Capítulo 8: Um plano aceitável

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Os quatro amigos saíram do elevador com um certo receio no olhar de quem poderia aparecer para os entregar.
_ Lembrem-se, evitem muito contato. - Hermione disse antes de dar as costas e começar a andar na direção oposta com Gina.
Era um dia comum de trabalho, mas como sempre, Harry recebia olhares curiosos onde passava. Rony começou a ponderar que talvez uma poção polissuco fosse uma boa opção, afinal. Por outro lado, sabia que seu amigo provavelmente estava cansado de toda a loucura de sempre - e que de alguma forma sempre terminava em poção polissuco.
_ Que horas são agora, Harry? - Rony apressou-se a dizer.
_ Faltam exatamente cinco minutos para às 16:00 horas. Anda, precisamos correr!
_ Segundo Hermione, precisamos entrar na terceira porta à direita.
Os meninos correram sem saber que estariam atraindo ainda mais olhares curiosos pelo estreito corredor da repartição.
Rony adiantou-se ao balcão de atendimento assim que atravessara a porta referida por Hermione.
_ Eu tenho uma reclamação a fazer!
Uma bruxa que usava vestes largas e um chapéu pontudo olhou com depreciação ao Weasley.
_ Estamos ocupados no momento, senhor.
_ Mas a senhora não entende! - O ruivo lançou um olhar de esguelha para identificar se Harry já havia passado pela mulher que aparentava não querer trabalhar. - Isso é urgente!
_ Sinto muito senhor, mas agora é o intervalo.
A bruxa já estava pronta para dar as costas para Rony, quando numa tentativa de desespero a mulher parou congelada onde estava.
_ Talvez eu deva comunicar ao futuro ministro da magia de que estou sendo privado de obter ajuda a minha tia-avó que está presa na Bélgica por conta de alguma falha no sistema da rede de flu. Como sabe, papai é um grande amigo de Kingsley.
Em outras circunstâncias Rony nunca usaria o tom Draco Malfoy para conseguir algo, mas era uma situação extrema.
_ Eu vou chamar o Harold e ver o que posso fazer por você. - A mulher trocou sua voz de taquara rachada por uma doce e preocupada voz.
_ Quem é Harold, por via das dúvidas?
_ Ele é o chefe da repartição.
O menino comemorou internamente. O plano estava fluindo como os conformes. Dois minutos depois um homem com vestes pretas e uma bengala prateada caminhava pesadamente em sua direção seguido pela bruxa que lançava olhares preocupados ao seu chefe.
_ Marli, é melhor que seja importante realmente. Eu não estou de bom humor hoje.
Harold parou em frente ao Weasley. E embora Rony nunca tivesse o visto em toda sua vida, o homem não demonstrava estranheza ao encará-lo, com ainda mais desprezo do que o primeiro olhar da bruxa atendente.
_ No que posso ajudá-lo, senhor Weasley?
Rony engoliu em seco ao ficar literalmente cara a cara com o chefe da repartição. Nenhuma palavra saiu de sua boca; nem mesmo um som.
_ Espero que não seja nenhum engano. - O homem abriu um largo sorriso amarelo.
_ De maneira alguma! - Rony pôs-se a falar. - A minha tia está presa há duas semanas na Bélgica e já tentamos de tudo para trazê-la de volta, mas nada funcionou. O ministério belga informou de que se ela não deixar o país em menos de 48 horas, irão deportá-la.
_ O ministério belga disse isso, ein. - O homem parecia desafiar. - Sabe, eu e seu pai nos esbarramos muito pelo ministério e ele nunca pareceu ligar para essa situação.
Quinze minutos já haviam se passado e Rony estava ficando sem mais ideias do que argumentar.
_ Não ... não... quero dizer, papai não gosta da minha tia.
O homem ainda não parecia acreditar na história de Rony, mas sabia que a situação poderia se prolongar muito mais do que gostaria. Apanhou uma mini pilha de papéis debaixo do balcão e entregou duas folhas a Rony.
_ O que é isso?
_ Você é maior de idade, não é? - Rony afirmou positivamente com a cabeça com certo receio. _ Então eu preciso que assine isso. É um papel que faz de você responsável pela volta de sua tia ao país. Comunicarei imediatamente o ministério da magia belga.
Rony parecia espantado com a ligeira mudança de prestação de serviços a seu favor. Talvez Harold tivesse segundas intenções. Contudo, ao perceber Harry ao fundo da sala querendo chegar a seu encontro, Rony chamou a atenção de Harold e da bruxa atendente que estava encolhida atrás de seu chefe para sua assinatura em ambos os papéis.
_ Prontinho, desculpe o incômodo.
