The Glass Room

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Eu tenho estudado tanto o roteiro que mal tenho tido tempo para comer. Meus pais estavam preocupados com essa minha imersão mas eu não posso perder essa oportunidade, custe o que custar, vou dar o meu melhor.

Hoje é o primeiro dia que vou sair de casa desde o encontro com a equipe. Vou me encontrar com a Freen em um café próximo chamado The Glass Room. Estou me sentindo um pouco culpada de parar os meus estudos para isso mas, por mais estranho que pareça, sinto a falta de sua presença. Sei que nos encontramos uma única vez mas eu me senti tão bem ao lado dela, a sua energia é incrivelmente boa.

Me olho no espelho e percebo que realmente me descuidei, meu cabelo estava horrível! Tomo um banho demorado, arrumo meu cabelo e passo maquiagem. Saio do meu quarto para pedir um táxi e me deparo com meu pai na cozinha.

- Olha amor, finalmente o alienígena que habitava no quarto devolveu a nossa filha.

- Não acredito. - Minha mãe que estava na cozinha me vê. - Vai se encontrar com o Nick?

- Não, vou me encontrar com uma colega da série.

Eles acentem com cabeça e voltam para as atividades que estavam fazendo antes de me ver. Solicito um táxi e vou para o café.

Quando chego, vejo Freen sentada de costas para a entrada. Novamente sinto como se o mundo tivesse parado e como se houvesse algo que me atraísse para sua presença: meu olhar, meu corpo, meus sentidos, todos eles desejavam estar próximo dela.

- Oi Freen. - Falo quando me aproximo da mesa. - Você está aqui a muito tempo?

Ela olha e sorri para mim.

- Uns 10 minutos. Como você está?

- Ansiosa e cansada me definiria muito bem agora. Tenho estudado muito.

- Ei... Se você se matar com o roteiro não vai conseguir nem atuar. - Afirma ela com olhar sério. - Preciso que você esteja bem. Tem comido direito?

- Mais ou menos.

- Você não vai se matar com o roteiro porque vou te matar aqui e agora! - Freen fala enquanto eu começo a rir. - Becky, estou falando sério, você tem que se cuidar.

- Tudo bem, vou tentar trabalhar melhor nisso.

- Tentar não, isso é uma ordem!

- Você fica tão fofa quando está brava. - Olho para ela sorrindo.

Freen afrouxa a sua expressão e também sorri para mim, parece até que ela ficou constrangida com o que eu disse. Um garçom se aproxima da mesa e nós fazemos o nosso pedido.

- Você está linda hoje, eu deveria tirar uma foto! - Ela pega o celular e aponta a câmera para mim.

Ponho as duas mãos em meu rosto e desvio o olhar, duvido que esteja tão bonita assim.

- Bom, você disse que queria me conhecer melhor. O que você gostaria de saber? - Pergunto curiosa.

- O que te fez escolher este papel?

- Boa pergunta. - Reflito se devo falar a verdade. - Quando eu li a prévia do roteiro senti que o amor delas era tão puro e valioso, algo que eu realmente queria ter para mim mesmo que seja por meio de uma atuação.

- Uau. - Freen me encara. - Você acredita que nunca amou alguém?

- Dessa forma não. - Olho para baixo por alguns instantes. - E você, o que te fez escolher o papel?

- Eu me identifico bastante com a personagem: Mandona e rabugenta. - Ela ri e depois volta a falar sério. - A representatividade de poder atuar em umas das primeiras séries GL da Tailândia também é algo muito importante para mim.

Nossos cafés chegaram e começamos a tomar conversando um pouco sobre nossas histórias de infância e família. Quando terminamos de tomar Freen diz:

- Deveríamos ir para minha casa ensaiar algumas cenas da próxima semana. O que acha?

Me sinto muito empolgada mas recebo uma mensagem de Nick.

"Onde você está? Não te vejo a dias."

Me sinto culpada por não ver ou falar com Nick nos últimos dias mas estava tão feliz de poder passar mais um tempo com a Freen que decido por não responde-lo por agora.

- Claro, vamos! - Respondo ela.

Entramos em seu carro e logo chegamos em seu apartamento que por sinal era gigante.

- Você mora sozinha? - Pergunto.

- Sim, minha família mora em outra cidade. Morar só não é tão ruim quanto parece.

- Eu imagino!

- Pode deixar sua bolsa em cima da mesa. - Ela aponta para a mesa da cozinha. - Vem, vamos para a sala.

Após deixar a bolsa, Freen segura em minha mão e me puxa para a sala. Seu toque era tão macio e delicado, poderia segurar sua mão o dia inteiro. Ela afasta o sofá para termos mais espaço e fica de frente para mim.

- Não vai começar? A série começa com você.

- Mas assim com você me olhando?

- Não precisa ter vergonha de mim Becky, prometo que não vou te morder.

Ela pega o roteiro e começo a ensaiar a cena. De início ela estava lendo as falas dos outros personagens até que enfim chegamos na cena do concerto.

- Você realmente decorou todas as falas né? Estou orgulhosa. - Freen afirma com cara de surpresa.

- Sim, falei que estou estudando muito. Vamos começar a coreografia?

Freen começa a dançar enquanto me olha. Por um instante esqueço o que deveria fazer e apenas a observo até que ela se aproxima, oferece a mão e sorri para mim. Pego em sua mão e continuamos a coreografia até que ela me puxa para si e põe minha mão em seu cabelo, naquele momento sinto que perdi os chãos embaixo dos meus pés, não sabia o que estava sentindo e muito menos o que deveria fazer.

- Becky? Por que está tão distante? Acredito que você deveria se aproximar mais.

- Mais?

Freen se afasta com olhar de confusa.

- Decorar as falas é uma coisa importante mas você tem que viver o personagem. O que você acha que a Mon estava querendo nesse momento?

- Te ver?

- Sente a personagem Becky. O que a Mon estava querendo nesse momento? - Freen fala de uma forma mais firme.

- Você! Ela quer você. - Respondo me sentindo pressionada.

- Então o que ela faria? Vamos tentar de novo.

Começamos a coreografia de novo. Dessa vez me deixo sentir o momento, não é tão difícil pensar como a Mon tendo uma pessoa tão incrível em minha frente. Quando ela põe minha mão em seu cabelo me aproximo tanto que poderia sentir os átomos entre nossos lábios. Mas eu estava sentindo como se estivessemos tão perto e tão longe ao mesmo tempo, era um sentimento tão injusto!

- Assim está bem melhor. - Ela afirma olhando no fundo de meus olhos e sem afastar nossos rostos.

Quando percebo que já estávamos a alguns minutos naquela posição decido me afastar.

- Olha eu devia ir! Meu namorado, Nick, está me mandando mensagens desde cedo.

Posso escutar o suspiro que ela soltou.

- Claro, mas você está bem?

- Estou!

Falo enquanto pego minha bolsa e saio do apartamento. A minha personagem vai acabar me matando...





Amor por trás das cenas #FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora