Ele Não

Capítulo 9.

Naquele instante eu não sabia o que estava acontecendo comigo,dias atrás estava protestado em relação ao meu parceiro de projeto e agora nós dois estamos aqui conversando numa boa. Talvez eu estivesse reparado em Eddie mais do que antes,até rolava uma troca de olhares entre a gente,mas a minha insegurança era grande de mais.

...nesse meio tempo apenas pude confronta-lo com conversas bobas e sem sentido,sabe,o típico Diego bobinho de sempre...

No recreio Eddie e eu fomos até a quadra da escola conversar um pouco e vê o time de futebol treinar,Igor não quis nos acompanhar pois iria pedir algumas informações sobre o trabalho à senhorita Mello. Sentamos na arquibancada e começamos a dialogar,aquele foi um momento de muitas risadas,mas estranhamente eu não parava de olhar seus lábios...só espero que ele não tenha percebido.

— ...e é assim que eu digito rápido com apenas uma mão. — Comento — As vezes até esqueço que tudo precisa ser adaptado pra mim,mas não há nada de errado em pedir ajuda as vezes.

— Sorte sua seus pais não serem tão super protetores. — Diz Eddie — Conheço um garoto com síndrome de down,o coitado praticamente fica preso dentro de casa.

— Eddie,acho que casos assim não dá pra comparar. — Solto um suspiro — Há pessoas que precisam de mais cuidados do que outras.

— É verdade.

— Mas chega de falar de mim,quero saber mais sobre você.

— Saber sobre mim?. — Ele questiona — Nós não podemos falar de outra coisa?

— Eu já te contei sobre como a minha vida funciona...vamos,me fala da sua família. — Sorrio.

...Eddie se distancia um pouco...

— Meu pai trabalha em uma fábrica e minha mãe é cozinheira...

...um estranho silêncio se forma entre nós,mas eu só estava esperando ele falar mais alguma coisa...

— Só isso?. — Faço uma expressão confusa. — Você ao menos tem irmãos?.

— Eu tenho uma irmã mais velha,mas ela não mora com a gente.

— Certo,e o que mais?. — Pergunto.

— ... — O garoto apenas encara o vazio.

— Eddie?.

— Sim?.

— Tá tudo bem se não quiser falar sobre isso.

— Desculpe Diego,eu sei que você está bastante curioso para saber sobre meus pais,mas a verdade é que eles não seguem o padrão comum.

— Acho que entendo.

— Meu pai tem uns probleminhas com o álcool e minha mãe é viciada em jogos. — Ele fala com o olhar perdido — Nada do que eu faço ou falo adianta,afinal,sou só um adolescente problemático.

— Eu sinto muito Eddie.

— Sabe,até que há dias bons,mas há aqueles que eu mal consigo dormir.

— Acho que isso explica muita coisa. — Respiro fundo.

— Meu único refúgio é a casa da minha avó. — Seu olhar logo começa a brilhar — Eu passo maior parte do tempo lá.

— Quem bom que há um cantinho seguro.

— É...

Eddie me observa e volta a sorrir novamente,estávamos tão próximos naquele momento,eu podia sentir sua respiração bem próxima do meu rosto. De repente a gente se afasta um do outro ao mesmo tempo e logo começamos a rir com o estranho ocorrido.

...

Depois do recreio tivemos uma aula com aquele típico professor rígido na qual não tolera nenhum tipo de barulho,Eddie e eu tivemos que nos contentar com míseras trocas de palavras. Quando a aula acabou nós dois fomos juntos até a saída,como a gente ia por caminhos diferentes não tínhamos muito o que falar um para o outro além da típica despedida.

— Não se preocupa Diego,eu prometo que amanhã resolvemos sobre o projeto. — Ele fala.

— Ok então,a gente se vê.

— Tchau.

...enquanto o vejo ir aquele garoto passa por mim rapidamente,ele não me viu ali,mas foi em direção ao Eddie com passos largos...

— Ei,espera por mim. — Diz ele correndo em sua direção.

...eu apenas pude fazer uma cara emburrada e cruzar os braços...

— Espera por mim Eddie. — Lhe imito fazendo uma voz engraçada.

— Como é?. — Igor surge me assustando.

— Ah Igor,você me mata do coração.

— Desculpe,mas o que está fazendo?...pensei que já tivesse ido pra casa.

— Eddie e eu estávamos nos despedindo aí aquele garoto apareceu e...o acompanhou.

— Pensei que fosse algo grave. — Igor rir.

— Isso me irritou,só isso.

...logo nós passamos a caminhar juntos...

— Diego,não seria mais fácil você perguntar ao Eddie quem esse é menino.

— Não,ele pode achar que estou bisbilhotando de mais sua vida. — Respondo.

— Você é exagerado e dramático. — Igor movimenta os ombros — Mas enquanto vocês andavam juntos no recreio eu fui atrás de algumas informações.

— Sobre o trabalho?. — Comento.

— Sim,mas também sobre o amigo do Eddie.

— E o que descobriu?.

— Lembra da Alissa?.

— Não?. — Faço uma expressão confusa.

— A garota que eu gostava.

— Ah sim. — Sorrio — O que tem ela?.

— Estudam na mesma sala,parece que ele e o Eddie sempre andaram juntos,talvez muito antes da gente o conhecer...o nome dele é Silas.

— Quem te disse isso Igor?.

— A própria Alissa,ela não falou muita coisa por ser miserável e egoísta,mas acho que é o suficiente.

— ... — Fico em silêncio.

— Diego,mais uma coisa.

— O que?.

— Ele é gay,na verdade é o que comentam por aí.

— Você acha que o Eddie e esse tal Silas sejam namorados?. — Questiono.

— Não sei,pergunta pra ele.

— Eu não tenho coragem. — Solto um suspiro.

— Então viva com essa dúvida meu amigo.

Aquilo me deixou perdido,eu não sabia exatamente como reagir então preferi pensar em outra coisa. Se isso for verdade não posso ficar com Eddie na cabeça,já lutei tanto para ele sair...acho que a solução é continuar tentando.

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(Continua No Próximo Capítulo)