Caminhei no corredor, até uma porta que indicava ser o quarto da jornalista, pelo "tec tec" incessante, imaginei que estava certo, e que neste momento em sua máquina de escrever ela relatava o mais novo acontecimento notório da vila. O que também é um puta fato estranho, quem levaria uma máquina de escrever para um baile? Bati na porta. Nada.Outra vez. Ouvi passos se aproximarem, e então, lentamente a porta abriu, colocando aqueles olhos sobrepostos em um óculos redondo e vintage de frente aos meus, frios e sem vida.
A jovem fechou a porta na minha cara.
- Não faz isso, Helena. Vamos conversar?
Ouvi o trinco da porta girar.
- Helena, eu sei quem matou seu pai. -Disse.
Silêncio. Seguido pela porta sendo destrancada. A menina agora, com olhos vermelhos, dizia baixo, tão baixo que eu agradeci mentalmente.
- Você matou meu pai.
Sim. Pensei.
- Claro que não Helena, eu jamais faria isso.
Dei um passo adiante na porta, e Helena, recuou para o quarto.
-Posso entrar? Questionei.
Ela negou com a cabeça.
- Por favor, me deixe entrar, deixa eu ajudar você a esclarecer tudo.
Hesitação, novamente. Helena se aproximou de mim, perto demais, e então puxou o charuto do meu bolso.
- Como isto está com você?
- Edgar me entregou quando nos vimos no bar, ele estava me devendo uma quantia pelo ultimo lote, e decidiu que me pagaria com esse charuto, eu achei uma troca justa e o aceitei.
- Meu pai não bebia. -Ela disse logo em seguida.
- Não publicamente, você quis dizer. - Corrigi. - Além disso, Edgar gostava de fazer outras coisas além de beber no bar, você sabe, tinha um cara que ele gostava de visitar e de..
A jovem agora balançava a cabeça, se lembrara de algo nada confortável, eu imagino.
- Sei quem o matou, Helena, posso ajudar você.
Segurei a mão da jovem em meu peito, onde repousava o charuto, e com a outra mão acariciei seu rosto:
- Vamos pegá-lo, Helena, juntos. E então delatá-lo em seu jornal, deixe que a vila destrua seu império antes mesmo de começar.
- O que você quer dizer com isso, Ashkore?
- Quero dizer que podemos acabar com o novo prodígio da vila, o único que teria motivo para acabar com a vida de seu pai.
- Você tinha motivo para acabar com ele, Duque. Isso aconteceu após a publicação da notícia sobre você e sua amante.
- Helena. - Coloquei a mão no rosto em um gesto que beirava a drmaticidade - Qual seria o sentido eu fazer isso, e logo após, dançar com Emilè em público, provando que o jornal estava correto o tempo todo.
- Nenhum... - Ela concordou.
- A única pessoa que poderia se incomodar com aquilo, já que precisa de uma reputação perfeita agora que assumiu os negócios do pai... e não pode ser noticiado no jornal como irmão da garota que sai com um traficante...
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Inimigo Do Tempo
Romance🔞 Recomendado para maiores de 18 anos 🔞 Um pega pega mental. Uma sequência racional, lógica, calculista, que tem como único objetivo abalar sua estabilidade, te incomodar. Quanto você aguenta? Eu adoraria me apresentar, e revelar meus desejos ma...