_ Tenho certeza que logo sua tia estará de volta. - O homem afirmou o encarando pesadamente. - Se isso é tudo, tenha um bom dia.
Sem dizer quaisquer outras palavras, Harold deu as costas para Rony juntamente com sua empregada.
Absorto em seus pensamentos, não notou a chegada de Harry ao seu lado.
_ Tudo pronto. - O menino disse apontando para duas chaves de portal. Uma era um velho chapéu e a outra uma bota parecida com a que usaram para ir a copa mundial de quadribol. - Agora, vamos embora daqui.
_ Ei, vocês! - Uma voz ecoou atrás de Harry e Rony. - Esperem um minuto.
Rony já estava pronto para correr, mas seu amigo o impediu apertando seu pulso.
Seja quem fosse que estivera os gritando, estava se aproximando correndo.
_ Você é o Harry Potter?
Um homem de meia altura, bigode espesso e de maleta na mão encarava Harry admirado.
- É... eu... eu... quero dizer, sou sim.
_ Puxa vida, eu não acredito na sorte que eu dei. Meu filho é seu maior fã. Você se incomoda de me dar o seu autógrafo?
O homem puxou uma pena dourada de suas vestes e a empunhou em direção a Harry. Logo após puxou um pergaminho e cortou um pequeno pedaço.
_ Ahh... bem, eu acho que tudo bem. - Harry apanhou a pena e o pedaço de pergaminho cortado. - Qual o nome do seu filho?
- É Arnold. - O homem respondeu nervoso.
Harry assinou no pedaço de pergaminho e o devolveu.
_ Muito obrigado mesmo, Sr. Potter.
O homem saiu do caminho como se nem houvesse reparado em Rony.
- Eu sei que geralmente você é o centro das atenções por onde passa, mas isso foi muito estranho. Estranho até mesmo para você. Quero dizer, ele agradeceu pelo autógrafo, mas não custava enfatizar já que salvamos o mundo da magia. O cara nem mesmo reparou em mim.
_ Cala a boca, Rony! Estamos ficando sem tempo.
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_ Hermione, tem certeza de que vamos encontrar Kingsley aqui embaixo?
_ É impossível ter certeza, você sabe.
As meninas davam passos largos em busca de chegar a tempo para o fim da reunião do futuro ministro.
A essa altura do dia Kingsley já estaria farto de tantas coisas para serem feitas e o plano de Hermione se tornaria mais fácil de ser completado.
_ Gina, se esconde! - Hermione empurrou a amiga para atrás de uma longa coluna perto da parede em um piscar de olhos. O motivo de seu ato era que o Sr. Weasley caminhava naquela direção.
_ Hermione, o que faz aqui?
Por sorte o Sr. Weasley não havia visto sua filha.
_ Sr. Weasley, eu... eu... eu só vim saber sobre os meus pais.
Sr. Weasley fez uma cara de surpreso e tentou em vão não transparecer.
_ Eu tenho certeza de que tudo vai dar certo, Hermione. Bem, eu preciso seguir em frente. Tenho uma reunião importante.
Sr. Weasley passou por Hermione e pela coluna que Gina se encontrava escondida.
_ O que papai fazia aqui em baixo?
_ Ele disse algo sobre uma reunião importante.
Gina levantou uma de suas sobrancelhas como quem tentava imaginar o que seria tão importante afinal.
_ Será que depois de todos esses anos, papai finalmente vai ser promovido?
_ Eu não sei, Gina. - Hermione disse com relevância. - Só sei que ele foi na direção que estávamos indo. São quase 16:00 horas, precisamos encontrar Kingsley antes que ele suba.
_ Se papai está aqui para uma reunião com ele, não precisamos nos preocupar. Papai o manterá ocupado.
_ E se ele não estiver?
_ Então realmente precisamos correr.
Logo após que o Sr. Weasley dobrou em um corredor, as meninas correram em direção a uma pilastra fina com detalhes negros de algum sabugueiro antigo que ia até o teto.
_ Hermione, papai está conversando com alguém. Será o Kingsley? - Gina sussurrava com receio que o pai pudesse a escutar mesmo estando há metros de distância.
_ Eu também não consigo ver. - Hermione respondeu tentando esticar o pescoço sem comprometer seu esconderijo. - Mas ele não parece estar com uma cara amigável.
_ Estranho, achei que Kingsley e papai fossem amigos.
_ Nós somos! - Uma voz forte e grave ecoou atrás de ambas as garotas. Era quem estavam procurando. Kingsley.
_ O que fazem aqui?
Essa talvez passaria a ser a frase mais dita para elas até o fim do dia.
_ Engraçado você perguntar - Gina começou esquecendo momentaneamente a conversa que seu pai levava com um desconhecido. - Estávamos lhe procurando há horas.
