Tal pai, tal filho

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Cinco dias.

Já faziam exatos cinco dias desde que Astrid vira Soluço pela última vez. Cinco dias desde que seus amigos a haviam resgatado das garras do "terrível domador de dragões" que atacava Berk. Cinco dias desde que os berkianos haviam melhorado suas defesas para futuros ataques, e exatos cinco dias desde a última vez que qualquer um deles havia avistado um dragão.

Não demorou muito para a notícia de que um garoto estava por trás dos ataques de dragão se espalhasse por Berk. Afinal, a ilha era um lugar pequeno e seu povo era bem fofoqueiro. Mas mesmo assim, Astrid estava fazendo um ótimo trabalho escondendo a identidade do "Menino Dragão" (como havia ficado popularmente conhecido pelos habitantes de Berk). Ninguém parecia suspeitar que ele era o filho exilado do chefe. A teoria mais comum entre os berkianos, na verdade, era de que o "Menino Dragão" era um tipo de elfo poderoso que havia sido enviado por Loki para perturbar os vikings.

Embora as teorias malucas (a maioria tendo sido espalhada pelos gêmeos) parecessem estar distraindo todos do que realmente estava acontecendo, Astrid sabia que precisava pensar em uma história convincente o mais rápido possível. Afinal, aquele seria o dia da sua conferência com Estoico, o Imenso; ninguém mais, ninguém menos, que o chefe de Berk.

Enquanto se arrumava pra sua conferência, Astrid ousou fazer a si mesma uma pergunta que ela temia saber a resposta.

Por que proteger Soluço?

Ele havia voado para longe com seus dragões, havia atacado o povo ao qual ela pertencia pelos últimos cinco anos, e principalmente, ela sabia que suas chances de adquirir a confiança do garoto e lutar ao lado dele eram inexistentes.

Mas no fundo, por mais que tivesse medo de admitir para si mesma, Astrid sabia a resposta. Ela sabia porque sempre iria optar por estar do lado de Soluço e porque nunca esquecera da amizade deles, mesmo depois de anos.

Astrid respirou fundo, interrompendo os próprios pensamentos. Ela encarava o próprio reflexo na lâmina brilhosa de seu machado, se certificando de que não havia nenhum fio loiro fora do lugar em sua trança e garantindo que seus olhos não transmitiam nenhum tipo de nervosismo. Quando olhava para si mesma, Astrid via o que sempre se dedicava para ser: uma guerreira forte, confiante e, talvez, um pouco perigosa.

Ela sorriu para o reflexo e andou de cabeça erguida até a porta da frente, onde, do lado de fora, encontrou um viking ansioso lhe esperando:

- Astrid! Eu estava prestes a te chamar para a nossa reunião com Estoico!

- Perna-de-peixe? O quê você está fazendo aqui?

- Eu vim te acompanhar até o Grande Salão e... se você não se importar, eu gostaria de participar da reunião.

Os dois começaram a andar em direção ao centro da vila, onde Estoico esperava por eles:

- C-claro que você pode participar. Mas por quê, exatamente, você quer participar?

O olhar de Perna-de-peixe se desviou para o chão e seus dedos começaram a tamborilar uns nos outros, inquietos:

- Olha, eu sei que vai parecer estranho... Mas eu tenho a sensação de que... o "Menino Dragão"... eu já vi ele antes. Só não sei onde.

Astrid engoliu em seco, seu coração começou a bater mais alto em seu peito e ela tinha certeza de que estava começando a suar:

- É... mu-muito estranho. Você deve ter sonhado ou..

- Não! - cortou-lhe Perna-de-peixe - Eu sei que não faz sentido, mas quando ele tirou a máscara na clareira aquele dia, eu senti que o conhecia. Eu sei que o conheço. Mas não consigo lembra quem ele é.

Dragon Soul ( Como Treinar seu Dragão)Onde histórias criam vida. Descubra agora