Capitulo 14 - Stacy

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No dia seguinte

Acordei, fiz minhas higienes matinais e fui comer o café da manhã, quando eu estava terminando, me assustei com o barulho de batidas na porta e assim que atendi me deparei com Sal e Larry:

Eu: oioi rapazes, vieram cedo dessa vez hein? (falei abraçando Larry de lado que retribuiu e comentei com Sal) Achei que vc ia dormir até tarde Sal

Sal: nem mesmo se eu quisesse eu conseguiria dormir até tarde, mas na festa só fiquei sentado conversando com os meninos então não me cansei nem nada

Larry: ele me acordou mais cedo pra continuarmos a investigação, o cara é ligado nos 220v

Eu: eu entendo a ansiedade kk mesmo estando com mais medo do que vou descobrir que ansiosa

Larry: até agora não consigo acreditar que convivi com fantasmas esse tempo todo

Sal: faz sentido se você analisar, você nunca foi atrás e nem acreditava nessas coisas antes, então mesmo que tenha visto algo estranho, tentaria pensar em algo mais lógico pra explicar, sabe?

Larry: é, você deve estar certo

Eu: faz sentido, qual é nosso próximo passo?

Sal: bom, agora que temos o pé-de-cabra (ele disse mostrando o pé-de-cabra que estava em suas mãos), vamos até o quinto andar

Respirei fundo, acho que deve ter algo pior lá do que a menina do banheiro e confesso que estou curiosa, tranquei meu apartamento, pegamos o elevador e subimos até o 504. Andamos até o quarto da mãe da Megan (se entendi bem o que Megan descreveu) e Larry e Sal com a ajuda do pé-de-cabra começaram a tirar as tábuas uma a uma. Entramos no quarto e tudo que tinha era um móvel quebrado, um grande buraco na parede e um cochão de molas em pé encostado na parede, mofado e velho com um buraco enorme nele que dava pra ver quase todas as molas que ele tinha dentro. Sal imediatamente tirou o gearboy do bolso concentrado em qualquer sinal e assim que ele andou perto do colchão o gearboy acendeu:

Eu: ai minha nossa, tem alguma aparição aqui! Espera me deixa ir embora

Larry me abraçou de lado e falou: calma, estamos nessa juntos, não vai te acontecer nada

Sal: é, vc se lembra de Megan, ela foi completamente gentil, eu sei que é uma novidade ver fantasmas, mas eles não vão te atacar como em um filme de terror eu garanto

Respirei fundo e falei chegando perto da porta:

Eu: tá, mas eu vou ficar aqui, perto da porta e qualquer coisa eu vou embora

Sal concordou com as minhas condições e ativou o Gearboy, ele fez um barulho e assim como aconteceu quando Megan apareceu, uma luz verde iluminou todo o quarto e um fantasma se materializou preso nas molas do colchão... e nada... nada... poderia me preparar para o que vi. É uma mulher, uma mulher que provavelmente era muito bonita quando era viva, mas que agora estava toda ensanguentada e as molas do colchão perfuravam todo seu corpo e o pior... o pior de tudo era sua garganta que estava completamente rasgada, ela estava com os olhos arregalados de sofrimento e só conseguia soltar alguns chiados. Dei dois passos pra trás e como estava de mão dada com Larry acabei puxando ele pra trás junto. Sal falou:

Sal: Stacy? Você está bem?

Larry: acho que a resposta é meio óbvia cara (ele disse com os olhos arregalados e segurando minha mão mais forte enquanto a mulher soltava uns chiados imcompreensíveis)

Ela sumiu logo em seguida e Sal começou a andar em direção ao buraco enorme na parede e Larry falou:

Larry: cara, vc não vai entrar aí vai?

Sal: eu preciso, deve ter mais coisas, mas não se preocupem, não precisam vir, eu conto o que aconteceu depois

Concordamos e enquanto Sal entrava no buraco, eu e Sal fomos para o corredor do quinto andar e eu respirei fundo:

Eu: Larry, não dá, não sei se consigo viver em um apartamento com tudo isso rolando, não dá!

