Capítulo 14.

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O fim de semana foi calmo e relaxante,passei a maior parte do tempo em casa fazendo o que qualquer adolescente faz no tempo livre. Conversei com meus amigos,fiz companhia para minha mãe na cozinha e ajudei meu pai em seus consertos domésticos,infelizmente a tv velha na garagem não será mais a mesma.

Deu até uma chuvinha naquele sábado e só Deus sabe como eu adoro esse tempinho frio. De noite meus irmãos,Vitor e Eloise,vieram jantar com a gente...foi aquela bagunça familiar de sempre,mas eu sentia falta desse tipo de diversão.

...Vitor disse que o bebê que sua mulher está esperando será uma menina e Eloise nos dá a notícia de que acabou de passar em uma prova super importante...

...me pergunto se um dia irei concluir alguma realização...

No domingo eu estudei um pouco sobre o projeto e ensaiei minhas falas,posso dizer que estou mais preparado do que antes. Não tive contato com Eddie esses dias,as vezes eu pensava nele sem me dar conta e aguardava se em algum momento ele iria me ligar...mesmo que fosse para falar do trabalho.

E naquela tarde,muito depois do almoço,eu ouvia música em meu quarto. Com os fones exageradamente altos mal escutava o que se passava ao redor,talvez minha mãe tenha me chamado,mas sempre quando eu abaixava o volume havia apenas o silêncio.

— DIEGO...SEU...AQUI.

...não,eu não estava ouvindo...

Meus pais estavam na sala,eles costumam assistir o futebol juntos então imaginei que seus gritos poderiam ser com a tv. Um longo tempo passou quando eu resolvi sair para beber água,rapidamente tiro os fones de ouvido e saio do quarto. Chegando na sala meu coração salta para fora,dá um oi e depois volta,Eddie estava ali sentado no sofá com meus pais.

— Diego,você não ouviu seu pai te chamar?. — Minha mãe questiona.

— Eh... — Eu estava em choque.

— Você não disse que seu amigo viria. — Meu pai comenta — Mas enquanto você não vinha nos ficamos conversando.

— Eu queria vir depois,mas seus pais insistiram para ficar. — Eddie responde.

...me pergunto a quanto tempo ele estava ali e se meus pais falaram algo constrangedor sobre mim...

— Desculpe não ter ligado,mas eu queria vir então... — Ele me lança um meio sorriso.

— Não tem problema. — Movimento os ombros — Na verdade é bom que tenha vindo,quero saber se estudou e decorou suas falas.

— Posso repetir até de trás pra frente.

— Mãe,pai,vocês nos dão licença?. — Falo. — Temos que estudar um pouco.

— Vão,podem ir. — Minha mãe faz uma expressão engraçada.

— Detonam nesse projeto. — Meu pai se empolga.

...enquanto os adultos permanecem Eddie me segue até meu quarto...

...

Não havia muita coisa que eu pudesse falar naquela ocasião,Eddie havia vindo me visitar,mas foi por causa do projeto?...é melhor não comentar nada. Tentando pegar as cartolinas para dar aquela última olhada acabo me atrapalhando e derrubando tudo,isso acontece quando estou nervoso,esqueço que não posso carregar tudo de uma vez.

— Eu te ajudo. — Eddie se aproxima de mim.

...e assim colocamos tudo em cima da cama...

— Obrigado. — Falo.

— De novo,me desculpe por ter vindo sem avisar.

— Não precisa se preocupar. — Respondo

— Seus pais são bastante divertidos. — Ele sorri.

— É,geralmente eles ficam agitados quando conheço alguém novo,espero que não tenham feito muitas perguntas inconvenientes.

— Até que não.

— Ótimo,ótimo... — Faço uma expressão vazia.

— Diego,tá tudo bem?.

— Sim,estou...se prepare,vamos ensaiar nossa apresentação. — Mudo de assunto — Dessa vez sem o papel,quero saber se decorou tudo mesmo.

— Claro.

Era importante que nós estivéssemos afiados para o dia de amanhã,logo nós começamos a falar como se o momento fosse agora,tínhamos uma boa sintonia e Eddie não mais parecia nervoso. Algumas piadinhas com os nomes científicos não estavam inclusos,mas fez toda a diferença,talvez a gente só tenha feito aquilo para fazer um rir do outro.

Um tempinho depois e já estávamos mais do que preparados,agora a gente apenas se divertia com minhas dicas sobre como se apresentar na frente de todo mundo. Se em algum momento me senti nervoso foi apenas no começo,Eddie estava bem próximo de mim e eu havia esquecido sobre o mundo por um curto período.

...eu apenas não parava de observa-lo...

— Diego. — Ele chama minha atenção.

— Sim?.

— Foi divertido.

— É,foi sim — Sorrio — Acho que devemos anotar as partes engraçadas

— Bom... — Eddie tenta me dizer algo.

E por um momento nossos rostos estavam mais próximos do que antes,senti sua respiração bem próxima do meu rosto e cada vez mais fomos nos encontrando. No início eu demorei um pouco para raciocinar,mas quando nossos lábios se encostaram pude apenas fechar os olhos.

...eu acariciava seu rosto enquanto seus braços estavam em volta da minha cintura...

...não sei o quanto o beijo durou,mas quando abro os olhos o susto me faz se distanciar dele imediatamente...

— Diego,eu preciso te contar uma coisa. — Eddie fala.

— Não. — Me desespero — Isso não podia ter acontecido.

— Eu sinto muito,mas eu não consigo tirar você da minha cabeça.

— O que?.

— Desde o primeiro dia eu acho. — Ele me lança um meio sorriso — A cada momento esse sentimento foi crescendo e...

— Não Eddie,você não está entendendo.

— Como?.

— Você e eu,nós não podemos ficar juntos,por acaso se esqueceu dele?.

— Do que você está falando?. — Eddie me encara com uma expressão confusa

— Você sabe muito bem de quem eu estou falando e eu não quero ser a terceira ponta desse triângulo amoroso. — Respondo — Por favor vai embora.

— Mas...

— AGORA. — Me altero.

— ...podia ter dado certo se...

— VAI EMBORA. — O empurro para fora do quarto meu quarto.

Eddie fica em silêncio e vai embora com bastante pressa. Eu só pude trancar a porta,deitar na minha cama e deixar as lágrimas caírem sobre toda essa confusão de sentimentos e ações.

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(Continua No Próximo Capítulo)

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