenção. Ele nunca mais se atreveu a tentar outro insulto. Afinal, onde já se viu: bruxos serem melhores que não-mágicos?
Hugo não conquistara apenas Rony com toda sua carisma, mas também Hermione. A menina enxergava nele um coração muito bom e também uma mente brilhante. Certamente acreditava em seu potencial.
_ E quanto seus dias livre? Você ficava na escola?
_ Bem, era mais fácil ficar na escola do que voltar, sabe. Acaba que conheci muitos goblins, centauros e até mesmo umas fadas no terreno do castelo. As fadas foram criaturas difíceis de ganhar confiança, mas o Dan sabia como. Em um dos dias livres, entretanto, ficamos até após o toque de recolher e tivemos que correr até o chalé do Sr. Brown que era perto das estufas. Ele nos colocou de volta para dentro do castelo sem nenhuma preocupação. Nesse dia ele estava ocupado com diversas poções que o professor Anderson (de poções) havia lhe pedido uma mãozinha para lhe ajudar a desenvolver um novo antídoto. Sorte a nossa que o Sr. Brown estava sozinho na estufa, ou o Sr. Anderson nos entregaria e provavelmente...
_ É isso! - Interrompeu Hermione num sobressalto fazendo Hugo se assustar. - Hugo, eu preciso enviar uma carta e já volto.
A menina deixou o quarto rapidamente com um papel de pergaminho em mãos. A porta bateu atrás de Hugo no mesmo instante que Rony saiu do banho.
_ Que barulho foi esse?
_ Hermione disse que precisava enviar uma carta. - Hugo respondeu de ombros.
_ Hermione está fora de si? Ela não pode sair por aí sozinha em um país que provavelmente está infestado de comensais da morte. Vamos atrás dela Hugo!
Hugo que estava doido para ter a desculpa perfeita e sair do quarto, tentava não demonstrar tanto sua euforia de estar na Austrália.
Rony ficou se perguntando onde haveria um corujal nos arredores. E depois bons minutos praticamente andando em círculos com Hugo, resolveu que esperaria por Hermione no albergue novamente.
_ Mas não podemos nem ao menos ir à praia? - Hugo perguntou emburrado.
Prestes a completar 13 anos, Hugo sentia-se como uma criança que queria fazer as coisas sozinha mas seus pais não o deixavam.
_ Hugo, Hermione provavelmente me mataria se eu deixasse você por aí. - Rony retrucou. - Provavelmente ela teria razão. Você tem o dom de se meter em encrencas.
Hugo sentou-se emburrado perto de onde Hermione largara um monte de cartas e pergaminhos enquanto Rony havia ido até a cozinha do Albergue preparar um lanche.
Havia muitos pergaminhos sobre poções e sobre recuperação de memória. Uma carta endereçada a Kingsley Schacklebolt e outra a Harry Potter. Hugo ficou tentado a ler a última carta - afinal, quem não gostaria de saber algo sobre Harry Potter? - contudo, sabia que seria errado se assim fizesse. Segurou as cartas tentadoramente até que lhe ocorreu: e se Hermione esqueceu as cartas que deveria enviar com tanta urgência?
Rony estava mais uma vez preocupado com Hermione. Ela vinha escondendo alguns estresses pós-traumáticos causados pelo efeito da maldição cruciatus e sabia que isso a preocupava bastante. Sem tirar a frustração que sentia por não ter descoberto um jeito de trazer seus pais de volta. Eles poderiam estar ou não em um perigo, porém do jeito em que a conhecia, ela também se culpava por isso. Agora, Hermione havia saído e ainda não tinha retornado. Isso era suficiente para dar a Rony uma boa dose de dor de cabeça e ansiedade. Nem mesmo um sanduíche mudaria isso. Contudo, preparou alguns para Hugo e para Hermione quando ela voltasse. Caminhou até o quarto esperando já encontrar a menina de volta. Para sua terrível surpresa o quarto estava vazio. Hugo também havia desaparecido.
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Austrália
FanficApós derrotarem Voldemort as coisas poderão finalmente ser normais. Mas como? Depois de tantos anos ser normal se tornou uma palavra estranha. Rony e Hermione tem a chance de se resolverem enquanto saem para uma última aventura na busca dos pais...