Larry: hey, hey não se preocupa (ele disse me abraçando) é muita coisa eu sei, mas eu vivi anos aqui e nada nunca me atingiu, é só evitarmos esse andar

Eu: mas o meu andar também está amaldiçoado Larry, o banheiro do Todd...

Larry: eu sei, mas o gearboy do Sal nunca brilhou no seu apartamento certo? Assim como nunca brilhou no meu, de alguma forma esses espíritos não nos escolheram

Eu: Larry não sei... vc viu aquela mulher? O que me impede de acabar como ela?!?

Larry: é algo muito mais complexo, vc não vai ser atacada e mesmo se não fosse eu jamais deixaria alguém te fazer mal, acredite em mim

Respirei fundo mais uma vez tentando me acalmar, vamos ver por quanto tempo Larry me convencerá que estar aqui é seguro. Algo me diz que tem alguma coisa muito maior rolando, eu não me sinto bem morando aqui. Enquanto pensava isso, Todd apareceu com uma engenhoca nas mãos e disse:

Todd: sabia que conseguiria achar vcs aqui

Larry: aconteceu alguma coisa cara?

Todd entregou o aparelho pra Larry e falou:

Todd: até o momento atual, só encontramos espíritos bonzinhos, mas isso não significa que não vamos encontrar nada ruim, muito pelo contrário, acho que estamos nos aproximando desse espírito maligno, então teoricamente isso aqui vai sobrecarregar e destruir um espírito maligno quando for ativado, clicando aqui (ele nos mostrou o funcionamento do aparelho e logo percebeu a ausência de Sal) cadê o Sal?

Eu: está explorando lá dentro com o gearboy

Todd: sozinho? Ele não pode e se algo ruim acontecer?!

Larry: eu vou lá (agarrei na mão de Larry na mesma hora o impedindo) tá tudo bem, o Todd me entregou isso aqui, não vai nos acontecer nada

Eu: Larry, e se não for uma boa ideia?

Larry: se entrar lá foi uma ideia ruim então preciso salvar Sal, mas prometo que já volto (ele me deu um breve beijo na testa e entrou me deixando com o Todd)

Eu: não gosto disso, não gosto nada disso

Todd: fica tranquila, os dois são os caras mais durões que conheço, se alguém é capaz de enfrentar esses espíritos são os dois

Eu: é... mas a que custo? E se os dois destruírem a própria vida pra isso?

Todd: vc acha que pode ir tão longe assim?

Eu: bom... sinceramente espero que não, mas vou fazer de tudo pra impedir se eu ver que isso vai prejudica-los... não posso deixar isso ocorrer

Respiro fundo, sentindo meu nível de ansiedade subir, esse lugar me dá uma sensação horrível de tudo sobre tudo, isso é péssimo... péssimo demais, começo andar de um lado pro outro e logo vejo Sal e Larry saindo do apartamento me fazendo soltar um suspiro de alívio e assim que os viu Todd falou:

Todd: e então? como foi?

Sal: o buraco que tinha lá levava para um outro cômodo, que estava completamente vazio a não ser por uma corda enorme pendurada no teto, amarrada exatamente do jeito que fica quando alguém quer se matar enforcado.

Eu: oq? Alguém se matou ali?

Sal: sim, assim que me aproximei da corda, logo peguei o gearboy que brilhou e quando eu ativei, de primeira não apareceu ninguém, mas logo apareceu um homem, enforcado na corda, era o Luke

Todd: Luke? Pai da Megan?