Era uma hipérbole dizer que estavam à procura de Kingsley há horas. Fora a tamanha cara de pau em mentir tão friamente no rosto do futuro legislador de magia do país.
_ Qual seria o assunto, senhorita? Espero que não tenha haver com seu pai. Ele está muito ocupado agora, num assunto oficial do ministério.
_ Assunto do ministério? O que papai poderia resolver de tão grave?
_ Não se preocupe com isso. - Kingsley disse calmo. - Agora meninas, eu preciso subir. Por que não marcamos um horário outro dia?
- Espere! - Hermione pôs-se a frente de Kingsley a fim de atrapalhar sua passagem. - Você não me disse até agora quando e como vão impedir que os comensais da morte encontrem meus pais.
A voz da menina soava aguda e nervosa. Ela realmente queria dizer tudo aquilo que estava falando.
- Além do mais, nós sempre resolvemos os problemas. Você acima de todos sabe muito bem disso, Kingsley. - Hermione continuou. - Você esteve na Ordem; viu tudo pela qual lutamos. Por favor, não haja como um outro político.
As palavras de Hermione impactaram Kingsley e o deixou pasmo sem palavras. Talvez seu olhar envolvesse um pouco de admiração pela menina.
_ Gina, o que faz aqui?
Sr. Weasley se encontrava atrás de Gina ainda mais abismado.
_ Papai?
_ Gina, sua mãe me disse que você estaria na casa dos Lovegood. O que está acontecendo aqui?
Hermione só teve tempo de verificar o relógio que usava em seu pulso, e decidir que precisavam correr para encontrar os meninos.
Puxando Gina pelo o braço, as duas meninas saíram em disparada sem olhar para trás. A essa altura, Harry e Rony já estariam com as chaves de portal. Só precisariam encontrá-los.
_ Por que raios eu não pensei em marcar um ponto de encontro? - Hermione perguntou frustada após virarem o quarto corredor do nível seis sem sucesso algum.
_ Mas onde será que esses idiotas se enfiaram?
O ministério da magia já se encontrava bem mais vazio do que quando eles chegaram. Apenas algumas pessoas circulavam com maletas e caixas pelos corredores. Uma dessas pessoas era um homem alto com vestes pretas que encobriam seus pés.
_ Ei, espere! - Ele disse apontando para ambas as meninas.
Não era possível que estariam em outra perseguição dentro do ministério da magia.
_ Hermione, separar! - Gina correu para um corredor que estava a sua esquerda levando o suspeito homem que queria as impedir de continuar.
Era um plano bobo, correr em direções opostas quando ainda faltam dois integrantes na equipe. Contudo, um plano simples e bobo talvez fosse exatamente o que precisavam no momento.
Sem mais saber para onde ir, Hermione continuou procurando entre os níveis e departamentos até finalmente conseguir tropeçar em seus amigos que olhavam de um lado para o outro.
_ Mione, conseguimos a chave de portal. Onde está minha irmã?
Era essa a pergunta que a menina não gostaria de ter que responder.
_ Bem, estávamos sendo perseguidas por algum Auror e Gina simplesmente saiu correndo para que eu pudesse encontrar com vocês.
- Oras, vamos atrás dela! - Rony disse em urgência.
- Não! - Harry exclamou firme e forte. - Eu a encontro, Rony. Vão na frente e nos esperem na saída.
O ruivo olhou de Harry para Hermione sem saber o que fazer por um segundo, mas logo depois segurou a mão de Hermione e apanhou as chaves de portal que Harry segurava.
_ Tudo bem, então.
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Rony e Hermione esperaram no lado de fora do ministério por aproximadamente trinta minutos e não havia sinal de Harry e Gina. Hermione batia seu pé compulsivamente.
_ Rony, e se eles foram pegos?
_ Eles não foram! - Rony afirmou. - Eu confio no Harry.
- Eu também confio, mas se eles se demorarem mais, talvez não consigamos chegar a tempo.
Rony apertou firme a mão de Hermione que começara a suar.
- Anda, pegue o chapéu!
- O quê?
- A chave de portal, vamos! Harry e Gina ficarão bem.
Hermione ficara estufeta por poucos segundos antes de concordar pesadamente com à cabeça.
_Ok, vamos fazer isso!
Rony lançou um sorriso de encorajamento.
- No três?
- No três!
- Um...
- Um...
_ Dois...
_ Dois...
_ TRÊS!
Os dois foram sugados por uma fenda fazendo todo o mundo se transformar em um borrão em quase vinte segundos quando tudo ficou nítido novamente.
Estavam em uma cidade movimentada a noite.
- Onde estamos?
Hermione analisou o cenário ao seu redor minuciosamente.
- Estamos na Bélgica!

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