Ela tinha um quê de quem queria foder minha vida, e eu, um quê de que queria ser fodido.
Admito que deu certo, ela me olhava como quem me consumia enquanto eu entregava aquele café, talvez o inferno fosse doce, e eu pudesse me acostumar com aquele olhar todos os dias, mas ambos sabiam que isso não iria acontecer, porque pra acontecer, ela teria que ter sorrido, mas não o fez, apenas me lançou um olhar devorador.
Sorri.
- Pretende sair pela porta da frente? - Disse.
Um temor percorreu seu rosto, e então me dei conta de quanto poder havia naquela sala, ela não escolheu estar ali, seu corpo suplicou estar ali, ela desejou estar ali e foi, sem pensar nas consequências, sem pensar que, com Edgar morto ou não, seu nome ainda constaria no jornal, sem pensar que tinha assinado o contrato para Vadia de Ashkore, porque ao sair dali, ela estaria condenada, condenada a ser exatamente quem ela era, e exatamente o que não desejava ser, alguém que transara com o "traficante" da vila.
Ri, e isso a fez desejar minha morte.
- Está tudo bem, ninguém vai te julgar por ter tido um mal súbito enquanto passava na frente do meu comércio.
- Ninguém vai acreditar em você, Ashkore.
- Tenho um conhecido, ele vai dar uma força.
Ela me olhou com súplica.
Peguei seu queixo e ergui, porra como eu queria foder aquela boca.
- O que eu faço então? - Ela perguntou.
- O banheiro está no final do corredor, se arrume. – Ordenei.
- Mas...
Olhei nos seus olhos, e pude ver ela estender o olhar até a faca cravada na parede desde o dia anterior.
- Ok.
O medo é uma passagem só de ida para o inferno, e eu também.
Ela saiu do banheiro e nem parecia que tinha trepado a noite toda. Que gracinha.
- Vá, coloque sua máscara de dama recatada que não passou a noite dando pra mim.
- Cale a boca. – Respondeu com a cara fechada.
Sorri, e antes que ela pudesse fazer algo, a segurei no colo, e abri a porta do comércio.
Levei a menina, que agora fingia um desmaio, enquanto suas bochechas rosavam pelo contato próximo ao meu corpo, não tão próximo quanto antes, haha.
As pessoas me encaravam assustadas, e eu podia ouvir de vez em quanto alguns sussurrarem "Ele a matou", e entrarem apressadas em casa com rostos horrorizados.
- Emannuel – Gritei próximo a uma construção branca. – Ela desmaiou de novo. – Gritei novamente.
O médico, baixo de pele e cabelos escuros saiu do hospital, as pressas, olhou pra minha cara, e disse preocupado:
- Deu o remédio que passei à ela?
Assenti, fingindo preocupação.
- Desmaiar duas vezes em um curto período de tempo não é normal, vamos entre.
Olhei para uma dama que olhava o corpo em meus braços com... inveja? Presumi que sim. E disse:
- Chame a família dela, devem estar preocupados.
Quando a jovem sorriu e saiu, entrei na antiga construção com Emannuel.
- Ela desmaiou na minha loja, te chamei e você cuidou dela, deixou o remédio em minhas mãos para continuar administrando e retornou as obrigações médicas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Inimigo Do Tempo
Romance🔞 Recomendado para maiores de 18 anos 🔞 Um pega pega mental. Uma sequência racional, lógica, calculista, que tem como único objetivo abalar sua estabilidade, te incomodar. Quanto você aguenta? Eu adoraria me apresentar, e revelar meus desejos ma...