XXII. Caos

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O som do pneu cantando foi alto demais, ecoando pelos arredores da igreja e chamando a atenção de todos que estavam nos fundos, desfrutando da vista e conversando animadamente. Marcelo e Ramez, o sogro e o pai de Simone, trocaram olhares de preocupação ao perceberem o som repentino, seus instintos paternais agindo imediatamente.

Sem perder tempo, eles correram para o carro e começaram a seguir o veículo de onde vinha o barulho. A fumaça e as marcas de pneu na estrada indicavam a direção que deviam tomar. Marcelo sabia que havia algo errado, e sua preocupação só aumentava a cada segundo.

Enquanto isso, na igreja, o carro de Soraya chegava. Sua mãe, Cecília, e sua sogra, Fairte, estavam esperando para recebê-la, mas seus semblantes estavam tensos, preocupados com a situação.

— Oi, está tudo bem? — Soraya perguntou, já achando estranha a movimentação fora da igreja.

— Meu amor, vem aqui. — Cecília a tirou do carro, e Fairte não conseguiu segurar as lágrimas.

— O quê? O que foi? O bebê nasceu? — Soraya perguntou, já sentindo aquele aperto aumentar.

— Não, meu amor, é mais complicado do que isso. — Sua mãe não sabia como contar, estava com muito medo da reação da filha.

— Ela desistiu, mamãe? Não se cale.

— Ela foi sequestrada, meu anjo. Me desculpe, eu...

O ar pareceu sair do peito de Soraya. Ela piscou várias vezes, tentando processar o que acabara de ouvir.

— Sequestrada? Como assim? Quem faria isso? — Soraya perguntou, a voz trêmula, enquanto sentia um nó se formar em sua garganta.

Cecília respirou fundo. — Foi Álvaro.

— Como?  

Cecília tentou acalmar a filha, mas suas próprias mãos tremiam.

— Não sabemos, meu amor. Tudo aconteceu muito rápido. A polícia já foi chamada, estão investigando. Mas precisamos ser fortes agora.

Soraya sentiu as pernas fraquejarem e se agarrou ao braço da mãe para não cair. Sua mente corria a mil, tentando entender quem poderia querer fazer mal a Simone. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela se recusou a deixá-las cair.

Enquanto isso, Marcelo e Ramez seguiam em alta velocidade, tentando não perder o carro de vista. Eles sabiam que não podiam esperar pela polícia; cada segundo contava. Marcelo mantinha os olhos fixos na estrada, enquanto Ramez ligava para a polícia, informando a localização e a situação.

— Ele está indo para o velho armazém fora da cidade — disse Ramez, reconhecendo a rota. — Temos que ser rápidos.

Quando finalmente chegaram ao armazém, estacionaram a uma distância segura e se aproximaram silenciosamente. O carro de Álvaro estava estacionado do lado de fora. Marcelo e Ramez trocaram olhares, ambos com os corações acelerados. Marcelo mandou a localização para o delegado que estava responsável e manteve o contato em tempo real por uma hora. Colocando o celular no bolso, ele tentava pensar no que fazer.

— Temos que entrar! — Ramez disse exasperado.

— Não, vai colocar a vida da sua filha em risco? Temos que pensar primeiro. — Marcelo pegou o celular quando o sentiu vibrar contra seu bolso.

Ramez não conseguia raciocinar, estava tão abalado e desesperado que mal respirava ordenadamente.

— Estamos aqui parados, distantes, mas perto o suficiente para ver se ele aparecer. — Marcelo dizia baixo. — Não temos escolhas, né? Onde vocês estão? — ele perguntou ao delegado ao telefone.

TODAS AS CARTAS DE AMOR - [ Simone x Soraya ]Onde histórias criam vida. Descubra agora