Sal: Esse mesmo, o que matou a esposa e os filhos e quando perguntei se ele podia me ouvir, o corpo dele se desfez e eu vi... vi a sombra de olhos vermelhos, mas assim que aquilo apareceu, fez um barulho tão alto que achei que ia me atacar, mas então Larry apareceu com esse aparelho e o espírito sumiu

Larry: é uma coisa louca, o espírito de olhos vermelhos estava ali e pelo que entendi, ele esteve aqui por décadas... (ele pensou um pouco e continuou) Isso é mesmo antes de eu nascer, o que me faz pensar que talvez eu não seja amaldiçoado no fim das contas

Assim que ele disse isso, ele me olhou e deu um leve sorriso e eu retribuí, é bom saber que ele tirou esse peso da consciência... deve ter sido horrível ter passado tanto tempo acreditando que tudo que acontecia de ruim é sua culpa ou acreditando que nunca mereceria ser feliz. Sal comentou:

Sal: é, quem diria que os apartamentos Addison teria um passado tão sombrio

Eu: e eu pensando que Charley era assustador, isso é loucura! Um assassino esquisito é 1000 vzs melhor que isso!

Sal: o lado bom é que não acho que teremos que nos preocupar com a sombra dos olhos vermelhos novamente, essa coisa do Todd, parece que tomou conta disso.

Saímos do 5ª andar e eu percebi que Larry estava estranhamente quieto, então o convidei pra ir na minha casa e assim que nos despedimos dos meninos e entramos comecei a dizer:

Eu: oq foi?

Larry: hm? (é, ele está muito distraído isso não é normal)

Eu me aproximei dele e falei:

Eu: vc não está bem, o que aconteceu?

Larry me olhou um pouco triste e falou:

Larry: eu não estar amaldiçoado... tipo, eu sei, eu sei que deveria ser uma coisa boa, mas...

Eu:  mas?

Larry: mas se não tem maldição, isso significa que meu pai... ele... ele só...

Foi embora. Era isso que Larry estava querendo dizer, mas notei que sua voz estava embargada e ele estava segurando um possível choro, então o abracei, acho que nada que eu falar nesse momento vai ser útil ou necessário, as vezes tudo que uma pessoa precisa é de apenas um pouco de conforto. Ele me abraçou de volta com firmeza como se estivesse fazendo todo o esforço do mundo pra não chorar, comecei a acariciar o cabelo dele, pra tentar demonstrar que estava tudo bem, mas eu sei que não está. Ele ficou anos acreditando no amor do pai, e de repente, descobre que não é nada como ele acreditou. Após o abraço olho no rosto triste dele e de verdade isso me corta o coração, então falo:

Eu: vem aqui comigo

Levo ele até a cozinha e começo a fazer um chocolate quente, Larry comenta:

Larry: oq está fazendo?

Eu: chocolate quente, você não está bem e com certeza não há conselho no mundo que seja bom o suficiente, então talvez só um pouquinho de chocolate e um ombro amigo seja melhor né? (falo oferecendo um sorriso amigável que fez ele sorrir de volta)

Larry: isso é fofo, realmente muito fofo obrigado, eu... (ele respirou fundo) isso passa sabe? Eu sei que vou superar isso, é só... um baque muito grande

Eu: eu sei, mas oh, se quer saber a verdade, eu nunca acreditei que sua maldição fosse a causa, mas também nunca acreditei que fosse abandono

Larry: como assim?

Lhe entreguei sua caneca de chocolate quente e falei:

Eu: pense comigo, ele não levou dinheiro, habilitação, chaves, documentação, roupas, nada? Se fosse abandono, no mínimo as chaves do carro ele teria levado né? Tipo quem que resolve abandonar um lugar só com a roupa do corpo e vai embora a pé? E outra, ele te amava muito, seus pais nunca brigaram, ele te apresentou tudo que sabe e tinha um show marcado com vc do ACDC na semana seguinte, não me parece que ele teve qualquer vontade de sumir... E, bom, sua maldição não existe. O que significa que aconteceu uma terceira coisa, que precisamos descobrir o que é

Larry não falou nada, só concordou super pensativo com a cabeça franzindo levemente a testa e logo vi um brilho de esperança voltando no olhar dele, eu não quero iludi-lo, eu realmente acredito no que eu disse, falta alguma coisa nessa história, falta algum detalhe que nenhum de nós está vendo, mas isso não significa que isso será um mistério pra sempre, um dia a verdade virá a tona.

Meu Final MerecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora