Vikings não tem coração

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Enquanto encarava Soluço, Astrid tentava organizar seus pensamentos...que estavam um caos.
Era o mínimo de se esperar de alguém que acabara de reencontrar o melhor amigo depois de 5 anos (e ainda descobre que ele monta dragões e ataca vilas).

O que mais perturbava Astrid, no entanto, era pensar que Soluço esteve perto por todos esses anos. Todas as vezes em que Berk era atacada ele estava lá liderando os dragões.

Aquilo era muita coisa para se digerir mas, ao mesmo tempo, tudo fazia sentido. Ela nunca soube, de fato, o porquê de Soluço ter sido exilado; e se juntar aos maiores inimigos dos vikings parecia um bom motivo. Porém, pensar que alguém pudesse considerar os dragões criaturas do bem parecia tão absurdo quanto a ideia de um viking montar em um.

Enquanto lutava uma guerra mental com os próprios pensamento, a garota deixou a lâmina afrouxar no pescoço de Soluço:

- O-o que aconteceu com você? Onde você esteve por todos esses anos? E por que diabos você estava montado em um Fúria da Noite?!

- Calma Milady, por que não nos sentamos e conversamos? Prometo tirar todas as suas dúvidas, mas primeiro tire a minha faca do meu pescoço, por favor.

Astrid obedeceu e deu um passo para trás, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, um vulto negro e enorme se jogou por cima dela, fazendo-a rolar na grama.

Quando atingiu o chão, Astrid percebeu que estava debaixo do Fúria da Noite que rosnava para ela. Os olhos verdes da criatura nunca haviam sido tão assustadores, os reflexos verde claro deixavam nítido seu desejo sanguinário de matar qualquer um que visse pela frente. A saliva escorrendo de sua boca tornava o momento ainda mais assustador.

Aquele provavelmete era o fim para a loira. Como ela foi burra em confiar em alguém que está do lado inimigo. Soluço e ela não eram mais amigos, eram rivais. Eles estavam em lados diferentes da mesma guerra, e ela teria que aprender a conviver com essa nova realidade.

Antes que o dragão pudesse arrancar sua cabeça, Astrid ouviu o garoto gritar e correr na direção deles:

- Banguela, não! - Soluço disse enquanto puxava o dragão para longe de Astrid - Calma amigão, ela não é do mau...eu acho.

- Como assim você acha?! Não sou eu que estou liderando um exército de bestas aladas sanguinárias!

O garoto arregalou os olhos e levou a mão ao peito como se estivesse ofendido:

- Ei! Cuidado com o que você diz! O Banguela é sensível! Aliás, Astrid, Banguela; Banguela, Astrid. - apresentou Soluço.

Os instintos de Astrid mandavam ela correr para o mais longe possível e avisar aos outros o que havia visto. Mas suas pernas a traíram e ela permaneceu parada:

- Olha, nada contra você mas agora que você me viu, não posso arriscar que você conte para toda Berk. Não é nada pessoal, espero que você entenda. - disse Soluço com calma.

- Você vai me matar?!

- O quê? Claro que não! Eu não sou um monstro. Esse é sempre o último recurso. Mas não posso deixar que você volte para lá.

Astrid olhou mais uma vez para o dragão, aquela era a hora de fugir. Antes que pudesse pensar demais e reconsiderar qualquer decisão estúpida, Astrid saiu correndo em direção a Berk:

- Correr é inútil! - gritou Soluço antes de montar calmamente em Banguela e sair voando atrás da garota.

Enquanto voava próximo das árvores, Soluço seguia Astrid com o olhar enquanto se divertia com a determinação da garota em fugir, como se fosse realmente adiantar de alguma coisa.

Dragon Soul ( Como Treinar seu Dragão)Onde histórias criam vida. Descubra agora