Quando retornei do bar, ainda andava normalmente, embora sentisse que até meu suor cheirava à álcool.
Devasso, lembrei.
Raramente o álcool me afeta tanto, não costumo a ficar bêbado fácil, tão pouco agir como tal, quando quero minimamente fugir da realidade aproveito inúmeras outras opções de diversão. E foi buscando essa diversão que abri minha gaveta e montei uma carreira pra cheirar, bolei meu tabaco, e coloquei uma música calma.
Conforme a música tocava, sentia aos poucos uma calma me invadindo, a droga me consumindo, e um turbilhão de merda na cabeça.
Sem arrependimentos, peguei um frasco contendo fibras de vidro e fósforo, misturei com um pouco de cocaína pura e reservei em um saco de papel. Peguei meu Whisky 82, o sobretudo preto e com uma arma mortal no bolso esquerdo do casaco caro, saí.
No caminho encontrei a jovem que outrora me xingava, e passei a mão em sua cintura, no momento em que um colega se aproximava.
- Tinha algo em sua cintura. - Falei baixo.
Ela apenas se virou e continuou andando. Preferiu me ignorar.
Não demorou até que eu reconhecesse a rua que já estive tantas vezes.
- Meu fornecedor favorito, a que devo a honra tão tarde? - Edgar disse abrindo sua porta.
- Recebi algumas visitas depois da sua publicação, meus negócios aumentaram muito em um dia, pensei em conversarmos, e como uma boa conversa sempre tem um bom preço, trouxe um agrado.
- Espero que não seja apenas a bebida.
Sorri, batendo a mão no bolso do casaco.
- Entre.
Quando entrei a casa dele parecia extremamente confortável, o tipo de casa que eu teria, se, é claro, eu fosse um cara confortável.
Abri a garrafa de Whisky e derramei em dois copos que ele já deixara em cima da mesa de centro, e depois do terceiro copo, montei uma carreira pra ele cheirar.
- Você não vai usar?
Olhei com desdém.
- Um comerciante nunca usa de sua própria mercadoria. - E no momento em que termino observo uma bela caixa de charuto - Mas aquilo ali me chamou atenção.
Como um cão, ele pegou a caixa e me ofereceu um, que aceitei rapidamente.
O problema de pessoas ricas, é que sempre acabam sendo subalternos de outro rico, ou para se equiparar a tal, ou para manter suas aparências e esconder a sua podridão, e com ele não é diferente.
Vi Edgar cheirar sua morte, suspirar de prazer, e sorrir para mim, e enquanto ele me dizia que estava ficando sonolento e possivelmente gripado, aproveitei para guardar sua caixa de charuto no bolso de meu casaco.
- Até amanhã, Ashkore. - Ele fechou a porta.
Adeus, Edgar.
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No caminho de casa, passei no bar novamente, e quando todos estavam bêbados o suficiente para acreditar em qualquer porra que eu dissesse, contei a eles como foi comer a vadia de Ashkore quando ela bateu em minha porta, pouco tempo atrás.
- Lembro de ter visto vocês dois saindo. - Erik comentou.
E foi aqui, que criei meu álibi.
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O Inimigo Do Tempo
Romance🔞 Recomendado para maiores de 18 anos 🔞 Um pega pega mental. Uma sequência racional, lógica, calculista, que tem como único objetivo abalar sua estabilidade, te incomodar. Quanto você aguenta? Eu adoraria me apresentar, e revelar meus desejos ma...