Introdução

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Soluço reclamava enquanto seu pai o arrastava até o Grande Salão. A alguns minutos atrás o garoto havia anunciado para a vila inteira que estava treinando um dragão, mas não qualquer dragão, era um Fúria da Noite. Agora, Soluço se preparava para receber a maior bronca de sua vida:

- Soluço! No que você estava pensando?! Como ousa trazer aquele monstro para dentro da nossa vila?! Colocou os outros em perigo!

- Pai se você ao menos pudesse me escutar...eles não são como a gente pensava...

- Já chega Soluço! Eles mataram centenas dos nossos!

- E NÓS MATAMOS MILHARES DELES!

Naquele momento, a raiva de Soluço era maior que o medo. Ele simplesmente não se permitiria perder seu melhor amigo. A única coisa que passava por sua cabeça era que, em algum lugar ali por perto, Banguela estava preso em correntes tentando desesperadamente fugir. Ele sentiu os pelos do corpo se arrepiarem quando Estoico se aproximou, mas continuou com a expressão séria:

-  Soluço...a escolha é sua. Nós, a sua tribo e a sua família, ou eles?

A ênfase que Estoico havia dado a palavra "família" fez o coração de Soluço se contrair. Ele não poderia dizer a resposta em voz alta, então deixou o silêncio responder por ele.

Quando Estoico percebeu que seu filho preferia uma besta alada ao próprio pai, sentiu uma raiva inexplicável crescer dentro de si, fazendo-o agir por impulso:

- Soluço Haddock III, eu agora o exilo de Berk. Você nunca mais poderá voltar e, se caso o fizer, será sentenciado a morte.

Soluço arregalou os olhos e suas pernas vacilaram por um instante. Como seu próprio pai poderia declará-lo ao exilio? Naquele momento a sua vontade era de sair correndo e deixar o homem grande e ruivo sozinho no salão, mas Estoico foi mais rápido:

- Você não é um viking Soluço. Não sei como pode ser meu filho.

Estoico saiu deixando o filho sozinho no salão frio. Soluço queria ir para casa e se encolher no chão e chorar. Mas ele não tinha mais casa, não em Berk. Soluço precisava ir embora o mais rápido possível...e levaria Banguela consigo.



Soluço andava silenciosamente pelos estábulos onde Bocão aprisionava os dragões que usava nos treinos. Em alguma daquelas celas escuras e apertadas, Banguela encontrava-se amarrado com correntes, e Soluço precisava tirá-lo dali o mais rápido possível.

Enquanto procurava por seu amigo, Soluço examinava todas as celas. Nelas haviam os mais variados tipos de dragão. Enquanto passava por eles, Soluço se lembrava dos nomes e características de cada um:

Pesadelo Monstruoso, classe Brasa, capacidade de se encendiar.

Nadder Mortal, classe afiada, tem a habilidade de atirar espinhos.

Ziper Arrepiante, classe mistério, duas cabeças, uma solta gás e a outra a faísca.

Quando Soluço chegou no final do corredor foi que avistou Banguela dormindo na última cela, ou talvez estivesse desmaiado:

- Vamos amigão. Eu vou te tirar daqui.

Soluço soltou as correntes, o que fez o dragão acordar. Quando Banguela viu o garoto, abriu um sorriso sem dentes e gruniu feliz:

-Shhh! Precisamos ficar quietos, se não vamos acordar os outros dragões!

Soluço empurrava Banguela para fora da cela tomando cuidado para não fazer nenhum barulho. Ele colocou no dragão a sela que havia trazido consigo e montou nele, mas antes que pudesse sair voando, virou de costas. Soluço encarava os outros dragões presos e percebeu que não seria capaz de deixá-los ali.

Dragon Soul ( Como Treinar seu Dragão)Onde histórias criam vida. Descubra agora