TODAS AS CARTAS DE AMOR - [ Simone x Soraya ]

III. Girassóis De Van Gogh

Jantamos em perfeita harmonia. Soraya adorava falar, e eu adorava escutá-la. Ela compartilhava detalhes sobre o seu dia, seus compromissos e tudo o que lhe vinha à mente para dividir comigo. Era como se eu fosse um diário no qual ela desabafava sobre tudo.

Passamos horas conversando após o jantar, enquanto lavávamos, secávamos e guardávamos a louça. Em seguida, pegamos um pote de sorvete, duas colheres, e ligamos em um canal qualquer que estava transmitindo um filme. Continuamos conversando sobre assuntos diversos, como trabalho, viagens, férias, antigos relacionamentos, família, gostos musicais, e qualquer tópico que surgia se entrelaçava um com o outro. Assim, ficamos por horas, até o pote de sorvete se esvaziar.

- Já está tarde, seus olhos estão piscando já de sono.

- Falamos bastante, eu adoro conversar com você. Que horas são, será?

Olhamos no relógio, e já passavam das 23h30.

- Vamos pequena, vamos pra cama.

- Mas já? - ela fez o biquinho mais lindo desse mundo me fazendo sorrir.

- Sim, amanhã eu trabalho e estou cansada. Podemos ir dormir?

- Claro que sim. - ela assentiu e sorriu em seguida deixando-me completamente rendida aos seus encantos.

Levantamo-nos do sofá e fomos direto para o meu quarto. Saí apagando as luzes, verifiquei se estava tudo em ordem, liguei o alarme como de costume e encontrei-a arrumando a cama. Encostei-me na quina da porta e fiquei admirando-a enquanto ajustava tudo.

- O que foi? - ela me perguntou de forma meiga, ficando levemente ruborizada com meu olhar.

- Posso me acostumar com isso.

- Com isso, o quê? - ela cruzou os braços na altura dos seios.

- Com você vestida com minhas roupas, ajeitando nossa cama depois de uma noite regada a conversas. - disse, caminhando até estar frente a seus olhos.

- Simone. - ela balançou a cabeça enquanto seus lábios formavam um belo sorriso.

Não resisti em segurar seu pequeno rosto entre minhas mãos e olha-lá, me perdendo em suas órbitas oculares brilhantes.
Ela era linda e eu estava me perdendo cada vez mais em sentimentos.

- Por favor, Simone...para.

- Soraya...por Deus. - fechei os olhos e suspirei.

- Me desculpe...

- Tudo bem, eu entendo minha linda.

- Não Simone é um inferno essa complicação toda na minha cabeça. Não sei como você é tão paciente.

- O amor é paciente Soraya, se for pra ser será, e será lindo.

Seus olhos castanhos me encaravam de forma suave, deixando-me atônita. A cada dia, eu tinha mais certeza de que ela sentia o mesmo por mim, ou, se fosse possível, esse sentimento estava crescendo a cada dia que passávamos juntas.Dei um beijo em sua testa e afaguei seus cabelos entre meus dedos. Fomos deitar e fechamos os olhos, e naquele momento, podia sentir-me a mulher mais feliz deste mundo.