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Alyssa Cupello
segunda-feira, 13h11


Enfrentando mais uma atípica segunda feira, acordei e vim direto pra faculdade. Não consegui prestar atenção em muitas aulas, devido que a minha cabeça não consegue sair de sábado e nem do Piquerez.

Não sei o motivo, mas não consigo tirar aquilo da cabeça, mas deveria.

Na parte da tarde não teria aula devido que faltaram professores, então eu aproveitaria pra dormir bastante.

Não dá pra entender a cidade de São Paulo, o dia amanheceu ensolarado e agora está chovendo demais.

Não dava pra esperar na faculdade, estava morrendo de fome então decidi sair na chuva mesmo, correndo pra chegar até no restaurante.

Uma Bmw branca se aproxima em uma velocidade rápida e me molha por inteira, me deixando ensopada.

— Ô SEU FILHO DA PUTA, VAI SE FUDER, PRESTA ATENÇÃO. — grito — A gente não tem paz pra nada nesse inferno.

O carro branco começa a dar ré em minha direção, e a raiva se transformou em medo. Droga, por quê eu fui xingar? Me perdoa, moço. Não posso ser sequestrada.

— Aly? Me desculpa! — o moreno abre o vidro e sorri pra mim — Me desculpa mesmo, a chuva tá forte e eu não vi que tinha alguém na calçada!

— Piquerez? Ah, tudo bem. — respiro fundo pra não xingá-lo

— Entra no carro, eu te deixo em casa. Tá chovendo muito pra ir andando.

— Não, tá tudo bem! — sorrio sem mostrar os dentes

— Por favor, Aly. — ele desce do carro — Não posso te deixar ir sozinha nessa chuva — Ele abre a porta do passageiro — Entra, por favor. — sorrio e entro no carro, a chuva tinha aumentado bastante e essa era a melhor opção.

— Me desculpas, de coração! — ele me entrega uma toalha que estava no banco de trás do carro — Está limpinha, usa pra se enxugar.

— Obrigada! — sorrio — O que fazia por aqui?

— Eu vim trazer a minha irmã na faculdade aqui perto, ela está cursando seu último ano em medicina. — ele sorri e dá partida no carro — E você, o que fazia por aqui nessa chuva?

— Tinha acabado de sair da faculdade. — digo passando a toalha no meu corpo tentando me secar

— Você faz qual curso? — ele pergunta

— Faço direito, estou no último ano, graças à Deus! Faculdade é bom, mas acaba com nossa saúde mental. — solto uma risada nasal

— E é por isso que eu escolhi ser jogador de futebol — ele ri — Bom, posso te levar pra almoçar? Como um pedido de desculpas por ter te molhado. — ele dá um sorriso fofo

— Eu aceito! Se você souber a fome que eu tô — rio

O moreno dirigiu até um restaurante na Avenida Paulista, ele era extremamente simpático! Puxou assunto o caminho inteiro, tem um sorriso espetacular.

Nós entramos no restaurante e ele arrancou alguns olhares, já que ele é um famoso jogador de futebol. Várias crianças se aproximaram querendo tirar foto, e ele foi atencioso com todos.

— Ah, desculpe! — ele sorri sentando na mesa novamente — O que vamos pedir?

— Eu vou de parmegiana, e você?

— Hmm — ele diz enquanto passava os olhos no cardápio — E eu de carbonara. — ele sorri e faz os pedidos para o garçom

Ele ficou me fazendo inúmeras perguntas, enquanto nossos pratos não chegavam. Apesar de ter ficado com bastante ódio da cara dele, a companhia dele é agradável.

Nós comemos, e ele disse que me deixaria em casa. Não queria, já que iria correr o risco do babaca do meu pai ver tudo e encher a merda da minha cabeça com milhares de coisas. Mas, o garoto não se convence fácil e insistiu até eu aceitar!

— Entregue, senhorita! — ele sorri — Mais uma vez, me desculpa. Não foi minha intenção te molhar!

— Tá tudo bem! Obrigado pelo almoço, estava tudo uma delícia! — o moreno me abraça

— Deixa eu te fazer um convite. Quarta feira tem jogo do palmeiras no Allianz, tenho ingressos de cortesia, você quer ir? Leva o Henrique também! — ele sorri

— Ah, eu tenho palestra na faculdade quarta, vou sair quase na hora do jogo e não dá pra ir. — minto, mal sabe o coitado que eu odeio o Palmeiras com todas as minhas forças.

— Ah, sério? Então quando tiver disponível, me avisa, que te dou os ingressos. Com Deus, Ally! — Ele me abraça mais uma vez, a linguagem de amor dele com certeza é toque físico. — Até a próxima.

— Até a próxima! — sorrio pro moreno e desço do carro

Entro em casa e vejo o meu "pai" sentado mexendo em seu notebook. Nós não temos nenhum tipo de conversa, a não ser o necessário. Aliás, quando trocamos mais do que 5 palavras, com certeza é discussão.

Ele é merda, não é nunca foi um pai bom, pra nenhum dos meus irmãos. Melissa a mais velha saiu de casa com 16 anos, com a desaprovação dele, lógico. Ela se envolveu com um qualquer só pra sair desse inferno, e errada ela não está!

João Lucas, era o único homem e o mais velho, depois de Melissa. e lógico o preferido, que mesmo sendo o reizinho dele, não o suportou por muito tempo. Por ver as irmãs dele sendo tratadas da forma que fomos, ele bateu no nosso pai. Não estava certo aos olhos de alguns, mas ninguém sabe o que ao certo passamos pra ele ter esse tipo de atitude. Hoje mora na Espanha, e é a minha maior saudade!

Liz, nossa caçulinha, ela é um amor de pessoa. Me dói ver uma pessoa tão pura, ter que aguentar tipos de coisas. Mas, prometi a mim mesma que não deixaria a Liz passar por isso, e até então não deixei. Todas as surras, levei por ela, todos os xingamentos, levei por ela, todos os murros, após uma noite de bebedeira, eu levei por ela. Não é justo uma criança de 7 anos ver tudo isso, e sentir é ainda pior.

Ele era um homem de 1.90, era difícil uma mulher que não chega nem ao 1.65 de altura bater de frente com ele, ou ao menos se safar de alguma surra.

Mas, dessa vez está sendo o recorde, a mais de dois meses ele não bebe e não encosta a mão em mim e nem na minha mãe.

Só estou aguardando terminar a minha faculdade e sairei dessa casa, claro, levarei a Liz junto. Nem que eu tenha que enfrentar a minha mãe na justiça pela guarda da menina, mas eu não deixarei ela aqui.

Minha mãe é a pessoa mais incrível que já conheci, ela é forte! Não merecia nada disso. Mas, ela não quer sair, Melissa e João Lucas já fizeram de tudo pra tirá-la daqui, mas a loura nunca aceitou!

𝑴𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒓𝒊𝒗𝒂𝒍 - 𝑱𝒐𝒂𝒒𝒖𝒊𝒏 𝑷𝒊𝒒𝒖𝒆𝒓𝒆𝒛Onde histórias criam vida. Descubra agora