XII

22 5 0
                                    

Caminhei no corredor, até uma porta que indicava ser o quarto da jornalista, pelo "tec tec" incessante, imaginei que estava certo, e que neste momento em sua máquina de escrever ela relatava o mais novo acontecimento notório da vila. O que também é um puta fato estranho, quem levaria uma máquina de escrever para um baile? Bati na porta. Nada.Outra vez. Ouvi passos se aproximarem, e então, lentamente a porta abriu, colocando aqueles olhos sobrepostos em um óculos redondo e vintage de frente aos meus, frios e sem vida.

A jovem fechou a porta na minha cara.

- Não faz isso, Helena. Vamos conversar?

Ouvi o trinco da porta girar.

- Helena, eu sei quem matou seu pai. -Disse.

Silêncio. Seguido pela porta sendo destrancada. A menina agora, com olhos vermelhos, dizia baixo, tão baixo que eu agradeci mentalmente.

- Você matou meu pai.

Sim. Pensei. 

- Claro que não Helena, eu jamais faria isso.

Dei um passo adiante na porta, e Helena, recuou para o quarto.

-Posso entrar? Questionei.

Ela negou com a cabeça.

- Por favor, me deixe entrar, deixa eu ajudar você a esclarecer tudo.

Hesitação, novamente. Helena se aproximou de mim, perto demais, e então puxou o charuto do meu bolso.

- Como isto está com você?

- Edgar me entregou quando nos vimos no bar, ele estava me devendo uma quantia pelo ultimo lote, e decidiu que me pagaria com esse charuto, eu achei uma troca justa e o aceitei.

- Meu pai não bebia. -Ela disse logo em seguida.

- Não publicamente, você quis dizer. - Corrigi. - Além disso, Edgar gostava de fazer outras coisas além de beber no bar, você sabe, tinha um cara que ele gostava de visitar e de..

A jovem agora balançava a cabeça, se lembrara de algo nada confortável, eu imagino.

- Sei quem o matou, Helena, posso ajudar você.

Segurei a mão da jovem em meu peito, onde repousava o charuto, e com a outra mão acariciei seu rosto:

- Vamos pegá-lo, Helena, juntos.  E então delatá-lo em seu jornal, deixe que a vila destrua seu império antes mesmo de começar.


- O que você quer dizer com isso, Ashkore?


- Quero dizer que podemos acabar com o novo prodígio da vila, o único que teria motivo para acabar com a vida de seu pai.


- Você tinha motivo para acabar com ele, Duque. Isso aconteceu após a publicação da notícia sobre você e sua amante.


- Helena. - Coloquei a mão no rosto em um gesto que beirava a drmaticidade - Qual seria o sentido eu fazer isso, e logo após, dançar com Emilè em público, provando que o jornal estava correto o tempo todo. 

- Nenhum... - Ela concordou.

- A única pessoa que poderia se incomodar com aquilo, já que precisa de uma reputação perfeita agora que assumiu os negócios do pai... e não pode ser noticiado no jornal como irmão da garota que sai com um traficante...

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 01 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O Inimigo Do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora