IX

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Emilè tinha um gosto doce, tão doce que eu poderia me perder ali mesmo, naquele beijo, mas fazer isso seria um caminho sem volta.
Afastei minha boca e olhei seu rosto.
O sabor amadeirado da bebida ainda repousava em meus lábios, de forma quase que sensual, e seu olhar era devastador, uma mistura de desejo, raiva, doçura, e novamente me senti daquela forma. Sem saber se ela desejava tirar minha roupa ou minha alma. Pequena cria do inferno.

- O que está esperando? - Ela questionou. - Sei que me deseja.

- O que te faz pensar que sou igual aos outros? - Respondi.

Ela não se deu ao trabalho de responder, apenas levantou-se e se dirigiu a porta.

- Já vai? - Questionei.

Ela sorriu, e suas palavras cortavam ao dizer:

- Prefere que eu fique?

Me levantei e fui até a porta, de encontro a ela, resistindo ao sangue que me queimava, abro a porta.

Emilè me olhou com raiva e indignação, ela esperava que eu fosse gentil, que decepção.

Queria deixá-la sair, mas quando ela realmente estava disposta a fazer, não consegui não impedir. Puxei sua mão de volta e fechei a porta, no mesmo instante em que provavelmente fechei meu contrato com o diabo.

Deixei que ela me beijasse, e eu preciso admitir que eu queria tanto seu corpo quanto ela queria o entregar para mim, era como uma música, ela se entregava, e eu a consumia.
Quando segurei suas pernas e a apoiei na porta, sem me importar com o barulho, Emile apenas deslizou a boca em meu pescoço, e assim continuou enquanto eu levantava seu vestido.
Ela,me consumindo, olhou no fundo dos meus olhos e ficou de joelhos.
Que gracinha.

Eu avisei que isso iria acontecer.

A cada gemido dela eu me sentia mais próximo do inferno, era bom demais para não ser pagão, eu segurava seus cabelos e metia com força em sua garganta, e ela adorava.

Como uma dama, a levei para a cama, e tirei seu vestido, e ela, como uma puta, se entregou a mim, seu corpo emanava desejo, e era bonito de ver.

Não havia saciedade, eu poderia permanecer ali por muito tempo, sem cansar ou enjoar. Era bom, nada puro, e me causava a mesma sensação de injetar 1.5kg de droga no corpo, diferente de todo resto, era único.

Eu estava louco por ela, louco para consumi-la, louco para tê-la, e naquela noite, certamente a tive, tive seu corpo enquanto transavamos, tive seu coração enquanto ela repousou a cabeça em meu peito e dormiu até o dia seguinte.

Tentei não me importar, tentei fingir que ela era apenas mais uma, como se seu gosto não fosse doce, como se seu abraço não fosse quente, e como se eu não quisesse ao menos tentar algo com ela.

Mas nem todo esforço do mundo me impediu, na manhã do dia seguinte, quando fiz um café e a entreguei junto a uma torrada, tive certeza que eu havia perdido essa luta.

Eu queria tentar, então o fiz.










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