_ Então, Rony - Harry disse primeiro ao se sentar na beliche - O que houve?
_ Eu vou precisar te pedir um favor. - O ruivo disse meio sem jeito. Harry continuava encarando sem saber o que viria a seguir.
_ Você pode tomar conta da minha família enquanto eu estou fora?
Harry franziu o cenho e piscou diversas vezes até encontrar sua voz.
_ Que raios você está falando, Ron? Para onde você vai?
O ruivo rebateu de primeira.
_ Eu vou com a Hermione até a Austrália em buscar de seus pais.
Harry encarou o menino sem expressão por alguns segundos.
_ Isso... isso... isso é fantástico! - O menino exclamou com um sorriso de ponta a ponta. - Mas por que você teve que me trazer até aqui para dizer isso?
_ Mamãe ainda está muito abatida com que aconteceu, com certeza seria contra minha partida. Então Harry, por este motivo você precisa jurar tomar conta dela e do resto da família. Eu sei que é pedir muito, mas é que não posso mais ...
_ Ron, eles são minha família também. - Harry o interrompeu. - Vocês foram as primeiras pessoas que eu lembro que me trataram como uma família de verdade. É mais do que minha obrigação!
Rony esboçou um sorriso satisfeito para o amigo e que foi cortado por um de seus pensamentos.
_ Não pense que isso é um motivo para você poder se aproveitar da minha irmãzinha mais nova, senhor Harry Potter!
Harry bastante ofendido rebateu.
_ E você, eu posso dizer o mesmo! Não ache que pode se aproveitar da Hermione. Eu te amaldiçoo.
_ Não se preocupe quanto a maldições, tenho certeza de que Hermione faria isso por si própria.
Os dois meninos caíram na risada por alguns minutos até que a voz da Sra. Weasley soou ao fundo.
_ Meninos, preciso de vocês aqui em baixo._ O que houve, mãe? - Rony perguntou ao alcançar o patamar da escada.
_ Eu preciso de ajuda para limpar essa casa. Está tudo muito bagunçado!
_ Você só pode estar de brincadeira! - Rony reclamou. - Acabamos de chegar.
A Sra. Weasley colocou as mãos na cintura desafiadoramente e lançou-lhe um olhar de morte.
_ Já estamos indo! - Rony correu para seu lado engolindo em seco.
Gina que estivera observando atentamente seu irmão mais velho resolveu dizer algo.
_ Pare de se comportar como uma criança de cinco anos! - O ruivo soltou um sorriso amarelo para sua irmã mais nova.
_ Heróis de guerras não ficam arrumando a casa o dia todo.
_ Não seja ridículo, Rony. - Hermione o corrigiu. - Além do mais, todos aqui são heróis de guerra.
- Acho que ele está meio molenga, Hermione. - Gina debochou. - Vocês desaparecem por meses e me devolvem um Rony ainda mais reclamão e preguiçoso.
Todos que estavam presentes na sala soltaram risadas ao comentário da Weasley mais jovem.
_ Mamãe, Carlinhos mandou uma mensagem! - Percy correu até a sala, onde todos estavam reunidos. - Ele quer saber quando será o funeral de Fred.
Toda felicidade presente pareceu morrer junto com uma corrente de vento gélida que entrava pela janela da cozinha.
As pessoas já não mais riam, mas sim encaravam a Sra. Weasley que tentava se manter firme para responder.
_ Diga a ele que será em dois dias, querido. - Sr. Weasley colocou uma mão sobre o ombro da Sra. Weasley e deu um pequeno aperto em forma de apoio.
Rony notara que Jorge não havia descido para ajudar na limpeza. Isso era completamente injusto, ele pensava. Não podia existir o Jorge sem o Fred. E por mais que difícil fosse admitir que os amava, era mil vezes mais difícil admitir que nunca mais veria os gêmeos fazendo piada em conjunto. Nunca os veria completando as frases um do outro, nunca mais seriam dois deles a tirar sarro de algo que fez errado; nunca os veria envelhecer juntos. Rony então cerrou os punhos e segurou as lágrimas.
- Certo Weasleys - Sr. Weasley quebrou o silencio -, vamos trabalhar! Hermione e Harry são mais que bem - vindos.
Hermione lançou uma olhada em Rony e percebeu o quanto estava desconfortável. Se possível dizer, até pálido.
Toda a família Weasley mais Harry e Hermione colocaram a mão na massa para pôr tudo em ordem. Sra. Weasley pediu que para separar as coisas que não usassem magia. Isso com certeza só deixava o trabalho ainda mais cansativo e pesado.
Algumas horas depois de separar coisas para por em seu devido lugar ou para que fosse jogado fora, Rony encontrou seu antigo urso de pelúcia em uma pilha de outros objetos perdidos dentro do armário de vassouras no exterior da casa. Ao perceber qual era o urso, sentiu um aperto no coração mas que logo foi substituído por um sorriso ao lembrar-se tão vividamente da cena em que Fred roubou seu ursinho e o transfigurou em uma aranha. É, ele devia seu medo de aracnídeos a Fred.
