...um tempo depois...
Esperar por Eddie naquela tarde me deixou nervoso,dessa vez achei melhor ficarmos na sala,eu havia trazido tudo que a gente ia precisar e coloquei na mesinha de centro para facilitar. Falei com meus amigos,mas seus conselhos não ajudaram tanto como imaginei,eu só tinha que seguir estando calmo pois tudo daria certo.
Quando Eddie chegou demorei um pouco para atende-lo,eu tinha que respirar fundo antes de dar o próximo passo. Ao abrir a porta ele apenas sorri em me ver,evitei olha-lo tanto aquele sorriso quanto seus próprios olhos,para disfarçar fiz de conta estar olhando um passarinho no meio da rua.
...assim que entramos na casa um silêncio estranho surge entre nós...
...até eu abrir minha enorme boca...
— Quem bom. — Sorrio — Hoje você não teve um compromisso.
— É.
— Podemos começar?. — Pergunto
— Claro.
— Sabe,eu achei melhor ficarmos aqui na sala. — Sento no sofá.
— Bom,a casa é sua. — Diz Eddie envergonhado.
— Vem,senta,vamos começar isso logo.
— Pra que a pressa Diego?. — Ele me lança um meio sorriso.
— Não é nada. — Respiro fundo — Olha eu já anotei tudo o que vamos falar.
— Nossa,parece que você já cuidou de tudo.
— Aqui. — Lhe entrego uns papéis — Isso é tudo que você vai falar.
— Não é muita coisa,vai ser moleza.
— As folhas estão numeradas,não tem perigo de se perder.
...aquele silêncio novamente paira entre nós...
— Diego. — Eddie chama minha atenção.
— Sim?.
— Nós não vamos ensaiar?.
— É claro. — Começo a ficar tenso — Eu começo...
Limpando a garganta eu me preparo para falar tudo que decorei,Eddie está me observando com aqueles belos olhos,se ao menos ele olhasse para o lado talvez não tirasse minha concentração. Quando começo a falar tudo soa como se eu fosse um iniciante despreparado,porém não era desse jeito que eu costumo ficar,Eddie coloca a mão na boca para disfarçar o riso.
— Ei,não ri. — Falo constrangido.
— Foi mal,mas achei que eu fosse soar assim. — Ele responde — Você parece tenso.
— Na verdade estou meio nervoso.
— Com o que?.
— Tem muitos nomes científicos. — Sorrio.
— Isso é bobagem. — Eddie se aproxima de mim — Não vamos a nenhuma convenção de cientistas.
— É,mas a professora tira ponto,sabia?.
— Deixa eu tentar então.
Logo o garoto começa a falar sua parte da apresentação e se tratando de sua primeira vez até que ele se saiu bem. Eddie olhava para mim as vezes,dava uma pausa,respirava fundo e continuava...eu podia ouvi-lo falar o tempo todo,mas o que é isso Diego?...concentração rapaz.
— Para,eu não consigo com esse olhar crítico. — Ele esconde o rosto no papel.
— Eu não estou criticando nada...só achei que seria bom se você falasse um pouco devagar,só isso.
— Então senhor Diego,eu te desafio a falar sem gaguejar.
— Desafio aceito senhor Eddie. — Faço uma expressão determinada.
...não sei o que aconteceu ali ou quem foi o mais ridículo,só sei que demos muitas risadas...
...
O tempo foi passando aos poucos,nós já havíamos decorado mais do que o necessário e agora a gente conversava sobre a apresentação. Ver Eddie empolgado com o projeto me deixou feliz,vendo a situação por esse ângulo não sei se seria a mesma coisa sem ele,e sim,eu gostaria de pelo menos ser seu amigo quando isso terminar.
Acho que posso fazer meu cérebro aceitar o fato de nós não podemos ficar juntos,mas e se ele não fosse comprometido? teríamos alguma chance?. Talvez um outro Diego de um universo paralelo tenha tido essa sorte...há muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e eu não tenho maturidade para lidar com essas emoções.
— Foi uma semana maluca. — Ele fala.
— Foi sim. — Sorrio.
— Sabe,eu não tinha muita expectativa de que isso desse certo,mas que bom que aconteceu.
— Concordo,acho que formamos uma boa equipe.
...Eddie começa a olhar para o meu braço esquerdo...
— Imagino que você já deve ter passado por muita coisa. — Ele comenta.
— Acho que sou adaptável,só isso,faltou uma parte na hora da fabricação. — Respondo sorrindo.
— Eu gostaria de ter um pouco desse humor,geralmente sou bem rude.
— Você é uma balinha de limão,doce e azedo. — Brinco — Mas que bom que gente está aqui com...esse trabalho...nessa sintonia,enfim.
— Diego,eu posso te contar uma coisa?.
— Claro.
...por qual motivo estou com tanto medo?...
...na hora que ele ia falar o seu celular começa a tocar,não sei se agradeço pela interrupção ou se morro de curiosidade...
— Oi Silas. — Eddie fala ao atender o aparelho — Sim...sim...mas já?...todos eles?...não,tá tudo bem,pode deixar que o resto eu resolvo...certo...te encontro lá.
...ele finaliza a ligação...
— Desculpe Diego,mas eu preciso ir. — Eddie se levanta do sofá.
— Não se preocupe,vai lá,parece ser importante. — O acompanho até a saída
— Eu queria poder conversar mais,maldito seja o...
...naquele exato momento minha mãe chega...
— Oi meninos. — Ela fala.
— Mãe,esse é o Eddie.
— Olá senhora. — O garoto sorri timidamente
— Não me chame de senhora querido,me sinto velha...mas eu sou velha. — A mulher começa a rir.
— Desculpe não poder ficar mais,mas é que eu tenho um compromisso.
— Certo,foi um prazer conhece-lo.
Minha mãe me observa com uma expressão engraçada enquanto Eddie vai embora,mas eu só pude pensar no fato dele querer continuar conversando comigo. É melhor parar com isso se não vou acabar ficando maluco,aliás ele precisa parar de me provocar.
— Apressadinho ele.
— É,ele tem um compromisso. — Falo emburrado.
— Engraçado,eu já vi ele em algum lugar.
— Onde?.
— Não faço ideia,mas olha,um dos garotos que vende bolinhos estava na estação...o de baunilha é o melhor.
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(Continua No Próximo Capítulo)
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Ele Não
JugendliteraturDiego não quer ter Eddie como dupla no trabalho escolar,mas depois de receber alguns concelhos ele pretende convencer o garoto problemático a colaborar. Essa estranha união acaba dando certo e ambos começam a perceber que tem muito em comum,talvez a...