Prólogo 1: A prisioneira

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"Uma casa dividida não
pode permanecer de pé."
- Marcos 3:25

"É na traição que se prova
a fragilidade do laço."
- DMorje

A paz pode desaparecer tão rápido quanto um piscar de olhos. Um desejo, um plano, uma execução, e nada mais será como antes.

Na vasta escuridão do universo paira um planeta único, fora do comum chamado Óregon. Engenheiros habilidosos escolheram uma grande área verde do planeta Inicial, e construíram debaixo dela uma plataforma de metal, na qual a terra foi ajustada para fixar-se sobre ela. No dia UX a plataforma foi inaugurada, um enorme campo de força se formou sobre a área delimitada, o chão começou a tremer e todo aquele monte de terra foi recortado do planeta Inicial e enviado para fora do seu planeta de origem. Um grande marco na história da tecnologia! Esse montante de terra flutuante se tornou um planeta independente, governado apenas por pessoas com poderes especiais, batizados de legionários. Temendo uma represália de governantes do planeta Inicial, foram projetadas três luas artificiais de puro aço, elas cobrem o planeta com um escudo desintegrador. Algo realmente impressionante, grandioso! Porém, em breve, toda essa aparente invulnerabilidade será testada.

Em seu centro, uma imensa torre prateada reluz, seu formato é idêntico ao de uma nave pronta para decolar. Várias são as janelas de vidro, algumas estão abertas, pertencem aos hangares de pouso. Todos os dias muitas naves chegam e partem, trazendo mantimentos, armamentos e outros utensílios necessários para o planeta. Também existe um bom fluxo de naves particulares utilizadas apenas por legionários, e vez por outra, naves de combate que são maiores e mais bem armadas. No hangar vinte e dois, uma nave vermelha cintilante pousa delicadamente espalhando muito vapor. Quando a porta se ergue são reveladas as silhuetas de duas mulheres.

Uma tem a aparência de gato, com pelagem bege, volumosos cabelos cacheados e vibrantes olhos amarelos. Esta é Keinara. A outra é uma humana de um metro e noventa, loira e com ardentes olhos verdes, repletos do mais puro ódio. Esta é Zira. Enquanto uma acredita estar lutando por justiça e paz universal, a outra, com justificada mágoa, luta em prol de vingança.

Zira anda quieta, de cabeça baixa, pois mais uma vez os seus planos foram desfeitos pela mesma pedra de sempre, Keinara. Sempre prevendo os seus passos, sempre a capturando, sempre a atrapalhando. A sua raiva não é sem motivo.

O som de passos ressoa sobre o piso metálico, as duas seguem em direção a uma entrada comum. Ao passar pela porta, elas encontram outra legionária de aparência felina e pelagem amarela. Seu nome é Suna. Ansiosa, ao avistar Keinara ela sorri: "Boa tarde, Keinara! Seja bem-vinda a Óregon." Keinara corresponde o sorriso amistosamente: "Boa tarde, Suna. Obrigada por atender ao meu chamado."

Suna encara Zira com desdém: "Essa aí deve ser a prisioneira problemática, né?" Keinara fecha os olhos e dá um longo suspiro: "É, é sim. Bem problemática... Por isso mesmo eu te aconselho a ficar alerta. Ela parece frágil, mas é tão astuta como uma cobra."

Suna franze as sobrancelhas, pois se sente um pouco ofendida: "Eu agradeço pelo conselho, mas não precisa se preocupar. Essa aí não será problema."

Keinara dá de ombros: "Bom, é o que eu espero. Porque eu não quero ver nunca mais essa cara" e entrega o controle das algemas para Suna, que rapidamente garante: "Já escoltei prisioneiros mais perigosos do que ela."

Keinara sorri com um discreto deboche de canto de boca, ela acha engraçado como Suna se ofende com facilidade: "Ah, sim, eu sei. É só um aviso habitual. Confio que daqui ela não tem como fugir."

Suna acena com a cabeça positivamente: "Sem dúvida! Já faz mais de quinhentos anos desde a última fuga em Óregon, certamente a segunda não será hoje."

"Sim, sim" Keinara dá leves tapinhas no ombro da amiga: "Eu confio no seu excelente trabalho." Isso faz Suna sentir-se lisonjeada e renova o seu ânimo. Suna faz continência de uma forma tão exagerada que Keinara precisa se esforçar para não rir. Depois disso, Keinara também responde com uma rápida continência, vira-se e caminha em direção a nave. Ela estava tão cansada e tão ansiosa pelas férias, que a sua vontade era a de sair saltitando, porém, a sua pose de durona foi uma das responsáveis por lhe garantir o respeito da maioria, então, ela apenas seguiu o seu caminho.

Após a nave de Keinara partir, Suna e Zira seguem caminhando por uma das portas do complexo, elas andam em direção a um elevador e sobem até o vigésimo sexto andar.

Suna anda confiante enquanto pensa: "É... Está sendo muito tranquilo. Mas também, o que poderia dar errado? Estamos em Óregon!" e sorri.

Pequeno provérbio: Não é porque as coisas parecem estar dando certo, que não podem dar errado. Às vezes é só uma questão de tempo.

Uma Noite Fatal (Light Novel Rebelião) Livro um - Ficção Cientifica e PoliticaOnde histórias criam vida. Descubra agora