Rony segurou o ursinho por diversos segundos sem saber se iria guardá-lo ou simplesmente jogar fora. Resolveu guardar.Hermione estivera organizando os livros que estavam em pilhas na sala. Gina a ajudava em retirar a poeira enquanto a amiga organizava por tema e em ordem alfabética. Era bom estar fazendo uma atividade normal com sua amiga, ela pensou ao adicionar o décimo livro em uma pequena estante que havia ao lado da lareira. A atividade normal foi substituída por um "sniff" que foi até seu encontro.
- Tudo bem, Gina?
- Está sim. - A ruiva limpou os olhos com a manga da blusa que vestia. - Eu encontrei um livro que o Fred me deu de presente quando eu fiz seis anos.
Gina entregou o livro para Hermione. Uma gota de felicidade.
_ Sobre o que é esse livro?
_ Sobre uma menina que odiava ser bruxa até que se apaixona por um trouxa e ele a ensina que ser uma bruxa tem suas vantagens.
_ Parece ser clichê. - Hermione comentou baixinho.
- Como é?
- Que parece ser magnífico!
Gina respirou fundo e pôs o livro de lado.
- Ainda temos muito o que arrumar, vamos!
As duas meninas continuaram a separar os livros em silêncio, mas para Hermione isso foi se tornando cada vez pior. A sensação de luto da família Weasley pesava de um jeito estranho, mas ela não sabia dizer porquê até agora.
Imagens rápidas das cenas vividas pela garota na mansão dos Malfoy passavam pela sua cabeça. Por mais que tentasse, era difícil de retirar as cenas de sua tortura de sua mente. Duas gotas de suor desciam de sua testa. A menina fazia tudo com certa rigidez para arrumar tudo da melhor maneira possível.
- Nunca pensei que acabaríamos de arrumar aquele armário de vassouras! - Rony entrou coberto de suor e de graxa. Harry entrou em seu encalço não muito diferente de Rony depositando algumas coisas sobre a mesa.
_ O que o senhor pensa que está fazendo?- Gina perguntou indignada com as mãos na cintura.
- Estou carregando toda essa tralha, já que o Ron está muito ocupado carregando seu ursinho de pelúcia.
Hermione levantou os olhos olhando diretamente para Rony.
- O que é isso?
- Longa história. - O menino franzia o cenho ao perceber que Hermione estava muito séria. - Tudo bem por aqui?
Hermione assentiu com cabeça e deixou escapar um pequeno sorriso. Pela janela podia reparar que já era noite o que fazia o sentimento de estar de volta a mansão dos Malfoy ainda pior.
- Dia cheio, Weasleys! - Sr. Weasley comentou ao entrar na sala de estar estalando as costas. - Meninos, eu acho que vocês precisam de um banho. Logo o jantar vai estar na mesa.Durante o jantar Hermione permaneceu em silêncio e Rony não tirava os olhos da menina. Jorge finalmente desceu para a janta, mas continuava sem falar muitas palavras. Percy tentava reconstruir os laços familiares com seus pais enquanto Gina cochichava alguma coisa para Harry.
- Então Hermione, o que pretende fazer agora? - Sra. Weasley perguntou.
- Eu vou buscar meus pais na Austrália. - A garota disse confiante.
Todos a encararam em silêncio.
- Você não deve estar pensando em ir até a Austrália sozinha, não é querida?
- Obviamente que não! - Rony se pronunciou. - Eu irei junto.
- Rony, o mundo ainda não se estabilizou da guerra. Diversos seguidores de você-sabe-quem ainda estão à solta.
- Mãe, você não pode me impedir! Eu já sou maior de idade. Já está decidido!
A Sra. Weasley ficou calada como quem havia tomado um soco no estômago.
Após a janta Hermione puxou Rony para o canto.
- Que diabos foi aquilo, Ronald? - Hermione perguntou. - Você não tem o direito de falar com ela assim.
- Hermione, eu só estava querendo...
- Mas nada, Ronald. - Hermione cortou. - Eu estou exausta, vou para a cama.
Rony observou enquanto Hermione se retirava pela escadaria acima. Ela parecia estar furiosa, por isso o ruivo preferiu subir para seu quarto. O dia havia sido exaustivo, fechou os olhos e dormiu.
Em algum lugar do seu subconsciente Rony sonhou com gritos desesperadores. Os gritos se prolongavam até que ele abriu seus olhos e os gritos continuavam. Não era um sonho e vinha do quarto de sua irmã. Eram os gritos de Hermione.
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Austrália
FanfictionApós derrotarem Voldemort as coisas poderão finalmente ser normais. Mas como? Depois de tantos anos ser normal se tornou uma palavra estranha. Rony e Hermione tem a chance de se resolverem enquanto saem para uma última aventura na busca dos pais...